Author:
João Paulo Guerra
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Date Posted: 27/05/05 19:20:26
In reply to:
Jerónimo de S
's message, "Sobre as medidas apresentadas pelo Governo, de «controlo das finanças públicas»" on 26/05/05 19:19:58
Défice de Credibilidade
João Paulo Guerra, Diário Económico, 27/05/05
Em Outubro de 2002, no debate do Orçamento para o ano seguinte apresentado pelo Governo de Durão Barroso, o PS previu que o aumento do IVA para 19 por cento não iria ter o efeito anunciado no crescimento da receita.
Tinha toda a razão, confirmada ainda nesse mês pelos dados da execução fiscal. Mais: perante essa e outras medidas adoptadas pela dupla Barroso / Ferreira Leite, o PS antecipou um cenário de “falta de confiança” na economia que levaria à “estagnação”. E a meio do mandato de Barroso, o PS exibiu os trunfos da razão dos seus prognósticos. A crise nas finanças, por efeito das medidas do Governo, designadamente o aumento dos impostos e os cortes no investimento público, transformara-se numa crise económica. A memória dos ficheiros do meu computador é implacável. O PS é que parece ter perdido a memória.
E é assim que o país está mergulhado num ciclo infernal. Os partidos chegam ao poder à custa de promessas aos eleitores. Uma vez no poder, dizem-se surpreendidos pela dimensão da herança do défice e desprezam as promessas que lhes granjearam a vitória nas eleições. Durão Barroso chegou ao poder em 2002 prometendo baixar os impostos. A primeira medida que tomou foi aumentar o IVA. José Sócrates ganhou as eleições há três meses, apresentando-se aos portugueses como a alternativa ao discurso da “tanga”. “Chocado” pela dimensão do défice, arrepiou caminho em relação às promessas eleitorais, esqueceu as críticas que tecera às políticas dos governos anteriores, desprezou as alternativas emblemáticas que apresentara enquanto partido da oposição.
O défice das contas do Estado poderá andar perto dos 7 por cento. O que não é mensurável é o défice de honra da palavra dada, de credibilidade nas instituições e de confiança dos portugueses. É a vida. Habituem-se.
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