Author:
Miguel Sousa Tavares
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Date Posted: 13/05/05 15:27:36
In reply to:
Raul Vaz
's message, "Onde está o Bloco?" on 12/05/05 12:37:29
Um caso, uma ameaça e um “ayatollah”
Miguel Sousa Tavares, Público, 13-05-05
(...) O “ayatollah” Daniel Oliveira escreve no Expresso e faz pregação no BE – onde estão os evangelistas da política portuguesa. No sábado passado, ele acusou-me de homofobia e propôs-me para fundador de um “Dia de Orgulho Grunho”.
Vale a pena ver porquê, para perceber da má-fé e preconceito destes pregadores. Em crónica anterior, eu pronunciei-me contra o entendimento do Tribunal de Ponta Delgada, que julgou a rede pedófila local (...).
O que este entendimento implica, como então escrevi, é que o direito à orientação sexual do pedófilo prevaleceu sobre o da própria vítima menor, o que eu acho um duplo abuso. (...) O politicamente correcto Daniel Oliveira responde que “não há pior preconceito do que o que se mascara de senso comum”. Talvez: fiquei a saber que, para ele seria igual ser abusado por um homem ou uma mulher, em criança ou em adulto. Pois para mim, não, e não é por estar do lado do senso comum que vou meter a viola no saco.
Mas a questão não é a de saber o que penso eu ou o que pensa ele. E também não é a de respeitar a orientação sexual do abusador. A questão é a de olhar pelo ponto de vista da vítima e punir efectivamente os danos sofridos. Por isso é que quando Daniel Oliveira pergunta estupidamente, se eu aplico o mesmo critério a uma rapariga abusada por uma mulher, a resposta que tenho para lhe dar demonstra a sua própria falta de razão: também aí os danos são menores do que os causados por um pedófilo-homem. Porque o que interessa, exactamente, não é a orientação sexual do pedófilo, mas a natureza do acto em si e a sua capacidade acrescida de causar traumas, provavelmente irrecuperáveis. (...)
Confundir isto com homofobia é uma desonestidade intelectual premeditada. É o que faz Daniel Oliveira, quando me acusa de ser “obsecado com o tema” (...). Esta afirmação é falsa e caluniosa (...).
Pelo contrário (...) escrevi várias vezes defendendo a igualdade de direitos entre as uniões de facto de homossexuais e o casamento e, (...) julgo ter sido das primeiras pessoas a defender publicamente o direito ao casamento dos homossexuais (...).
E, com esta, é a terceira vez que vejo alguém ligado ao BE deturpar deliberadamente posições minhas, em matérias de que se julgam os guardiões da fé. Já são coincidências a mais. Suficientes para começar a achar que esta gente não é séria.
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