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Subject: VITOR JARA, OU A BOÇALIDADE À SOLTA | |
Author: António Vilarigues |
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Date Posted: 17/05/08 19:30:55 1. Víctor Jara nasceu no Chile em 1932. Foi músico, cantor e director de teatro. Morreu assassinado a 15 de Setembro de 1973 no Estádio que desde o ano 2003 tem o seu nome. Tinha 41 anos. Foi preso com mais 600 professores e estudantes a 12 de Setembro e levado para o Estádio Chile, onde se aglomeravam milhares de prisioneiros. No dia do golpe de Pinochet, 11 de Setembro de 1973, deveria actuar no comício onde o Presidente Salvador Allende, também ele assassinado, ia anunciar ao povo chileno a realização de um referendo. Victor Jara foi de imediato reconhecido pelos oficiais fascistas. Mãos na nuca foi logo ali pontapeado dezenas de vezes no corpo e no rosto. Os seus amigos e companheiros assistiam impotentes sob a mira das espingardas e metralhadoras. Como se as botas já não chegassem começam a bater-lhe com a pistola. O rosto fica rapidamente empapado de sangue. Na noite de 12 para 13 jaz no chão sob custódia dos militares e sem possibilidade de auxílio. Não lhe dão alimento. Nem mesmo água. É exibido como troféu entre os oficiais. No meio da bestialidade, dos presos que vão chegando, das torturas e dos assassinatos os seus esbirros parecem esquecê-lo. Passa os dias 13 e 14 entregue aos cuidados dos seus companheiros de infortúnio. Mas de novo a 15 voltam à carga. É insultado, espancado a pontapés e coronhadas. Já não se consegue levantar. É a última vez que é visto com vida. Antes tinha escrito o seu último texto. Um poema: Estadio Chile -“Somos diez mil manos menos/Que no producen./¿Cuántos somos en toda la Patria?/La sangre del compañero Presidente/golpea más fuerte que bombas y metrallas./Así golpeará nuestro puño nuevamente./Canto, qué mal me sales cuando tengo que cantar espanto./Espanto como el que vivo/como el que muero, espanto”. Nesse mesmo dia à tarde é visto crivado de balas junto com mais cinquenta prisioneiros. No dia 16 o seu corpo é despejado no cemitério Metropolitano. Foi sobre este homem e sobre estes acontecimentos que o sociólogo Alberto Gonçalves escreveu na revista «Sábado» palavras cheias de um tolo pedantismo e de um atrevimento ignorante. O problema deve ser meu, mas desconhecia que a ironia boçal e execrável sobre a morte e a tortura rendesse euros a quem escreve. E, pelos antecedentes, a quem paga também. 2. António Barreto não é nenhum mentecapto. É professor catedrático e sociólogo. Analista e comentador. Tem uma actividade de intervenção política conhecida – em várias organizações de quadrantes políticos muito diferentes – de quase meio século. Foi secretário de estado e ministro. Mais. António Barreto foi durante alguns anos militante do PCP. Dele saiu em finais dos anos 60 em ruptura pela «esquerda» (maoista). Portanto tinha toda a obrigação de concluir sobre a pretensa carta do Almirante Rosa Coutinho o mesmo que Pacheco Pereira, que nunca foi membro do PCP: «Há documentos genuínos com este tom, mas em movimentos doutro tipo, milenários, religiosos, étnicos, mas não existe nada de parecido no movimento comunista.». E nem me passa pela cabeça insinuar que a proximidade entre a data da publicação do controverso artigo e o regresso do secretário-geral do PCP da sua deslocação a Angola e África do Sul é algo mais do que isso: uma infeliz coincidência. Salazar dizia que «em política o que parece é». Eu não! Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação 2008-05-12 António Vilarigues anm_vilarigues@hotmail.com [ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ] |
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Re: VITOR JARA, OU A BOÇALIDADE À SOLTA | a.afonso | 21/05/08 14:28:54 |