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Subject: Os pareceres de Heinz Dieterich


Author:
Juan M. Diaz
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Date Posted: 21:18:49 07/06/04 Tue

Os pareceres de Heinz Dieterich
por Juan M. Diaz

Não é necessário apresentar Heinz Dieterich como intelectual de esquerda, já que é sobejamente conhecido, tem livros publicados, visita a Venezuela frequentemente e escreve de forma sistemática sobre o processo revolucionário venezuelano.

Não há muito tempo apareceu o seu último artigo sobre a Venezuela, intitulado “Perigo Mortal na Venezuela”. Pretende ser uma mescla de “alerta – crítica – conselhos” para os revolucionários venezuelanos. Agradecemos as boas intenções do autor. No entanto não partilhamos, nem a essência deste trabalho, nem muitas das afirmações e teses deste artigo. Antes de emitir qualquer juízo analisemos objectivamente uma peculiaridade deste artigo de apenas duas folhas e meia A4, limitemo-nos simplesmente a registar como neste pequeno espaço, por um lado se associa o conceito de DERROTA com o Processo Bolivariano e os Bolivarianos, e por outro, o conceito de TRIUNFO com as forças do imperialismo.

DERROTA – PROCESSO BOLIVARIANO

- Parágrafo 1. “...possível perda do poder pelas forças bolivarianas.” – “Tal perda...”
- Parágrafo 4. “Perder esta batalha significa perder a guerra.” - “Significa, perder tudo.”
“a liquidação do processo bolivariano seria o fim de toda a intenção de...”
- Parágrafo 5. “A derrota seria equivalente...” – “...o fim do potencial progressista...”
- Parágrafo 6. “Para evitar uma eventual derrota...” – “equipa que levou... ao desastre actual e que ficou totalmente desacreditada...”
- Parágrafo 7. “Independentemente de que tenham produzido a calamidade...” – “é imperdoável que um dos estados mais ricos da América Latina... não tenha podido derrotar uma direita golpista e demagógica, debilitada...”
- Parágrafo 8. “Esse fracasso aponta o principal tendão de Aquiles do processo bolivariano: a insuficiência...”
- Parágrafo 9. “Parte deste quadro humano derrotista é o triunfalismo que não se pôde vencer nas fileiras bolivarianas.” – era impossível penetrar o muro de triunfalismo e individualismo imperante nas altas esferas do processo...”
- Parágrafo 10. “O fracasso na “bolivarização” das forças sindicais é outro exemplo...” – “lançou-se uma campanha improvisada que foi derrotada pelo sindicalismo corrupto...” “erro grave que se pagou...”
- Parágrafo 13. “...A popularidade actual do Presidente não confere nenhuma segurança para o futuro...”
- Parágrafo 14. “A ideia da singularidade histórica... tem um efeito derrotista complementar...”
- Parágrafo 26. Para não chegar a este momento de extrema desolação para todos os patriotas e revolucionários latino-americanos...”
- Parágrafo 27. “Não se pode improvisar esta batalha decisiva, porque se se perde, perde-se o futuro da Pátria Grande.”

Temos assim que, ao longo deste pequeno artigo, o processo bolivariano fica sistematicamente associado com: perda de poder, perda, perder, liquidação, derrota, desastre, calamidade, imperdoável, fracasso, tendão de Aquiles, erro grave, nenhuma segurança, efeito derrotista, extrema desolação, ingenuidades, triunfalismo, democratismos equívocos, artesanal...

Em momento algum se associa o processo ou os bolivarianos com vitória, mas antes com determinado triunfalismo que “tem efeito derrotista”. Será que o camarada Dieterich, apesar das suas constantes viagens à Venezuela, não conhece nenhuma vitória da Revolução Bolivariana? Como se explica então que tenhamos chegado até aqui? O seu artigo não explica este mistério.

Seguramente, poucas vezes tínhamos visto tanto derrotismo por “centímetro quadrado de artigo.”

