Author:
Henrique Monteiro
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Date Posted: 19/09/05 9:10:13
Lisboa, 13/9/2005
Exmo Sr. Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio
Estando o país, de novo, com as eleições presidenciais à porta, é esta a altura apropriada para realizarmos um balanço da acção que Vexa desenvolveu ao longo destes últimos 10 anos. Havendo lei iníqua que o impede de recandidatar-se, poderemos ser, por uma vez, inteiramente honestos nessa avaliação, tanto mais que, caso Vexa seguindo exemplos conhecidos, caia na tentação de se recandidatar, só o poderá fazer daqui a 5 ou 10 anos, quando já ninguém se lembrar do que fez, de quem é e do que foi. Porque este é o destino de um homem, por muito distinto e brilhante que tenha sido - ser lembrado por poucos e esquecido por muitos. E daqui a 100 anos, quando um jovem, ao passar, na Rua (ou no Largo) Jorge Sampaio, perguntar ao pai quem é aquele da placa, ouvirá - mais do que certo - uma resposta do estilo: «Sei lá, era um tipo qualquer... pergunta à tua professora!» Custa muito, mas é assim. E assim será com Soares, com Cavaco, com Barroso, com Guterres, com Sócrates. Razão tinha pois a velha personagem de Frei Luís de Sousa ao responder o célebre «Ninguém» quando lhe perguntavam quem era (a verdade é que já ninguém se lembra de quem foi Frei Luís de Sousa, ou Almeida Garrett ou qualquer outra personagem ligada ao assunto).
Posto isto, cabe-me dizer quais foram os principais traços da presidência de Vexa. Ora, sobre esse assunto, não receio errar ao dizer que o aspecto que moldou a acção de Vexa nestes 10 anos foi a preocupação. É Vexa um homem preocupado e tem razões para isso.
Se falamos de corrupção, fazia Vexa saber que estava preocupado; se o assunto era acidentes de viação, logo Vexa dizia que Belém se preocupava; a guerra do Iraque também o preocupou; assim como o Governo de Santana Lopes; e os outros governos; e a contestação dos militares; e a contestação dos professores; e a venda da TVI ao grupo Prisa; e a venda da Lusomundo ao sr. Joaquim Oliveira; e o aumento da droga; e os fogos, meu Deus, o que os fogos preocuparam Vexa; assim como as cheias; os naufrágios, as derrocadas, a imigração clandestina e a situação em Timor. Vamos a ver, Senhor Presidente, e não houve nada ao de cimo da terra e debaixo do Sol que não o tenha preocupado. Foi Vexa, pode dizer-se, um homem que pautou a sua acção pela preocupação. E fez muito bem, porque, como Vexa diria nos seus discursos mais brilhantes, a situação é preocupante.
Houve uns poucos assuntos que além de o preocuparem, e muito, também o comoveram. Esses foram os momentos marcantes.
Por isso, meu caro Senhor Presidente, saiba que apenas deixa Belém porque há uma lei que o obriga a sair. Dificilmente teremos outro Presidente tão preocupado connosco. E isso, como Vexa sabe lindamente, é muito preocupante.
comendador @mail.expresso.pt
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