VoyForums
[ Show ]
Support VoyForums
[ Shrink ]
VoyForums Announcement: Programming and providing support for this service has been a labor of love since 1997. We are one of the few services online who values our users' privacy, and have never sold your information. We have even fought hard to defend your privacy in legal cases; however, we've done it with almost no financial support -- paying out of pocket to continue providing the service. Due to the issues imposed on us by advertisers, we also stopped hosting most ads on the forums many years ago. We hope you appreciate our efforts.

Show your support by donating any amount. (Note: We are still technically a for-profit company, so your contribution is not tax-deductible.) PayPal Acct: Feedback:

Donate to VoyForums (PayPal):

Login ] [ Contact Forum Admin ] [ Main index ] [ Post a new message ] [ Search | Check update time | Archives: 1234567[8]910 ]


[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]

Date Posted: 16:19:29 07/29/02 Mon
Author: Danuzia
Subject: Novidade no armazenamento de dados

Millipede: o que há por trás deste conceito de milhares de pés da IBM
Fábio Gandour

AIBM anunciou uma novidade na área de armazenamento de dados, com o estranho nome de Millipede. Se o nome diz pouco, sua tradução também não acrescenta muito. Millipede quer dizer literalmente “milhares de pés”. A notícia teve cobertura da imprensa mundial, que preferiu abordar o assunto pelo ângulo de mais fácil compreensão para o leitor, dando destaque à capacidade de armazenamento deste novo engenho, que poderá guardar o que está escrito em 25 milhões de páginas em um espaço equivalente a um selo postal (um terabit por polegada quadrada).

O Millipede pertence à categoria dos MEMS (Micro Electro Mechanical Devices ou Dispositivos Micro-Eletro-Mecânicos). Os MEMS são engenhos diminutos em tamanho, que resultam da aplicação de conceitos de nanotecnologia e contêm componentes mecânicos com acionamento elétrico. O Millipede é assim. No entanto, o uso de um MEMS para armazenar dados tem outras implicações e a diferença se torna mais evidente quando se compara este MEMS com os dispositivos tradicionais de armazenamento.

Onde se ganha e onde se perde nessa história?

Ainda é cedo para fechar a conta de perdas e ganhos, mas algumas mudanças de paradigma já podem ser identificadas. Vamos começar pelo movimento. O meio mais tradicional de armazenamento de dados é o disco magnético e o disco gira. Gira muito e muito rápido. Ainda que para os usuários dos milhões de discos magnéticos o ato de girar represente apenas ouvir um zumbido discreto, este movimento, como qualquer outro, produz atrito e desgaste. Para preveni-lo, é preciso lubrificar o seu eixo e as outras partes que se movimentam. Girar em alta velocidade produz também uma força centrífuga incômoda, que requer a construção de eixos resistentes e precisos. O modelo de armazenamento que depende de movimento giratório também implica ação constante, o que requer consumo de energia elétrica mesmo quando não se lê ou não se grava nada no disco. Isto porque se o disco pára de girar enquanto não está sendo usado, o seu acionamento quando necessário levaria ao desespero mesmo os usuários mais pacientes. O Millipede se movimenta, mas não gira. E só se movimenta quando acionado, representando, portanto, consumo menor de energia elétrica e nenhuma força centrífuga. Com isto, adeus eixo metálico robusto e adeus também muitas das necessidades de lubrificação. Já ganhamos esta.

A gravação nos discos magnéticos é feita por elétrons em pacotes, que magnetiza grânulos de óxido de ferro. Os grânulos magnetizados são a representação material dos bits aí gravados. A gravação no Millipede é feita por uma agulha muito pequena, que se aquece e faz um buraquinho em uma superfície de um, digamos, pedacinho de plástico (ou polímero). A própria agulha que foi aquecida agora serve para esfriar o buraquinho e deixá-lo aí para representar um bit. Este buraquinho é a representação física do bit.

Quem já foi surpreendido por um cartão de crédito que, de repente, parou de funcionar por ter sido guardado perto do telefone celular aprendeu que os grânulos de óxido de ferro magnetizados precisam ser protegidos para não perderem a sua magnetização. Aquela fita marrom atrás dos cartões contém óxido de ferro magnetizável. Com o armazenamento representado pelos buraquinhos do Millipede, a gravação fica mais estável e menos sujeita a ações indesejáveis. Ganhamos então mais uma vantagem.

Outras características do Millipede também parecem mais vantajosas quando comparadas com os discos, mas é melhor esperar um pouco antes de contar com elas. A tecnologia é nova e precisa ser mais testada.

Desde 1999 era possível prever que a tecnologia de armazenamento em meios magnéticos um dia chegaria ao fim. E este fim foi criado pelo próprio método que a indústria de informática vinha usando para aumentar a densidade de armazenamento: diminuir o tamanho dos grânulos de óxido de ferro para pôr mais grânulos na mesma área. Neste caso, mais grânulos significam mais bits. Em 1999, descobriu-se o efeito superparamagnético. Mais um nome estranho. Quer dizer que ao se diminuir o grânulo além de um certo tamanho crítico, o mesmo se desmagnetiza com muita facilidade. Aí, adeus dado armazenado. Usando métodos de previsão baseados em estatística, foi possível estimar que a vida útil dos discos magnéticos terminaria por volta de 2018. Esta descoberta marcou a largada da corrida em busca de novos meios de armazenamento. A solução mais imediata foi usar o silício, antigo conhecido nosso dos chips de memória, para criar as memórias flash, que tanto aumentaram a sua capacidade de armazenamento quanto reduziram o preço nos últimos tempos. Acontece que o silício também dá sinais de esgotamento e os resultados obtidos com chips de armazenamento mostraram que estes dificilmente alcançariam a capacidade dos discos. Mais um estímulo para o desenvolvimento do Millipede.

Como aconteceu com o vinil frente ao advento do CD, parece que a história se repete e começamos agora a compor um novo “réquiem para o disco”. Desta vez, o magnético. Que descanse em paz.
FÁBIO GANDOUR é gerente de Novas Tecnologias da IBM


Fonte:http://oglobo.globo.com/suplementos/informaticaetc/35351387.htm

[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]

[ Contact Forum Admin ]


Forum timezone: GMT-8
VF Version: 3.00b, ConfDB:
Before posting please read our privacy policy.
VoyForums(tm) is a Free Service from Voyager Info-Systems.
Copyright © 1998-2019 Voyager Info-Systems. All Rights Reserved.