ÊXITO – IMPERIALISMO

- Parágrafo 1. “A legalização do ardiloso referendo revogatório contra o Presidente Hugo Chavez – conduzido pela direita venezuelana... abre as portas para uma possível perda do poder pelas forças bolivarianas...”
Parágrafo 4. “Tal como a legalização do roubo eleitoral de George Bush pelo Supremo Tribunal de Justiça em Washington iniciou um processo de desgraça...”
Parágrafo 5. “A derrota seria equivalente ao triunfo da ALCA, do Plano Colômbia, da dolarização...”
Parágrafo 10. “...uma campanha que foi derrotada pelo sindicalismo corrupto da IV República...”
Parágrafo 18. “...Washington, conseguiu que os sandinistas perdessem o governo...”
Parágrafo 20. A porta voz do parlamento, Nina Burdhzanadze... substituída por uma campanha eleitoral perfeitamente concebida e financiada por Washington...”
Parágrafo 21. “...processo de triunfo eleitoral de Boris Yeltsin... a Casa Branca... enviou uma equipa gestores eleitorais que converteu a moribunda candidatura num sólido triunfo em Junho (!) do mesmo ano.”
Parágrafo 23. “...em apenas quatro meses obtiveram um resultado que um comovido Presidente Bill Clinton chamou “a consolidação do processo democrático na Rússia.”
Parágrafo 24. “Se a ... de Washington consegue repetir o êxito da Rússia e da Geórgia...”
Parágrafo 29. “...Os métodos da guerra suja que triunfaram na Rússia, Geórgia e Nicarágua...”

Neste trabalho o imperialismo não aparece associado com derrota e perder, mas com êxito, triunfo, resultado... Não conhece Dieterich nenhuma derrota do imperialismo ?

Finalmente temos a equação de Heinz Dieterich no próximo dia 15 de Agosto:

REVOLUÇÃO BOLIVARIANA (DERROTADA)
VERSUS IMPERIALISMO (TRIUNFANTE)

Frente a este quadro desolador e derrotista que nos apresenta o autor, pareceria que só nos restava, aos revolucionários bolivarianos, sentarmo-nos a chorar e admirar a invencibilidade do imperialismo.

MAS NÃO, a salvação existe. O camarada Dieterich deixa-nos uma porta de salvação, que seria possível, essa sim, se seguirmos os conselhos com que nos brinda o autor que, a partir do México, já sabe tudo o que temos de fazer, como por exemplo, que não sejamos “artesanais”, que empreguemos a “homeopatia eleitoral” e abundantes recursos, etc. Depois de termos sentido tanto medo, que alívio, devemos dizer-lhe “obrigado”.

OS CONSELHOS DO CAMARADA DIETERICH
E AS SUAS COINCIDÊNCIAS COM A OPOSIÇÃO

Não é a primeira vez que o camarada Dieterich aconselha a Revolução Bolivariana. Vejamos alguns deles:

No ano de 2001, Dieterich recomendava aos bolivarianos não aprovar a Lei das Terras já que isso era perigoso, pois podia pôr os latifundiários contra a Revolução Bolivariana. Então, na sua visita à Venezuela, dedicou-se a infundir medo aos bolivarianos e aos movimentos populares dizendo-nos que estava perto a arremetida da oligarquia contra a Revolução e que nos “cortariam a cabeça”.

Isso era exactamente o que queria a oposição: que sentíssemos medo e que não fosse aprovada a Lei das Terras. Se tivéssemos seguido o conselho, hoje o campesinato não estaria ao nosso lado em momento tão decisivo.

Nos acontecimentos do ano 2002, sobretudo durante e depois da “greve” geral e da sabotagem petrolífera, o camarada Dieterich aconselhava-nos naquele momento tão difícil a que aceitássemos as eleições gerais.

Essa era então o principal pedido da oposição: eleições gerais. Mas isso significava a violação da Constituição e felizmente o Governo Bolivariano manteve-se firme e disse que havia que respeitar a Constituição da República da Venezuela e que nela estava a saída da crise: o referendo revogatório presidencial. Mas a oposição não queria esperar, pois desejava aproveitar a situação económica da Venezuela e de caos que haviam criado, para aplicar na Venezuela uma variante da estratégia empregada na Nicarágua. Era aconselhável combater no campo definido pela oposição ou levá-la por fim para o nosso terreno em condições mais favoráveis como as que hoje tem o processo bolivariano? A resposta é óbvia; a nossa opção, a Batalha de Santa Inês.

