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Subject: A DEPRESSÃO PORTUGUESA no "DN" de hoje | |
Author: Baptista-Bastos |
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Date Posted: 29/10/08 13:18:27 Baptista-Bastos Escritor e jornalista - b.bastos@netcabo.pt A consciência de que terminou um ciclo do capitalismo tem passado ao lado daqueles eventualmente mais apetrechados para descodificar e proceder à reformulação das grandes categorias económicas. Gritar por Keynes e omitir Marx não é intelectual nem eticamente sério: é revulsivo. Há algo de doentio em apagar a evidência do conhecimento, tornando-o unilateral. As relações culturais não são meramente conflitivas: representam o espaço mais amplo da liberdade. Leio textos editados na Imprensa portuguesa acerca da crise financeira mundial e nenhum dos que li incita à reflexão - sim à depressão. Portugal, aliás, é um concentrado de deprimidos. Leia-se Manuel Laranjeira. Mas também Antero, Eça (que escondia o acabrunhamento com a zombaria e o cinismo) e, sobretudo, o imenso Oliveira Martins, cujo Portugal Contemporâneo fundamenta um magno tratado do que fomos e do que somos. Além do mais, Martins escrevia num idioma admirável, no qual a clareza se associava ao mais elegante sainete. Mas se quiserem uma excelente introdução a essa época, a essa gente e ao espírito de uma fascinante aventura cultural, estética e ética leiam, com mão diurna e mão nocturna, A Tertúlia Ocidental, de António José Saraiva, outro dos grandes esquecidos. Numa semana em que se comemora um autor estimável, seria bom não olvidar aqueles que tentaram a identificação do "moderno", combatendo a desgraçada condição social do português. Eles procediam de Verney, de Luís da Cunha, de Herculano e de Garrett, e pelejavam com forças inominavelmente superiores. A "desistência" das elites, substituída por uma casta de medíocres, transformou-nos em uma espécie de carpideiras. A depressão vem de longe, e aqueles de nós que almejavam defender a condição de todos e a livre realização de cada um, cedo foram ameaçados, removidos ou impelidos ao silêncio. Sei muito bem do que falo. O pensamento político dos partidos portugueses continua imutável. O debate entre as duas grandes opções ideológicas, que instigou as gerações saídas da II Grande Guerra, quedou-se na banalidade ou na repetição dos equívocos. Vejamos: se as declarações de Sócrates pecam por um excesso de optimismo ou se se apoiam em técnicas de marquetingue, a dr.ª Manuela Ferreira Leite, ao quebrar o tenaz mutismo, acentua a depressão nacional. Quando a política deixa de ser relação, deixa de ser política e converte-se nesta massa parda e viscosa. Reformular as categorias políticas só seria possível com a radicalização dos conceitos de liberdade e de sociedade. Já se viu a falência do "socialismo real" e estamos a assistir à queda da infausta experiência do "neoliberalismo". Os encomiastas de um sistema económico que deixou o mundo derreado carregam um fardo pesadíssimo. [ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ] |
Subject | Author | Date |
Larga a casinha da CML | Tás a gozar | 2/01/09 23:56:00 |
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