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Subject: "Economics" - uma designação aberrante e anti-Marx


Author:
Guilherme da Fonseca Statter
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Date Posted: 11/03/08 13:24:47

A palavra "Economics" utilizada para designar a disciplina científica que se propõe estudar os "comos" e os "porquês" da produção e distribuição de bens e serviços mercantis, foi introduzida no vocabulário da Língua Inglesa pelo senhor Alfred Marshall em 1890.
Os Volumes 2 e 3 de O Capital foram publicados em 1885 e 1894, estando já em marcha a (contra) "revolução" marginalista, de que Alfred Marx é aliás um dos expoentes mais conhecidos.
Em Português a designação não pegou. Tanto quanto eu saiba, ninguém se lembrou de traduzir "Economics" por "Económica", tal como se fizera com "Physics" que naturalmente se traduzira por "Física". Mas o resto, a ideologia subjacente, ganhou profundas raízes como aliás no resto do planeta. Em França (!...) ainda se vêm alguns livros com a designação "L'Économique" para designar o estudo dos fenómenos relativos à produção e distribuição dos bens e serviços mercantis. Quanto a outros idiomas, confesso a minha ignorância mas, considerando que o Inglês se tornou numa espécie de Latim dos tempos modernos e que todos os congressos e conferências internacionais sobre questões da análise económica têm sempre o Inglês como idioma de trabalho, é caso para dizer que "de ideologia estamos muito bem servidos".
Até Karl Marx toda a reflexão, estudo e análise das questões da produção e distribuição (ou repartição) das riquezas produzidas era feita no âmbito de uma disciplina a que muito avisadamente se chamava de Economia Política. Curiosamente era essa a designação de uma das disciplinas do antigo Curso Geral de Comércio das nossas antigas Escolas Comerciais (anos Cinquenta do século XX). Até Karl Marx toda a reflexão, estudo e análise das referidas questões era elaborada na premissa muito sensata de que se tratava de questões relativas ao comportamento de sociedades humanas, com uma História e ocupando um Território. A Economia Política era assim normal e naturalmente considerada como sendo uma ciência social e histórica.
No plano de intervenção política, não é credível que as elites mais conscientes não tomassem consciência das múltiplas consequências da continuidade do paradigma histórico-social em análise económica. Depois dos trabalhos de Marx (convém lembrar que o subtítulo da sua obra magna "O Capital" era justamente "Uma Crítica da Economia Política") adivinhavam-se claramente as possíveis consequências sociais e políticas.
É assim que na Alemanha o Chanceler Bismarck dá início a uma espécie de "Estado Social" e é também na Alemanha que nasce a "Escola Histórica" em análise económica e surgem também ali os "Socialistas de Cátedra" de que falavam Marx e Engels.
Neste contexto não será certamente exagerado, e sem entrar numa de "teorias da conspiração", pensar que a mudança de designação, de "Political Economy" para "Economics" foi um achado extremamente útil para a ideologia que pretende negar o caracter histórico e circunstancial dos fenómenos económicos.
É assim que, ao longo de mais de um século, se tem vindo a inculcar na mente de centenas de milhares de jovens "economistas" a ideia aberrante de que a "Economics" é uma espécie de "Física dos fenómenos mercantis".
Não há aí lugar para o tempo histórico e, tal como na Física, as experiências podem-se repetir e aquilo que aconteceu na Inglaterra dos fins do século XVIII - a Revolução Industrial - pode perfeitamente vir a repetir-se na Nigéria ou na Colômbia no século XXI.
Não dá para acreditar, mas as teorias da modernização e o discurso "politicamente correcto" dos funcionários do Banco Mundial e do FMI vão - continuam a ir - todos nesse sentido. E é assim que, ao longo de décadas, se têm malbaratado biliões de euros de "ajuda" internacional.
É por isso que vai havendo alguns protestos da parte de muitos estudantes por esse mundo fora, contra a forma e o método de estudo da "Economia".
A ver vamos...

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