Já em pleno ano de 2004, no meio da “guarimba” [NT] , visita-nos o camarada Dieterich e, perante os factos que estavam ocorrendo, aconselhava que o governo “devia actuar”, qualquer coisa como tomar a ofensiva.

Por sorte o Governo não seguiu o seu conselho e manteve-se numa estratégia defensiva, enfrentando a guarimba com o uso discreto do seu poder, mas com firmeza. A quem convinha que o governo actuasse ? O objectivo das forças reaccionárias era precisamente que o governo se precipitasse e “actuasse” contra a “guarimba”. A essência da guarimba era: “fecha a tua rua, se vier a guarda nacional escondes-te na tua casa e depois voltas a sair”; mas o que se passava por a guarda não vir a “reprimir” era que o jogo perdia todo o sentido e só ficava como real os danos e a agressão contra os habitantes da zona este de Caracas; a quem se não a estes afectou a queima de pneus e outras barbaridades que se cometeram com a guarimba ? Por sorte, uma vez mais o Governo não seguiu o conselho do camarada Dieterich. Se tal houvesse ocorrido a campanha sobre “as violações dos direitos humanos por parte do governo teria sido mais credível.

Em Junho de 2004, presumivelmente a oposição consegue praticamente o mínimo necessário para activar o referendo revogatório presidencial. O número é muito questionável pelo descobrimento de acções fraudulentas. O Presidente aceita o desafio para Agosto . Aparece o camarada Dieterich com o seu artigo e considera a aceitação como uma calamidade imperdoável dos bolivarianos, um fracasso, e esboça-nos um quadro derrotista frente ao mito da invencibilidade imperial. Uma vez mais existe uma coincidência. A oposição considera a aceitação como um grande êxito e uma derrota dos bolivarianos. Afirmam, e dão-na como certa na sua propaganda, a derrota dos bolivarianos em Agosto.

Que nos aconselha? Que sigamos os mesmos métodos imperiais de técnicas eleitorais que vai usar a oposição ?

É este um bom conselho? Não, não é um bom conselho. Essa não é a essência do problema. Os nossos métodos têm de ser fundamentalmente REVOLUCIONÁRIOS e POLÍTICOS. Não é que não tenham importância as técnicas eleitorais imperiais, claro que há que conhecê-las para poder combatê-las. Mas o centro da nossa estratégia não é um problema técnico, mas sim político-revolucionário, são os métodos dum povo em Revolução, os métodos de massas, trata-se de mobilizar inteligentemente o povo para esta batalha, pois o que vai decidir o êxito não é, de per si, o trabalho fechado de um qualquer comando eleitoral, por muito importante que este seja, mas a força do povo, organizada, consciencializada e mobilizada. Criatividade revolucionária é o que se necessita e na sua vanguarda vai o Comandante-Presidente Chávez que, como um genuíno líder revolucionário, soube correctamente convocar o povo. Se há um problema técnico importante, esse é impedir que ocorra uma fraude informática e electrónica.

Não queremos com o exposto apresentar o camarada Dieterich como membro da oposição ou qualquer coisa parecida, essa NÃO é a nossa intenção. Queremos pensar que tais coincidências com a oposição são puramente casuais. Mas arrogamo-nos o mesmo direito que se arroga Dieterich para criticar duramente os bolivarianos: o camarada Dieterich não pode pretender ser alheio à crítica. O estudioso intelectual de esquerda Dieterich, tão pouco é infalível e também se engana e comete erros.

