VoyForums
[ Show ]
Support VoyForums
[ Shrink ]
VoyForums Announcement: Programming and providing support for this service has been a labor of love since 1997. We are one of the few services online who values our users' privacy, and have never sold your information. We have even fought hard to defend your privacy in legal cases; however, we've done it with almost no financial support -- paying out of pocket to continue providing the service. Due to the issues imposed on us by advertisers, we also stopped hosting most ads on the forums many years ago. We hope you appreciate our efforts.

Show your support by donating any amount. (Note: We are still technically a for-profit company, so your contribution is not tax-deductible.) PayPal Acct: Feedback:

Donate to VoyForums (PayPal):

Login ] [ Contact Forum Admin ] [ Main index ] [ Post a new message ] [ Search | Check update time | Archives: 123456[7]89 ]
Subject: A propósito dos 160 anos do Manifesto


Author:
Guilherme da Fonseca Statter
[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]
Date Posted: 7/03/08 20:51:30

De vez em quando, a propósito deste ou daquele aniversário de uma data marcante na História do movimento anti-capitalista, surgem alguns escritos a referir e a "esclarecer" mais uma vez (até porque faz sempre falta) o que disseram (ou deixaram de dizer) Marx e Engels.
Infelizmente, o mais das vezes, é uma reelaboração mais ou menos acrítica daquilo que por vezes mais parecem ser as sagradas escrituras. Infelizmente, algumas vezes aquilo que se reclama de "análise marxista" são pouco mais do que "ensaios marxianos", no sentido literal de "estudo daquilo que escreveu Marx". Um pouco como os ensaios queirozianos, camilianos ou camoneanos.
Também a propósito dos 160 anos do Manifesto, eu começarei por chamar a atenção para o facto, historicamente incontornável de que, se é verdade que a luta de classes tem sido e continua a ser o motor da História, também não deixa de ser verdade que - pelo menos até agora - nunca foram as classes espoliadas (do valor excedente produzido) quem veio a assumir o poder político.
Quem sempre tem assumido o poder têm sido aqueles grupos sociais (ou classes) que "sabiam ao que vinham", que melhor interpretavam "os ventos da História", aproveitando-os em seu benefício.
Há várias contradições fundamentais no sistema capitalista, desde a contradição entre a "esfera da produção" (de valor excedente) e a "esfera da 'distribuição'" (do mesmo valor excedente), até à contradição entre a tendência para a automatização dos processos de produção - em busca do lucro máximo - e o desemprego crescente que isso acarreta e que tende a reduzir o poder de compra do mesmo produto (e por conseguinte a "concretização do valor excedente sob a forma de lucro"), são várias as contradições.
Também a propósito de vários aniversários da obra de Marx, vêm muitas vezes à colação referências, mais ou menos escolásticas, sobre o que é ou deixa de ser a dialéctica e o materialismo histórico. Mas, mais uma vez, infelizmente parecem ser raras as discussões sobre o que é que isso tem a ver hoje com as condições concretas em que se tem desenvolvido o sistema capitalista ao longo das ultimas décadas. Estou a pensar mais concretamente em "coisas" como a transformação do "contrato fordista", o fim do antigo "taylorismo" e a emergência de um "novo taylorismo".
Com o antigo taylorismo facilitava-se a formação da consciência de classe ao mesmo tempo que, debaixo dos alicerces dessa "formação de consciência de classe" se cavavam os túneis da automatização e do controle remoto de 'N' processos fabris espalhados por esse mundo fora, túneis esses que têm corroído os tais alicerces da "formação de consciência de classe".
Como ensinaria o modo de pensar dialéctico, nada disto é linear e sempre se vai continuando a assistir a lutas de classes, entremeadas com lutas de libertação nacional (não é mesma coisa...).
Estou a pensar também na passagem do sistema-mundo de uma situação de "sistema tendencialmente aberto" para uma situação de "sistema tendencialmente fechado". Facto histórico fundamental e que ocorreu já há mais de 100 anos.
Como também ensinaria o modo de pensar dialéctico, o confronto fundamental em causa no sistema capitalista acaba por se poder "resumir" ao confronto entre o "Capital (trabalho morto)" e o "Trabalho (capital vivo)".
Se os elementos ou grupos sociais mais conscientes das diversas contradições e tendências do sistema capitalista quiserem mesmo efectivar a "revolução anunciada" por Marx e Engels, talvez não fosse má ideia começarem por procurar entender como é que o sistema funciona mesmo. Em que é que Marx tinha razão e em que é que se enganou. Sem complexos.
Por mim estou convencido que Marx - se pudesse hoje falar-nos - nos diria para estudar a realidade concreta à nossa volta e que deixássemos os "estudos marxianos" aos académicos mais interessados.
No dia em que uma maioria daqueles elementos ou grupos sociais venha a entender o funcionamento intrínseco do sistema, nesse dia haverá boas hipóteses de superar o capitalismo.
É tão simples como isso. Mas também é caso para dizer, "se a minha avó tivesse asas, voava".
Pois, e é tão simples como isso.

[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]


Post a message:
This forum requires an account to post.
[ Create Account ]
[ Login ]
[ Contact Forum Admin ]


Forum timezone: GMT+0
VF Version: 3.00b, ConfDB:
Before posting please read our privacy policy.
VoyForums(tm) is a Free Service from Voyager Info-Systems.
Copyright © 1998-2019 Voyager Info-Systems. All Rights Reserved.