| Subject: Estamos no século XVII |
Author:
Fernando Redondo
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Date Posted: 11:26:41 12/27/03 Sat
In reply to:
Ângelo Novo
's message, "Re: Projectos Cooperativos" on 13:55:28 12/26/03 Fri
Caro Ângelo Novo,
Aqui vão alguns esclarecimentos da nossa posição para, pelo menos, evitarmos discutir sobre deficiente interpretações:
1. Quando defendemos que está a emergir o Digitalismo não temos qualquer ilusão de que esse novo modo de produção esteja isento de exploração. Dizemos apenas que já não será Capitalismo. Quando diz “quando falei em empresários, não tinha em vista capitalistas em sentido tradicional (patrões ou dirigentes de sociedades)” vem ao nosso encontro pois reconhece que estes “empresários” não correspondem ao paradigma marxista.
2. Não se trata de “empresas cooperativas” mas sim de projectos, ou seja, quando terminam cada um vai à sua vida (no teatro, como em outras áreas artísticas, já não passa pela cabeça de ninguém ter assalariados). Por isso, com sucesso ou sem sucesso, estas pequenas iniciativas não obedecem ao princípio da concentração capitalista.
3. Como já deve saber eu rejeito a ideia marxista do trabalho produtivo e improdutivo que reduz a maior parte dos trabalhadores actuais a comparsas dos capitalistas. Isso não nos leva a parte nenhuma. Como defino mais valia de outra forma também não aceito a ideia de uns sectores parasitarem a mais valia produzida por outros. Penso aliás que essa tese foi um recurso de Marx para explicar o inexplicável.
4. Concordo quando diz: “Eu acredito que a experiência cooperativa pode ser aprofundada e disseminada, como você diz. Mas não acredito que, numa sociedade capitalista, ela se generalize.” A diferença é que eu penso que o Capitalismo já está a ser substituído embora numa fase muito primária. Costumo dizer, por analogia com a transição do Feudalismo para o Capitalismo, que nos encontramos no equivalente do século XVII , na fase inicial das manufacturas.
5. Quanto à tomada do poder claro que estou de acordo mas é um erro fatal pensar que dessa forma se pode mudar o modo de produção, é nada ter percebido dos ensinamentos de Marx. Essa é a grande lição da experiência soviética.
Um abraço
Fernando Redondo
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