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Subject: «Potencialmente é uma situação extremamente grave


Author:
Robert Reich*
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Date Posted: 11/02/08 18:56:03

Robert Reich* : «Potencialmente é uma situação extremamente grave

Robert Reich, um homem do sistema, diz que a política de globalização há muitos anos favorece “o consumo e o investimento, mas que em contrapartida retira ao cidadão o controlo duma parte da sua vida e enfraquece a democracia. Os norte-americanos estão hoje inquietos com o seu emprego, a sua segurança social e a saúde, com a sua pensão de reforma, com o valor da sua casa”

Eric Leser - 11.02.08

Le Monde: Acredita que os Estados Unidos entrarão este ano em recessão?
Robert Reich: Sim. A probabilidade de uma recessão é muito elevada, porque a confiança dos consumidores diminui rapidamente, os casais já não podem pedir mais crédito, já não podem financiar-se pondo em risco a sua habitação, estão muito inquietos quanto aos seus empregos. Temos todos os sinais de uma recessão.

Le Monde: Esta recessão será grave?
Robert Reich: Ainda é cedo para o afirmar. Não se sabe qual é a exacta amplitude da crise de crédito. Desde há meses que só há más surpresas e os bancos não param de reavaliar os seus créditos malparados. Ainda se está longe do fim do período de limpeza. E a recessão vai aumentando mecanicamente por causa dos créditos comprometidos. Potencialmente é uma situação verdadeiramente grave.

Le Monde : O que é que a Reserva Federal (FED), a administração e o Congresso devem fazer?
Robert Reich: O FED mostrou a vontade de continuar a baixar as taxas de juro, e o presidente George W Bush, tal como os parlamentares democratas falam de ajudas fiscais, mas é preciso que estas sejam muito rápidas. A estratégia a adoptar pelo governo é muito simples. Primeiramente, fazer despesas sociais suplementares seria de eficácia mais lenta que diminuir imediatamente a pressão fiscal (antecipação na origem). Depois, prioritariamente aos ricos, é sobretudo necessário ajudar as pessoas que têm rendimentos muito modestos e que dependem muito das ajudas recebidas.

Le Monde: Como é que explica que, há seis meses, ninguém tenha previsto a amplitude da crise do imobiliário americano (subprimes)?
Robert Reich: Ninguém podia imaginar que os bancos, que tanto dinheiro investem, estivessem tão mal informados sobre o riscos que assumiam. As instituições de fiscalização não fizeram o seu trabalho e mediram mal os riscos. Isto, sem falar dos conflitos de interesse. A forma como as remunerações são determinadas nos estabelecimentos financeiros também está em causa: ela encoraja a assumpção de riscos e penaliza pouco as estratégias arriscadas.

Le Monde: No seu último livro, chama a atenção para a crescente oposição à mundialização entre a população norte-americana. É um fenómeno ligado à conjuntura ou é mais profundo?
Robert Reich: É muito mais profundo. É a rejeição de um sistema há muitos anos favorável ao consumo e ao investimento, mas que em contrapartida retira ao cidadão o controlo duma parte da sua vida e enfraquece a democracia. Os norte-americanos estão hoje inquietos com o seu emprego, a sua segurança social e a saúde, com a sua pensão de reforma, com o valor da sua casa.

O que hoje vemos na campanha eleitoral presidencial é o regresso do discurso contra a mundialização, o comércio internacional e a imigração. É a primeira vez, desde a segunda guerra mundial, que nenhum dos partidos tem um candidato que se diga favorável a uma maior liberdade comercial. Assistimos aos primeiros sintomas do regresso ao isolacionismo nos Estados Unidos.

Le Monde: Isso não está ligado aos erros cometidos pela administração Bush?
Robert Reich: Evidentemente, mas é a rejeição de um fenómeno que existe há mais de três dezenas de anos e que se traduz, nomeadamente, no aprofundamento das desigualdades. O salário médio nos Estados Unidos, tendo em conta a inflação, dificilmente é superior ao que era em 1970. A mundialização só beneficiou os que já estavam bem. Um por cento dos norte-americanos mais ricos açambarca 20% do rendimento nacional, enquanto a metade da população com os rendimentos mais baixos não recebe mais de 12,6%. Para empregar uma expressão francesa, por este caminho estamos a minar o nosso «contrato social» e a nossa democracia.

Esta entrevista foi publicada no Le Monde em 19 de Janeiro de 2008.

* Robert Reich é professor da Universidade de Berkeley, Califórnia, foi secretário de Estado do Trabalho da administração Clinton e é conselheiro da candidatura de Barack Obama.

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