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Subject: Ainda a estória da crise | |
Author: Guilherme da Fonseca-Statter |
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Date Posted: 9/10/08 21:23:32 Acabei há pouco de ouvir mais uma ronda de noticiários nacionais e internacionais e, como é natural, tropecei em diversos comentadores opinando sobre as “saídas para a crise”. Quase todos – ou mesmo todos, se bem me lembro – quando referem a “intervenção estatal” para apoiar, salvar ou resgatar instituições financeiras (quase sempre simplesmente bancos...), tocam todos pelo mesmo diapasão de “não serem os contribuintes a pagar a crise”. Já foi assim com muitos dos Republicanos no Congresso dos "States", é assim com comentadores de centro-esquerda em França, é assim mo Reino Unido... Em ideia, em si, parece correcta: porque razão há-de o comum dos cidadãos pagadores de impostos arcar com os prejuízos e custos resultantes das asneiras dos gestores daquelas instituições? Só que tal como a acontece com a aparência da Terra ser plana e ser o Sol que anda à volta da Terra, também aqui se poderá dizer que as “aparências iludem”. Em primeiro lugar, de facto, todos nós (sem excepção) beneficiámos da “especulação financeira”. De uma forma ou outra (e tirando os casos de fraude e crime de “colarinho branco”... e mesmo aí...) nós todos (mesmo os desempregados...) tirámos proveito da construção de casas (por exemplo...) em excesso e para as quais se veio agora a verificar que, em vez de “valerem 100”, afinal “só valem 50”. Enquanto essas casas (por exemplo) iam sendo fabricadas toda uma rede intricada de actividades económicas ia sendo mantida a funcionar, em todo o mundo, dando emprego a milhões de trabalhadores que, de outra maneira já tinham ido para o desemprego há mais tempo. Onde está “casas” leia-se, por exemplo, automóveis, telemóveis, computadores, bicicletas, electrodomésticos ou, etc., etc., e ter-se-á uma ideia do significado da expressão “sobreprodução”. Não havia “poder de compra solvente”, recorria-se ao crédito e o assunto – o “ajuste de contas” - ia sendo adiado. Pois, chegou a altura de “pagar a factura”. Em segundo lugar, mesmo sem as referidas fraudes e eventuais crimes de “colarinho branco”, mesmo assim teríamos chegado – se calhar já há mais tempo – a esta situação de “crise financeira”. A lógica intrínseca do sistema capitalista terá propiciado a emergência desta crise, na medida em que os banais sistemas de motivação e incentivo dos gestores dos fundos de pensão (e de quem quer que seja que tenha amealhado alguma pequena fortuna e tenha preferido passar a “viver dos rendimentos”), impuseram há muito tempo e a todos eles a necessidade imperiosa de “aplicar os seus capitais”. Aplicar em quê?... Em que “oportunidades” de investimento?... Mas atenção! Não se trata de “passar uma esponja” sobre tudo aquilo que aconteceu nessa financeirização do sistema, à pala de que, por acção ou omissão “todos fomos e somos responsáveis”. Não. A questão é outra e é mais grave. É que com o discurso politicamente correcto de que não devem ser os contribuintes a pagar a crise, passa às escondidas a ideia sub-reptícia de os “ricos (não) paguem a crise”... Sim, porque os ricos também são contribuintes!!! A questão estará então em desenvolver mecanismos de aplicação e cobrança de impostos (para salvar os resgatar os bancos que seja preciso resgatar...) que incidam selectivamente sobre aqueles que mais aproveitaram com a “festa da financeirização”. Ou seja, a título de exemplo e para que conste, eu não me importo de desembolsar 1% dos “rendimentos” (os ordenados e a reforma) que recebi ao longo dos últimos 10 anos (por exemplo) para “pagar a crise”, se estiver seguro de que os gestores de fundos de pensões e de bancos de investimentos e outros que tais, irão pagar 50% a 90% desses seus rendimentos, na medida em que cada um deles beneficiou, no mínimo, 100 vezes mais do que eu com a dita cuja “festa da financeirização”. Por isso, por favor, não me venham mais com a conversa de que “não está certo que sejam os ‘contribuintes’, ‘les contribuables‘, ‘the taxpayers’ a “pagar a crise”... [ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ] |
Subject | Author | Date |
Re: Ainda a estória da crise | vida a trabalhar o dia inteiro constr........... | 10/10/08 12:05:54 |
Re: Ainda a estória da crise | Será que não almoços gratis? | 10/10/08 16:45:48 |
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