ESQUECIMENTOS E SUBESTIMAÇÕES DO CAMARADA DIETERICH

No seu artigo assinala: “... é imperdoável que um dos Estados mais ricos da América Latina, cujo governo conta com o sólido apoio das Forças Armadas, uma popularidade relativamente alta, maciços programas sociais e que dispõe de duas estações estatais de televisão e um canal radiofónico nacional, não tenha conseguido derrotar uma direita golpista e demagógica, debilitada, carente de projectos e personalidades nacionais”. Esqueceu o camarada Dieterich o golpe de estado, a sabotagem petrolífera e económica em geral que teve um custo astronómico de mais de 10.000 milhões de dólares? Esqueceu-se do papel e do enorme poder dos meios privados de desinformação? Precisamente no parágrafo 16 ensina-nos o camarada Dieterich que: “A subestimação do enorme poder de manipulação das ciências sociais contemporâneas seria outro erro garrafal.” E que tal as ciências sociais e contemporâneas sobre a comunicação ?

Indubitavelmente, o próprio camarada Dieterich está cometendo um erro garrafal ao subestimar a capacidade manipuladora dos meios privados venezuelanos de desinformação. A sua análise da oposição venezuelana não pode ser mais simplificada, subestima-se a oposição que o Governo Bolivariano enfrenta. Crê Dieterich que Gustavo Cisneros e Marcel Granier, por exemplo, são subestimáveis ? Que a experiência de muitas décadas de governo e de armadilhas da Acção Democrática e dos Democratas Cristãos é subestimável? Que prejuízos ideológicos semeados durante 200 anos de dominação oligárquica, são subestimáveis? Que Collin Powel é subestimável? Que a CIA é subestimável? Que o imperialismo que apoia essa oposição é subestimável? Não sabe Dieterich que a nossa batalha não é com Enrique Mendoza, mas com George Bush? Não comete Dieterich o erro de triunfalismo ao subestimar estas forças ?

Dieterich fala de “um dos Estados mais ricos...” Não conhece a diferença entre Estado e governo ? Não conhece Dieterich as limitações, dada a autonomia do Banco Central da Venezuela, para que o governo possa usar as reservas do país ?

Não Dieterich, não há nada “imperdoável” que tenhamos cometido. Nós, os bolivarianos, não temos que pedir desculpa, pois sabemos que alcançámos impressionantes vitórias. O que acontece com os famosos reparos não é nenhuma derrota, antes uma grande vitória da Revolução Bolivariana, pois apesar de ter empregue todo o seu poder económico, técnico, ideológico e mediático, as ameaças de despedimento dos trabalhadores, e as manobras, o imperialismo não pôde alcançar o que se propunha que era apresentar a recolha de assinaturas como se fosse o referendo, já que tinham como meta recolher tantas assinaturas quantos os votos necessários para revogar o mandato ao Presidente Chávez; o que alcançaram foi muito magro, pírrico. Sabem já que num escrutínio sério não têm os votos necessários para revogar o Presidente. Se nos abstrairmos das fraudes cometidas, e supondo que de forma limpa alcançaram as assinaturas mínimas requeridas, qual é o problema? De acordo com as votações anteriores, os votos contra o Presidente já diziam que matematicamente, teriam o número necessário para convocar o referendo. Porquê surpreender-se com isto? Se tivesse alcançado com lisura as assinaturas necessárias para revogar o Presidente, então sim, teria sido uma derrota para a Revolução, mas isso NÃO aconteceu.

Além disso, esquece-se que a estratégia principal e o carácter da Revolução Bolivariana é democrático e pacífico, isto quer dizer que de qualquer forma, cedo ou tarde, havia que encarar o repto de nos medirmos nas urnas.

O USO DA HISTÓRIA PELO CAMARADA DIETERICH

No seu artigo Dieterich usa a história para fazer comparações. Compara o referendo presidencial com grandes batalhas, como Waterloo e Kursk. Na realidade o autor sabe que estas comparações não são cientificamente adequadas, pois essas foram as batalhas finais mas não decisivas; para Napoleão foi a campanha da Rússia que o derrotou estrategicamente, e aos nazis, na União Soviética, foi Stalinegrado. Mas o Presidente Chávez não concorre ao referendo ante o peso de uma derrota estratégica, a recuperação de assinaturas não foi nem a campanha da Rússia, nem Stalinegrado, bem ao contrário, ela foi-o, isso sim, para a oposição, pois quem concorre ao referendo com uma derrota estratégica é a oposição e não o governo.

