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Subject: Re: Alguém falou aí num senhor chamado Karl Marx? | |
Author: Guilherme da Fonseca-Statter |
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Date Posted: 24/09/08 16:00:18 In reply to: Guilherme da Fonseca-Statter 's message, "Alguém falou aí num senhor chamado Karl Marx?" on 24/09/08 13:33:58 Vamos a ver... 1. O sistema capitalista - aquele que temos e que é de âmbito mundial - tem como motivação básica a procura e maximização do lucro. Que é como quem diz, os detentores (ou melhor, os gestores) do capital procuram sempre as melhores aplicações, aquelas que "rendem mais". 2. Para aumentar/maximizar os lucros há - basicamente - duas alternativas: aumentar as vendas ou diminuir os custos. Designadamente pagando o menos possível à esmagadora maioria dos trabalhadores. Para isso aí estão as deslocalizações... Em rigor, pensando bem, há mais alternativas. Desde logo várias combinações daquelas duas alternativas. Mas, para já, podemos ficar por aqui. 3. À escala do sistema como um todo (o agregado das actividades produtivas dos 4 biliões de humanos potencialmente activos, mais milhão menos milhão ) a humanidade tem estado sempre a produzir mais do que consome. É o que se chama de excedente económico. Daí resulta a acumulação mas também muitos desperdícios (por exemplo, coisas produzidas que não foram consumidas). 4. A acumulação, normalmente (ou melhor, no “país das maravilhas” ou no mundo fantasioso que é descrito nos manuais de economia neoclássica, por onde estudaram a maioria esmagadora dos nossos economistas) deveria ir para novos investimentos “produtivos”. 5. Mas a verdade – historicamente verificada e facilmente comprovada – é que uma parte significativa desse “excedente económico” fica parada sob a forma de capital/dinheiro. 6. Mas o dinheiro (capital) não pode ficar parado... É contra natura. Começa a desvalorizar-se. Tem que acompanhar o resto da economia. 7. E vai daí, esse capital-dinheiro começa a ser aplicado... Mas aplicado em quê?... Se já dissemos acima que essa parte do excedente económico não foi aplicado em investimentos “produtivos” ?... 8. A resposta é simples: em “aplicações financeiras”. No caso da crise dita de “subprime”, na “compra de pacotes de títulos ‘colectivos’ de dívidas/hipotecas.” Na compra e na revenda... 9. O problema é quando esse “castelo de cartas” fica demasiado alto ou demasiado “esticado” (literalmente como no esquema da D. Branca ) a certa altura há uma carta que cai e vem tudo por aí abaixo. 10. Poder-se-á perguntar o que é que a “nunca por demais referida ‘lei da tendência decrescente da taxa de lucro’” tem a ver com isto. Imagine-se que esta lei da economia política está para o funcionamento da economia capitalista como a lei da gravidade está para a física no âmbito cá do nosso planeta. O avião – qualquer avião – pode ir voando, voando, voando... Mas quando se acaba o combustível acaba por ter que “aterrar”... 11. No que diz respeito à malfadada “lei da tendência decrescente da taxa de lucro”, logo a seguir a ter sido formulada por Marx – até para explicar (a “última causa” dos filósofos...) as crises do sistema capitalista, saíram de imediato a terreiro uma série de economistas neoclássicos a “demonstrar” que o Marx estava errado e que não havia nenhuma tendência decrescente. Qual tendência qual carapuça?... A mais recente dessas “demonstrações” foi apresentada já nos anos Sessenta do séc. XX por um economista japonês, de seu nome Nobuo Okishio. “Demonstra-se" aí que antes pelo contrário, de acordo com as premissas do próprio Marx até há é uma tendência crescente da taxa de lucro. Há muita boa gente que acredita nisso, no teorema de Okishio. Tal como também há muito boa gente que acredita que “Deus criou o mundo em sete dias”... Por outras palavras, cá por mim, cada um é livre de acreditar no que mais lhe apetecer. [ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ] |