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Date Posted: 20:36:16 06/23/02 Sun
Author: José Maria
Subject: Nosso futuro digital, segundo Craig Barrett




Os próximos cinco anos consolidarão a fusão cada dia mais profunda entre computação e comunicações. Teremos, então, notebooks e PDAs (personal digital assistants ou superagendas pessoais) com conexão wireless, transmissão de voz e dados via celular, radiotransmisores embutidos em minúsculos chips, comunicação em banda larga abundante e barata e conectividade global. Homens e empresas se interligarão em qualquer lugar, a qualquer hora, em todo o planeta.
Essa é, em síntese, a visão de Craig Barrett, presidente mundial da Intel, empresa pioneira e líder no desenvolvimento e na produção de chips avançados, que esteve em São Paulo e Brasília nesta semana.
Em palestra para mais de 1.500 empresários e especialistas, Barrett confessou seu entusiasmo pelos progressos brasileiros na infra-estrutura de telecomunicações e de Internet, ressaltando os seguintes aspectos: "No Brasil, 61% do PIB vêm da área de serviços. Só em dois outros países os serviços têm maior participação: nos Estados Unidos (76%) e na Alemanha (71%). O percentual de usuários de microcomputadores e da Internet é o segundo da América Latina, ou seja, quatro vezes maior que o da China e dez vezes superior ao da Índia. Nos últimos cinco anos, o número de usários da Internet no Brasil saltou de um para 12 milhões; o número de computadores pulou de 4 para 15 milhões; a rede de telefonia fixa passou de 15 para 45 milhões de linhas; o número de assinantes de telefones celulares subiu de 8 para 32 milhões. Sei também que o Brasil é o quinto país do mundo em Internet banking, o sétimo produtor de software e o 18º em e-government. A manter esse ritmo, o Brasil poderá saltar de 12 milhões para 35 milhões de usuários da Internet, em cinco anos. O volume total do comércio eletrônico, que em 2001 alcançou US$ 5 bilhões, poderá atingir US$ 20 bilhões em 2006."
Com vistas à redução da exclusão digital, Barrett anunciou a instalação pela Intel dos três primeiros computer clubhouses no Brasil, com o propósito de oferecer aos jovens de menor poder aquisitivo a oportunidade de contacto com o computador e a Internet.

É hora de ousar - Esses fatos têm significação especial para o futuro digital do Brasil, diz o presidente da Intel. E conclama o País a assumir de forma mais ousada sua liderança na América Latina no campo da infocomunicação, aproximando-se das nações mais desenvolvidas do mundo.
"Acompanho de perto o esforço brasileiro nos segmentos de infra-estrutura - diz Barrett - com a crescente aplicação de novas tecnologias em projetos ambiciosos na área de educação, saúde e e-government. Se pudesse dar um conselho de ordem geral ao Brasil, válido também para países emergentes com o mesmo potencial, sugeriria que este País aplicasse um verdadeiro choque de competitividade nesse setor da convergência entre computadores e comunicações, não sobrecarregando seus produtos e serviços de tecnologia da informação com impostos e outros encargos. O mundo nos ensina que quanto menores forem os preços de tecnologia da informação, maior será seu crescimento."
Para o presidente mundial da Intel, já existem claros sinais de retomada do desenvolvimento na indústria de computadores em todo o mundo. No setor de telecomunicações, contudo, as coisas só deverão voltar à normalidade no final de 2003.

Ciclo de inovação - Na visão de Craig Barrett, o ciclo de evolução de qualquer inovação começa com o amadurecimento das tecnologias de viabilização, passando em seguida por um período a que ele chama de "exuberância irracional", entrando em turbulência, para chegar alguns anos depois ao período de crescimento sustentado.
Assim aconteceu com a Internet. Depois de ter superado as loucuras da fase de "exuberância irracional" que caracterizou a bolha da Web até à metade do ano 2000, a economia digital entrou no período de turbulência, para começar agora sua evolução para o terceiro momento, que é o do crescimento sustentado. Para Craig, "a Internet passa, então, a ser o elemento de conexão mais importante para o comércio, para as comunicações, a informação e a mídia digital." Hoje, mais do que nunca, a economia mundial depende da tecnologia do conhecimento, porque nações e continentes passam a estar cada dia mais interconectados.
O grande legado da Internet que nos ficou, após o terremoto mundial que caracterizou o fim da bolha das empresas ponto- com, foram os 500 milhões de usuários da Web em todo o mundo, segundo as estimativas mais conservadoras.
E, para os próximos cinco anos, Barrett antecipa com convicção: "Seremos, no mínimo, um bilhão de usuários da Internet em 2006. E o comércio eletrônico saltará dos US$ 600 bilhões de 2001 para os US$ 6,5 trilhões de 2006, ou seja, algo próximo do PIB atual dos Estados Unidos."

http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2002/06/23/eco028.html

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