Coloca o exemplo da derrota dos sandinistas, mas esse também não é o caso venezuelano. Na Nicarágua um pequeníssimo e pobre país, o imperialismo, lamentavelmente para os sandinistas, pôde desencadear, com todo o seu poder, uma guerra mortal contra o governo sandinista que custou dezenas de milhares de mortos. Estes já reconheceram os erros cometidos. Se os sandinistas tivessem contado com os recursos e os programas sociais venezuelanos, a história talvez tivesse sido outra. Venezuela e Nicarágua são países muito diferentes, sobretudo em matéria de recursos.

No artigo referido usa-se o exemplo de Yeltsin na Rússia. Parece que Dieterich ficou muito impressionado com o filme de Hollywood, em que um dos actores é o mesmo que integrou o filme “Dinossauro”, sobre a lenda da equipa ianque que, através de manobras eleitorais, permitiu o triunfo de Yeltsin. Esta é uma análise altamente redutora e simplista dos factos então passados. A famosa equipa pode ter tido algum papel nesse acontecimento, mas não foi decisiva . Toda a gente sabe que o que inclinou a balança, no meio de uma desastrosa situação económica do povo russo, foi o anúncio do Ocidente de que se não triunfasse Yeltsin, a Rússia não receberia os empréstimos de milhares de milhões de dólares que tanto necessitava para atenuar a sua situação económica e pagar a sua dívida externa. O FMI adoptou uma posição dura, tal como a União Europeia e o governo dos EUA e essa é que foi a “bomba atómica” para as eleições e não os meneios do sr. Yeltsin, quando bailava na sua campanha eleitoral assesorado por tal equipa. Fora tudo isto, seria muito extenso estabelecer as enormes diferenças com o processo venezuelano. Definitivamente, para uma parte do povo russo, dadas as complexas situações que se verificaram nesse país e os enormes erros cometidos, Yeltsin era considerado quase um herói e era o único líder do país. Recentemente, perante as eleições em Salvador, o governo dos EUA voltou a ser, tal como na Rússia, actor eleitoral e exerceu brutais pressões económicas, declarando, sem pudor que, se triunfasse Shafik Handal, impediria as remessas que se tornaram na principal fonte de entrada de divisas desse pobre país e que poria fim ao tratamento dado à entrada de salvadorenhos nos EUA, o que, naturalmente, inclinou a balança eleitoral; isto sem entrar em considerações sobre as possíveis fraudes eleitorais cometidas.

No caso da República Soviética da Geórgia, a situação ali criada por muitas razões, era muito propícia ao imperialismo. Não foi nenhuma façanha fazer o que fizeram. Lamentavelmente a Geórgia, já no tempo da União Soviética era uma das Repúblicas mais corruptas. Neste caso havia que analisar muitos outros factores, como o nacionalismo, o enfrentamento da Rússia, entre outros. Além disso, não se pode comparar, mesmo que remotamente, Edvard Shevardnaze com Chávez, pois o georgiano foi um político entreguista da equipa de Gorbachov, estando ainda fresco na memória a infame imagem de Shevardnaze como chanceler da então União Soviética a levantar a mão no Conselho de Segurança das Nações Unidas, para dar luz verde à primeira guerra contra o Iraque, exactamente o que queria o sr. Bush pai, então presidente dos EUA.


O “TRIUNFALISMO-DERROTISMO” DOS BOLIVARIANOS
E OS MÉTODOS CIENTÍFICOS DO CAMARADA DIETERICH

No seu artigo o camarada Dieterich afirma que o nosso derrotismo, na prática, não no campo ideológico, está ligado ao nosso “triunfalismo” no campo ideológico, exemplo parágrafos 9 e 11. Descreve a “história das derrotas” dos bolivarianos, como por exemplo o golpe de Estado, as eleições sindicais e outras e, na sua análise, projecta-as no cenário do referendo. Parece que o camarada Dieterich não é muito consequente com os métodos científicos que ele próprio enuncia, que funcionam quando lhe convém aparecer com a razão mas, misteriosamente, não se aplicam quando não lhe convém.

