Subject: que grande bebedeira pá. |
Author:
A formiga
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Date Posted: 23/09/05 18:23:48
In reply to:
Vasco Pulido Valente
's message, "O inconcebível acontece" on 23/09/05 15:46:24
>A Alemanha sabe que precisa de reformas, mas não quer
>reformas. A França sabe que precisa de reformas, mas
>não quer reformas. A Itália sabe que precisa de
>reformas, mas não quer reformas. Portugal sabe que
>precisa de reformas, mas não quer reformas.
>
>A palavra "reformas" não descreve bem o remédio ou, se
>quiserem, a necessidade. Do que se trata é de uma
>revolução. O "modelo social" tão querido ao socialismo
>e à "Europa", sonho de um século (do século XIX),
>faliu. Faliu financeira, económica, social e
>politicamente. Não vale a pena repetir, argumento a
>argumento, a razão por que não pode sobreviver. Não
>pode: e estamos todos, da Alemanha a Portugal, na
>iminência de uma catástrofe, que irá tornar o mundo em
>que nascemos num mundo irreconhecível e hostil.
>
>A maioria das pessoas não consegue imaginar mudanças
>de uma grande radicalidade. Mesmo quando os sinais se
>acumulam e a lógica se torna inescapável. Em 1914,
>ninguém acreditava numa guerra de cinco anos, com
>(pelo menos) nove milhões de mortos. Ninguém acreditou
>depois que não havia espécie de maneira de "apaziguar"
>Hitler ou de negociar com Estaline. E com certeza que
>nenhum comunista admitiu o colapso do Império
>Soviético. Como dizia o outro, o género humano não
>suporta demasiada realidade. Ainda por cima, nesse
>ponto, as coisas pioraram.
>
>O Estado-Providência transformou o cidadão vulgar num
>quase absoluto irresponsável e os dirigentes da
>democracia fazem uma carreira de lhe mentir.
>Um adulto europeu espera, no mínimo, o seguinte: que o
>Estado lhe eduque os filhos, que o Estado o trate na
>doença e que o Estado lhe dê uma pensão para uma
>velhice decente e próspera. E espera também trabalhar
>pouco (em França, 35 horas por semana), um aumento de
>salário no fim do ano, que lhe paguem as férias, que
>lhe garantam o emprego e, muitas vezes, que lhe dêem
>uma casa ou uma renda barata. Só que esta fantasia,
>que assentava no domínio universal do Ocidente, na
>miséria da Ásia e na escravidão da Europa oriental,
>acabou - e acabou para sempre. Não serve de nada pôr
>um remendo aqui e um remendo ali. Mais tarde ou mais
>cedo, o edifício vem abaixo. E não virá abaixo em
>concórdia e paz.
>
>Nenhum regime político resiste à impotência e o que
>hoje têm de comum os governos da Europa, na Alemanha
>como em França, em Itália com em Portugal, é
>manifestamente a impotência. Da fraqueza não sai a
>ordem; e o inconcebível acontece.
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