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Date Posted: 12:47:02 05/03/07 Thu
Author: Conceicção
Subject: Análise da obra Rastros de verão

Na obra “Rastros de Verão” de Gilberto Noll, o narrador é um homem em busca do pai, cuja existência é posta em dúvida, encontra um menino que pode ser seu filho.
Ao analisar a obra “Rastros de Verão”, tentei me prender a perspectiva da busca de si próprio como norte para minha análise, pois é uma obra muito abrangente e não conseguira falar de todos os aspectos. Percebe-se o encarceramento e o exílio das personagens, representados na obra pela imagem no espelho, neste momento o protagonista se depara com a luta para reconhecer-se a si mesmo.
No trecho abaixo percebemos claramente essa busca incansável por sua própria identidade e a predominância em primeiro plano da solidão existencial dos personagens.
“Era uma avenida muito larga – que eu não reconheci. Por sobre a avenida atravessava a passarela. Fui subindo a rampa em caracol de acesso à passarela. Lá de cima, olhei à direita e via o rio, ao fundo da ilha. Depois, olhei a esquerda e vi uma das torres da igreja da Conceição. A outra estava coberta por um edifício”.
Essa busca torna-se visível em vários momentos da obra, pois o Narrador em “Rastros de verão” é um homem cansado, um cansaço existencial que se torna visível em seu rosto, na busca por si mesmo.
Logo depois em outro trecho entra a figura da cigana, que é outro fato intrigante, à cigana folcloricamente advinha à sorte e o futuro das pessoas e neste trecho a representatividade da cigana é justamente lhe mostrar sua verdadeira face.
“Quando eu descia a rampa de caracol da outra ponta uma cigana, que subia se aproximou e perguntou em castelhano se eu queria que ela lesse a minha sorte. Falei que eu não tinha muito tempo, mas antes de terminar a frase notei que a minha mão estava aberta e que a cigana a tomava em suas mãos. Não ouvi o que ela falava. ‘Eu apenas sentia na minha mão um latejar incontrolável”.
Os personagens são completamente desenraizados, seres em transformação, tentando a todo custo explicar suas existências, com isso cai num sentimento de inutilidade da vida, desejos e dúvidas.
“Um homem debaixo de uma árvore, sentado num banco de pedra, a cabeça pendida olhando os pés descalços”.
O autor traz para suas obras discussões e reflexões num contexto das discussões, problemas e correntes acerca da realidade contemporânea e pós-modernas. Na grande maioria das obras lidas, há a presença de características da contemporaneidade, protagonistas sem passado, sem futuro, assoladas pela solidão.
O mundo onde vivem os personagens de João Gilberto Noll, uma insatisfação com a realidade, as necessidades, as fraquezas, as sensibilidades manifestadas ou interiorizadas no ser humano. Um mundo desagregado de personagens errantes e desorientados que buscam a todo instante à compreensão de si mesmos.
Portanto, pode se afirmar que no texto é marcante o momento presente, há a predominância das personagens sobre o narrador. Ou seja, pelo caráter de urgência que é exigido nessa narrativa é o personagem que as conduz. Este fato do narrador se fixar mais no presente do que passado, a insistência no presente é a maneira de afastar o passado, de viver a urgência do momento como se cada momento fosse o último.
Portanto João Gilberto Noll, constrói essa narrativa, sempre em primeira pessoa. Em “Rastos de Verão” o autor foi detalhista e habilidoso com as palavras, uma habilidade particular para juntar as palavras que conjugam o simples. O resultado é uma leitura curiosa e impressionante, construindo uma discussão de cenas cinematográficas seguidas por fundos musicais. Relatando com detalhes o desamparado homem diante da realidade.

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