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Subject: Irão, o euro e o dólar


Author:
Michael R. Krätke
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Date Posted: 8/12/07 10:51:11

Sexta-feira, 7 de Dezembro de 2007
Irão, o euro e o dólar
Há poucos dias, a República Islâmica do Irão cumpriu a sua ameaça: não se aceitam dólares, e todas as transacções económicas externas do país passam a fazer-se em euros ou em ienes. Já desde Setembro, uma boa parte das exportações petrolíferas iranianas não se efectuavam em dólares, mas sim em ienes: o Japão é, de longe, o principal importador de petróleo iraniano, sendo o Irão o terceiro fornecedor dessa potência pacífica. Agora, também os parceiros comerciais europeus e asiáticos do terceiro exportador mundial de petróleo têm de aceitar que Teerão já não recebe a moeda dos Estados Unidos.
O Banco Central iraniano propõe-se aligeirar a sua reserva de dólares, até deixá-la abaixo dos 20% (e possivelmente irá mais longe, até substituí-los completamente por euros ou ienes). É verdade que o depósito iraniano de dólares apenas soma 60 mil milhões, mas isso – lançado no mercado – bastaria para acelerar o declive do dólar. O passo seguinte, já anunciado muitas vezes, parace ser apenas uma questão de tempo: a abertura de um mercado de valores petrolíferos iraniano, no qual só se negociará em euros. Até agora, há duas bolsas de renome associadas a este negócio, a NYMEX de Nova Iorque e a londrina IPE (International Petroleum Exchange); ambas pertencem a empresas norte-americanas, e em ambas se negoceia com dólares. Se aparecer uma bolsa petrolífera iraniana, o grosso dos importadores europeus e asiáticos lançar-se-iam de cabeça a ela imediatamente. Seria um novo revés para a posição predominante do dólar.
As consequências são claras. Qualquer um poderia então comprar petróleo em euros, os europeus, os chineses e os japoneses desvincular-se-iam da cambaleante moeda, os preços do petróleo serenavam. Os bancos centrais asiáticos poderiam reduzir drasticamente as suas reservas de dólares, permanentemente ameaçadas de desvalorização.
O poderio mundial dos EUA baseia-se no seu mega-poder militar e num regime monetário mundial, através do qual a moeda dos Estados Unidos reina de facto como o dinheiro do mundo: quase 80% do comércio mundial e 100% do comércio petrolífero mundial fazia-se até há pouco tempo em dólares (5 mil e quinhentos milhões diários, 1,5 mil milhões por ano), e os mercados financeiros do mundo são também predominantemente mercados de dólares. Está fora de discussão: o sistema do petro-dólar, em vigor há 40 anos e já muito rodado, é um dos pilares deste regime. Centenas de milhares de milhões flúem anualmente para os EUA, procedentes dos ganhos dos exportadores do petróleo. Com os petro-dólares, estas mega-empresas compram valores americanos – sobretudo dívida pública norte-americana – e financiam assim o gigantesco défice da balança da conta corrente e do orçamento dos Estados Unidos. Bastaria que uns quantos grandes exportadores de petróleo passassem do dólar para o euro (ou para o iene), para o sistema descarrilar.
Os EUA têm por isso todos os motivos para temer um efeito dominó: outros países exportadores de petróleo poderiam seguir o exemplo do Irão; na Venezuela, Rússia e Noruega, dizer adeus ao dólar já é algo praticamente decidido. A acção iraniana oferece uma bem-vinda oportunidade para o fazer. A Arábia Saudita especulou em voz alta várias vezes sobre o assunto, garantindo assim êxitos diplomáticos na disputa com o grande irmão norte-americano. Também a França se comprometeu oficialmente a favor de um papel mais forte do euro no negócio petrolífero internacional. Ainda durante o regime de Saddam Hussein, o Iraque mudou as suas contas do comércio petrolífero dos dólares para os euros (depois da conquista do país, em Abril de 2003, isso foi imediatamente corrigido).

A iniciativa iraniana revela aos americanos sobretudo uma coisa: a fuga do dólar já começou irreversivelmente. Na Ásia, na América Latina e no Médio Oriente há países que procuram romper a vinculação das suas moedas ao dólar. Cada vez menos bancos centrais fora dos EUA estão dispostos a, e em situação de, segurar o dólar à custa das suas próprias economias.

A guerra das sanções contra a pretensa potência atómica iraniana será agora, depois da decisão de Teerão, mais discutível do que nunca. Os EUA estão agora forçados a fazer a sua jogada, e o governo de Bush não se caracteriza pelas suas jogadas inteligentes. Depois das sanções vem a opção da guerra quente. Já que o Irão não capitula, e enfrenta a política de sanções dos Estados Unidos com meios económicos legítimos, é previsível uma escalada. É na preponderância do dólar que se baseia a capacidade militar dos EUA para pagar, quando lhes parece necessário, o crédito de guerras que já nem o estado norte-americano nem a sua economia o permitem. O Império irá contra-atacar, a pergunta é como e quando.

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