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Subject: Estudantes derrotam Chávez


Author:
Daniel Lozano
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Date Posted: 8/12/07 14:11:26
In reply to: Atilio Borón 's message, "Dialéctica de uma derrota" on 8/12/07 12:32:42

Em nove anos, Hugo Chávez teve dez vitórias eleitorais e a oposição ficou reduzida e dividida. Mas, no último domingo, aconteceu uma surpresa, quando o líder bolivariano quis referendar uma Constituição que o perpetuasse no poder e conduzisse a Venezuela ao paraíso socialista prometido. Esta surpresa foi quase um milagre para muitos venezuelanos. O comandante Chávez tinha ignorado, durante meses - e até na noite eleitoral de 2 de Dezembro - um movimento rebelde. E, por isso, perdeu a contenda eleitoral apesar do barril de petróleo rondar os $100, e de o Presidente ter um controlo absoluto sobre os diversos poderes do Estado.

Os universitários rebeldes derrotaram o invencível Chávez. Os “filhos do papá” ou estudantes “burgueses” - como tantas vezes repetiu o comandante - demonstraram tanta agilidade nas ruas como astúcia na política. Os revolucionários da Universidade devolveram a esperança à classe média, que se sente desprezada e perseguida e receia pelo seu futuro.

Cinco jovens, na casa dos 20, passaram a fazer parte da História deste país. O tempo dirá se foi de forma precipitada. Ou não. Yon Goicoechea, filho de um basco emigrado para a Venezuela, impressiona pela sua força e envergadura. Já disse que quer ser presidente. Tem apenas 23 anos. Stalin González, filho de guerrilheiro e antigo militante do Bandera Roja, representa a ala mais progressista do movimento. Destaca-se pela sua firmeza. Freddy Guevara parece um menino. Mas não é. Deixou por momentos o teclado da sua banda de rock, Systaltic, para se atirar à vida, que temeu perder em alguns momentos durante a noite eleitoral. Ricardo Sánchez é capaz de falar tanto como Chávez. Chamam-lhe o Tasmânia (“como o demónio”), porque tem cara de malandro. E Juan Andrés Mejías transporta essa quota de sonhador que todo o movimento deve ter.



Barricada à entrada da Universidade Metropolitana de Caracas

À cabeça de milhares de universitários de todo o país, ligados aos seus «blackberrys», comunicando entre si através do Messenger e pelos SMS dos telemóveis, trocando informações na Net, lideraram a revolta da classe média. Primeiro, na rua. “Sabemos identificar os diversos gases lacrimogéneos que nos lançam”, recorda Freddy Guevara ao Expresso num centro comercial de Caracas, entre os agradecimentos e as felicitações das pessoas com que se vai cruzando; a empregada de caixa da cafetaria aproveita para lhe dar o seu número de telefone. “Um ataca-nos os olhos; outro sufoca-nos o peito, terrível; outro faz-nos vomitar... E finalmente há o trifásico, como lhe chamamos, porque provoca os três efeitos”.

Depois, na arena política, protagonizando discursos e injectando frescura à anquilosada oposição. Liderando inclusivamente o desfile de multidões que quatro dias antes do plebiscito encheu a avenida da capital mais simbólica para os chavistas.

E na tensa noite eleitoral, quando os rumores começaram a circular. O Governo atrasava o veredicto final. E os estudantes começaram a resistir na rua. Mas não era preciso. Nenhum deles pestanejou até que Chávez reconheceu com relutância a derrota. Stalin González tentava avaliar o momento histórico. Pensativo, afastado da festa que explodiu quando os resultados se tornaram públicos. “Não trabalhámos em vão”, reconfortava-se a si mesmo, enquanto a Mejías a alegria lhe desarticulava o maxilar. Jon Goicoechea minutos depois mostrava-se patriótico: “Comprometemo-nos a estender a mão à outra parte do país que não nos ouvia. Com a nossa honestidade, integridade, inteligência...”.



Comemoração estudantil na noite da derrota de Chávez

Os analistas políticos coincidiram ao dizer que este movimento jovem, aliado à indiferença de três milhões de venezuelanos que tinham votado em Chávez um ano antes e que agora tinham decidido abster-se, mudou a História do país. O grande erro de Chávez foi menosprezar este movimento num país onde quase 60% da população tem menos de 28 anos e cerca de 25% são estudantes.

Uma derrota “por agora”, como disse Chávez na sua primeira alocução. Ou uma vitória de “merda”, como repetiu em quatro ocasiões durante um encontro com militares. O líder revolucionário deu mostras evidentes de que não gosta de perder. Nos seus círculos mais chegados discutem-se diversas artimanhas para voltar a submeter a sua reforma à população antes de terminar o seu mandato, em 2012.

“Que o faça, nós vamos ficar atentos. O povo disse-lhe que não. E voltará a repeti-lo”. Freddy Guevara não quer que ninguém lhe interrompa o seu romance com a História. Na passada quarta-feira voltou às aulas. “E foi meio estranho. Há seis meses a minha preocupação era qual o filme que ia ver. Ou sair com a minha namorada. E agora vejo-me a falar com os militares, com o Conselho Nacional Eleitoral...”.

Assediados pelos meios de informação, aclamados na rua, parecem mais reis do rock do que líderes estudantis. Mas a História escreve-se de outra forma na Venezuela. Uns jovenzitos derrubaram o Presidente todo-poderoso, apoiados na força e na alegria do seu hino: “Quem somos? Estudantes! Que queremos? Liberdade!”.

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