Em que ficamos? Por que razão a sua análise do nosso “derrotismo” não se aplica a todo o parágrafo 13, onde nos ensina: “...que há diferenciar entre essa extrapolação psicológica do passado e a natureza da verdade objectiva...(...) Todo cientista sabe que uma tendência de evolução empírica de um fenómeno social pode mudar drasticamente a sua direcção ou o seu comportamento em pouco tempo”. Será que não cabe esperar que os bolivarianos tenham podido aprender algo das nossas “derrotas” e não serem tão burros para não cometer os mesmos erros no futuro? Porque é que essa extrapolação psicológica é válida quando se trata do “triunfalismo” dos bolivarianos e não o é para o nosso derrotismo ? Que se está a passar aqui com a verdade objectiva? O camarada Dieterich não parece ser cientificamente coerente.

O OPTIMISMO E A FÉ REVOLUCIONÁRIA DOS BOLIVARIANOS

Nada do anteriormente dito nos exime de erros, pois cometeram-se erros e os mais trágicos foram em 11 de Abril, quando se actuou com excesso de confiança e inclusive ingenuidade, e isto já se reconheceu publicamente. Coincidimos com o camarada Dieterich em que alguns bolivarianos atribuem um carácter absoluto às características peculiares da Revolução Bolivariana. Nós, bolivarianos, não somos infalíveis, mas tão pouco somos derrotistas. Sabemos perfeitamente o que está em jogo. Mas perder a perspectiva pensando numa possível derrota e em todas as suas consequências, gastar as nossas energias neste cenário poderia paralisar-nos e, inclusivamente, derrotar-nos-ia antes de entrar em combate. Sem fé na vitória não existiriam revoluções, nem revolucionários, pois um revolucionário é, por definição, uma pessoa optimista. Isto não é o mesmo que triunfalismo, esse é o caso quando os revolucionários se tornam soberbos e se alheiam da realidade . O nosso optimismo e a nossa fé são fundamentados, as nossas melhores armas são o nosso grande líder e o grande povo que temos. Não temos dúvidas de que em Agosto alcançaremos a vitória.

Naturalmente, as vitórias não se alcançam por actos de magia, há que trabalhar pela vitória, só trabalhando arduamente por ela a podemos alcançar. Se alguém se senta a esperar por ela jamais a alcançará, há que ir à luta. Desta vez sim, seria imperdoável voltar a cometer o erro de sermos confiantes e ingénuos. Ao mesmo tempo, não devemos ter medo, mas há que estar vigilantes e pensar em tudo, sem pânico, sem nervosismo.

Virá aí uma grande guerra psicológica para nos amedrontar, para nos convencer que a fraude é infalível, que nos “derrotarão”, tratarão de nos desmoralizar; alguns, a menor parte, atemorizar-se-ão e inclusivamente “saltarão fora da carroça”. Tudo isso teremos que enfrentar com coragem, com ânimo, com firmeza, com inteligência, mas sobretudo com moral de combate e um inquebrantável optimismo e vontade de vencer. E esperamos que nessa luta nos acompanhe também com optimismo o camarada Dieterich.

[NT] Para ver o sentido que os venezuelanos atribuíram à palavra guarimba ver esta jóia elocubrada pelos fascistas locais: <a rel=nofollow target=_blank href="http://www.tierradegracia.com/manualguarimba.html">http://www.tierradegracia.com/manualguarimba.html</a> .

O original encontra-se em <a rel=nofollow target=_blank href="http://www.rebelion.org/noticia.php?id=1166">http://www.rebelion.org/noticia.php?id=1166</a> .
Tradução de JPG.

Este artigo encontra-se em <a rel=nofollow target=_blank href="http://resistir.info">http://resistir.info</a> .
05/Jul/04

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Subject Author Date
Peço um encarecido favor.João Laveiras22:29:53 07/06/04 Tue
Re: Os pareceres de Heinz Dieterichobservador ocasional21:27:16 07/07/04 Wed


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