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Date Posted: 13:45:13 11/25/02 Mon
Author: José Maria
Subject: Futuro sem memória. Documentos eletrônicos não valem como registro histórico (entrevista da arquivista Rosely Rondinelli no Jornal do Brasil)

Futuro sem memória. Documentos eletrônicos não valem como registro histórico

Alexandre Fontoura

Repórter do JB Online A sociedade corre um sério risco de ficar sem memória e registro justo na 'era da informação'. A afirmação é da mestre em ciência da informação Rosely Curi Rondinelli, que está lançando o livro Gerenciamento arquivístico de documentos eletrônicos, pela editora FGV. A autora, também formada em História, ressalta que a facilidade de criar e transmitir arquivos eletrônicos faz com que se descuide das preservação e documentação dos dados. O assunto é tão pertinente que originou o II Seminário Internacional de Arquivos e Tradição Ibérica, na semana passada no Rio, e contou com diversas autoridades.

No livro, Rosely mostra a importância das instituições brasileiras em procurar uma solução para este problema, sob pena de ter seus documentos eletrônicos recusados por auditores e tribunais. A obra trata da gestão arquivística dos registros digitais, indicando como tratar essas informações produzidas pelas instituições no decorrer de suas atividades. ''O governo procura informar, mas não documentar'', diz a autora na entrevista a seguir ao caderno Internet.

Qual a maior preocupação com os documentos eletrônicos?

- Não queremos que sejam tratados com desdém, mas que sejam um registro confiável. Deve-se gerenciá-los como se fez no papel, controlando desde sua criação até qualquer alteração. Tudo monitorado por um programa.

Pode-se considerar um arquivo de computador como uma prova judicial?

- Ele é totalmente questionável por um juiz, além de não ser aceito como documento histórico.

O que deve ser feito, então?

- Queremos atrair os desenvolvedores de softwares, mas quem deve instruir como deve ser feito o programa são os arquivistas. A tecnologia não pode impor um programa sem critérios. Podemos aproveitar a Gestão Eletrônica de Documentos (GED), do governo, e implementar outras funcionalidades.

Já tem alguém utilizando sistema deste tipo?

- O Pentágono tem um software de gestão arquivística. Ele controla a tramitação de documentos digitais e temporaliza para apagá-los, seguindo alguns critérios. Canadá, EUA e Austrália já estão caminhando neste sentido, mas ainda não estão terminados.

''Digitalizar não ajuda a preservar''

'Digitalizar não ajuda a preservar''
Eternização de arquivo é o desafio w documentos continuação da página 1 Como são armazenados os arquivos hoje?

- Os softwares existentes não gerenciam corretamente e falham porque não acrescentam elementos que informem mais sobre os documentos à medida que são alterados. É preciso dotá-los com um número maior de metadados - informações sobre o arquivo - para ele ser uma testemunha das ações sobre as quais ele se refere. Dados como número do protocolo, código de classificação, indicação de temporalidade, nome do digitador, autor e origem são essenciais.

Qual a solução imediata?

- Fazer o texto no computador, imprimi-lo e enviá-lo por fax, pois, ao contrário do e-mail, não é possível intervenções no caminho da transmissão.

Quais os principais empecilhos para arquivar definitivamente um documento?

- A obsolescência tecnológica é a maior fragilidade do sistema, pois ela limita a abertura de um arquivo no futuro. Hoje, o mais seguro ainda é o micro-filme, que dura até 300 anos.

Digitalizar arquivos para preservação pode ser uma solução para poupar espaço?

- Não. Pode-se digitalizar um arquivo para facilitar o acesso, mas não é possível confiar no suporte eletrônico. Espero que seja encontrada uma solução para a sua conservação eterna.

http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/cadernos/internet/2002/11/24/jorinf20021124005.html

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