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Subject: Para alguns não há tempo nem espaço


Author:
António Vilarigues (Jornal do Centro, 25.07.2008)
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Date Posted: 26/07/08 21:27:13



Como aqui fomos escrevendo em outras "Conversas da treta", a comunicação social nos nossos dias reproduz como nunca a ideologia dominante. Seja na TV, na rádio ou nos jornais. Como negócio rege-se pelas leis do lucro. As audiências, ou as tiragens, com as consequentes receitas da publicidade, determinam, em última análise, os seus conteúdos essenciais. Os traços dominantes do que é difundido, ainda que com diferentes matizes, são comuns a públicos e privados. Mas também o que não se noticia. O que se silencia é, na maior parte das vezes, tão ou mais importante do que o que se publica. Para "alguns" a comunicação social dominante não tem tempo, nem espaço.

A "Festa da Alegria" em Braga foi o maior acontecimento político-partidário do fim-de-semana. Nela participaram muitos milhares de pessoas, que estiveram lá e viram É uma realidade indesmentível. Qualquer que seja o critério jornalístico. Goste-se ou não do PCP. Por mais que isso custe a quem não gosta. O facto de os média dominantes terem ignorado esse acontecimento é bem elucidativo do conceito de informar que neles vigora.

Nas televisões foi o que se viu: nenhum dos canais mostrou uma imagem dos milhares de pessoas que participaram na Festa e assistiram ao comício com o secretário-geral do PCP. Do discurso de Jerónimo de Sousa nada disseram. E no final, fizeram-lhe umas perguntas sobre questões que nada tinham a ver com a sua intervenção.

Nos jornais, foi ainda pior, se é que é possível. No "Jornal de Notícias", no "Público" e no "Correio da Manhã", nem uma linha. No "Diário de Notícias" uma linha.

Como é em vão que na comunicação social dita de referência procuramos notícias sobre o facto do Presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, enfrentar uma crise política grave. Com efeito sessenta parlamentares da sua base de apoio estão incriminados num escândalo de corrupção, ligações com o narcotráfico e os paramilitares. Tem um primo e conselheiro político, Mário Uribe, preso pelos mesmos motivos. O Supremo Tribunal contesta a legalidade de sua reeleição em 2006, obtida mediante a compra de votos confirmado pela confissão da ex-parlamentar Ydis Medina.

Ou notícias a informarem que a Colômbia é campeã do mundo em assassinatos de sindicalistas e de jornalistas: mais de metade dos sindicalistas assassinados em todo o mundo. Que mais de 11.200 colombianos foram assassinados desde que Uribe foi "eleito" (não inclui os mortos em combate entre as guerrilhas e as Forças Armadas). Que o número de desaparecidos ronda os 30 mil. São homens e mulheres, novos e velhos, com nome. Mas não são mediáticos. Não podem aparecer nas televisões e nos jornais. Jazem sob sete palmos de terra.

Como Guillermo Rivera Fúquene, marido e pai, comunista e membro do Polo Democrático Alternativo que governa o município de Bogotá. Presidente do Sindicato dos funcionários da autarquia da capital do país. Foi visto pela última vez no dia 22 de Abril, às 6.30 da manhã, numa rua do bairro "El Tunal" onde tinha ido levar a filha à escola. Uma testemunha e câmaras de vídeo instaladas no local atestam que foi abordado por um grupo de agentes policiais e foi forçado a entrar num carro da Polícia Metropolitana. Assassinado a 23 de Abril depois ter sido selvaticamente torturado. A 24 o seu corpo pareceu numa lixeira situada a 100 km da capital. Sepultado a 28 de Abril como "desconhecido". O corpo só foi identificado e entregue à sua esposa, Sónia Betancour, a 15 de Julho. Foi o 24º dirigente sindical colombiano assassinado em 2008. O leitor viu, ouviu, ou leu algo sobre o assunto?

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