VoyForums
[ Show ]
Support VoyForums
[ Shrink ]
VoyForums Announcement: Programming and providing support for this service has been a labor of love since 1997. We are one of the few services online who values our users' privacy, and have never sold your information. We have even fought hard to defend your privacy in legal cases; however, we've done it with almost no financial support -- paying out of pocket to continue providing the service. Due to the issues imposed on us by advertisers, we also stopped hosting most ads on the forums many years ago. We hope you appreciate our efforts.

Show your support by donating any amount. (Note: We are still technically a for-profit company, so your contribution is not tax-deductible.) PayPal Acct: Feedback:

Donate to VoyForums (PayPal):

Login ] [ Contact Forum Admin ] [ Main index ] [ Post a new message ] [ Search | Check update time | Archives: 12345678[9]10 ]


[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]

Date Posted: 17:48:12 07/03/02 Wed
Author: Neinfo
Subject: Dops de SP vira centro cultural e mostra fichas de Hebe Camargo e Monteiro Lobato

Rio, 3 de Julho de 2002



Rení Tognoni, do Globonews.com


Nos arquivos do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), criado em 1924, cerca de 1 milhão de pessoas foram fichadas a partir de dados coletados pelos chamados 'dedos duros do Dops', que anotavam todos os passos de qualquer pessoa minimamente suspeita. E os artistas, neste caso, eram um prato cheio. As fotos e dados dos artistas citados acima constam de prontuários do Dops, cujo acervo de depoimentos e documentos ficará exposto até 18 de agosto no 4º andar do prédio que durante anos causou terror por suas histórias de tortura, morte e dor. Até mesmo o secretário de Cultura do Estado de São Paulo, Marcos Mendonça, que apresentou hoje à imprensa o resultado da reforma do prédio, tem um prontuário no Dops.

- Não sei o que consta lá. Eles faziam investigação sobre qualquer pessoa. O importante é que estamos transformando esse espaço com uma história trágica em um espaço de liberdade e alegria - disse o secretário.

A partir desta quinta, o antigo prédio do Dops será aberto ao público como Centro Cultural e com várias exposições, entre elas 30 quadros que representam os 30 artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos expostos nas paredes de quatro celas, também chamada pelos presos políticos como porões do Dops.

Por elas passaram inúmeros presos, muitos desapareceram - apesar de nos arquivos não haver registro de nenhuma morte - e outros torturados, como é o caso da professora Maria Amélia de Almeida Teles, de 57 anos, que aos 28 foi presa e torturada na cela 3 do prédio. Quase três décadas depois de ter passado quatro meses presa no Dops, ela retorna ao local e critica a reforma, que descaracterizou o prédio.

- Lutei para que fosse construído um memorial do cárcere. Visitei vários campos de concentração na Europa que contam a história pela sua própria arquitetura e conseguia visualizar tudo o que havia ocorrido ali apenas pelas características do lugar. Mas o Dops foi descaracterizado. Quem vier aqui não saberá que foi o porão da ditadura - disse ela.

A ex-presa política se refere principalmente às quatro celas que agora são pequenas salas de exposições. De original, restam apenas as grades de ferro das portas e janelas. As paredes ganharam uma espessa camada de gesso e tinta de cor grafite, que dão aparência de um espaço novo, e o piso - antes de madeira onde se abrigavam ratos e baratas - agora é de pedra. Tudo isso com iluminação própria a museus e ar-condicionado.

- As inscrições dos presos nas paredes, que contavam muito sobre o que foi este lugar, não existem mais. Também não dá para saber que havia sala de tortura porque ela não existe mais. Não concordo - completou Maria Amélia.


O arquiteto Haron Cohen, responsável pela restauração, acredita que o prédio não seria visitado caso mantivesse suas características originais.

- Esse prédio tem um sentido nefasto. Eu alteraria até a fachada (em estilo inglês, construída em 1914 por Ramos de Azevedo), caso não fosse proibido pelo Patrimônio Histórico. Se ficasse do jeito que era ninguém viria - disse ele.

Polêmica à parte, o antigo prédio do Dops se transformou em um importante veículo para a obtenção de informações sobre o período da ditadura militar. No antigo pátio dos presos, por exemplo, agora existem computadores que darão acesso aos prontuários e fragmentos de depoimentos de pessoas interrogadas, cuja íntegra faz parte do arquivo do Estado de São Paulo. Além da mostra 'Cotidiano Vigiado', com registros históricos sobre perseguição a judeus, nazistas, fascistas, comunistas e artistas, também será aberta amanhã a instalação 'Intolerância', no 2º andar do Dops, do artista plástico goiano Siron Franco, que reúne cerca de 800 bonecos de pano empilhados e vestidos com roupas usadas. Os bonecos não têm cabeça, representando, segundo Siron, os anônimos.

- Não fiz a instalação para ser exposta aqui, mas é o melhor lugar para isso, pois é a casa da intolerância - disse Siron.

Até o fim do ano, também será inaugurado no local o Museu do Imaginário do Povo Brasileiro. Ao todo, foram gastos R$ 12 milhões, pelos governos federal e estadual, para reformar o antigo prédio do Dops.

http://oglobo.globo.com/plantao/35085299.htm

[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]

[ Contact Forum Admin ]


Forum timezone: GMT-8
VF Version: 3.00b, ConfDB:
Before posting please read our privacy policy.
VoyForums(tm) is a Free Service from Voyager Info-Systems.
Copyright © 1998-2019 Voyager Info-Systems. All Rights Reserved.