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Subject: Não sou refiliável


Author:
Expresso
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Date Posted: 16:10:09 02/22/04 Sun

Não sou refiliável



Ao longo de 4 anos, desde a preparação do XVI Congresso, procurei fazer ouvir, em várias instâncias partidárias e extra-partidárias, os meus argumentos a favor da democratização interna do PCP e de uma intervenção política que tivesse em conta as profundas transformações ocorridas na sociedade portuguesa nos últimos 30 anos. Fi-lo por um dever de ética comunista: não me podia ser indiferente que o Partido em que estive filiado durante 30 anos se fosse esgotando na obediência a um modelo de organização social e partidária que tinha ele próprio soçobrado às suas incontáveis contradições e infelicidades individuais e colectivas, mantendo perante essa catástrofe política um táctico e hipócrita distanciamento, na melhor das hipóteses uma sobranceira indiferença. Fi-lo, também, por um imperativo de lealdade para com os militantes do PCP com quem ao longo dos anos fui privando e trabalhando, mas também para com aqueles que não o sendo me deram a honra da sua confiança e amizade. Na presença de tantos sinais de intolerância e irredutibilidade, já não havia argumentos que resistissem a uma lógica de obediência a cumplicidades irresponsáveis.

Foi nesta linha de ruptura com o que convictamente considero uma sucessão ininterrupta de erros político-partidários, cujas consequências políticas já estão à vista mas cujo impacto social ainda está por avaliar em toda a sua extensão, que decidi manter a minha intervenção política no âmbito do Movimento da Renovação Comunista, sem perder de vista, apesar de tudo, eventuais sinais que dessem argumentos a uma reavaliação da situação a que se tinha chegado. O meu pensamento sobre o fenómeno comunista em Portugal, do PCP e da esquerda em geral está hoje suficientemente divulgado na comunicação social portuguesa. Não vou, por isso, dedicar-lhe mais espaço aqui.

Escolho esta altura para me desvincular do PCP não porque a acumulação de erros políticos por parte da sua direcção tenha atingido qualquer ponto mais crítico. A recente entrevista do seu secretário-geral a um canal de televisão só veio reafirmar, aliás, que a técnica da lista de compras já é o mais longe que a direcção do PCP consegue ir para combater a direita. Além disso, e mau grado as razões e as contra-razões em que andámos envolvidos nestes últimos anos, há uma cultura partidária herdada do que de pior atravessou o PCUS nos anos 30/40, que se mantém, ganhou indefectíveis adeptos na direcção do PCP e se agarrou à sua pele: as purgas partidárias. Esta linha de apuramento de quem se deve sentar à direita da direcção do partido adquiriu recentemente uma designação mais eufemística e amigável, diria mais actualizada às exigências do século XXI: a refiliação partidária. Em 30 anos que leva a democracia portuguesa é a primeira vez que este partido se vê na necessidade de proceder à contagem, um a um, dos seus militantes. De decidir quem deve permanecer e quem deve ser dispensado do partido. As páginas do Avante!, de 22 de Janeiro, contam a história toda, com a candura de quem procura explicar aos militantes a melhor maneira de desfazerem a mais apertada curva da sua militância. Nas vésperas de um Congresso, pode haver ainda quem leve a sua expectativa ao ponto de acreditar que sob a espada da refiliação se vão discutir teses e eleger delegados, livre e democraticamente. Pela minha parte não sou refiliável, e por isso dou por concluída nesta data a minha filiação no PCP.

Cascais, 20 de Fevereiro de 2004
Cipriano Justo

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Subject Author Date
O fim do cinismoRenato Freitas17:53:32 02/22/04 Sun
A pipeta do ExpressoFernando Costa Santos18:28:11 02/22/04 Sun
Justo, isso só te honra.João Laveiras22:33:10 02/22/04 Sun
Re: Não sou refiliávelGonçalo Valverde11:13:00 02/23/04 Mon


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