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Subject: Um símbolo


Author:
Vasco Pulido Valente (Publico, 23.12.2007)
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Date Posted: 23/12/07 8:50:32

Um símbolo

O nosso banco - o meu banco e o seu banco - devia ser o exemplo da solidez, da segurança, da respeitabilidade: a certeza de que o nosso dinheiro - o meu e o seu dinheiro - estava em boas mãos: mãos sábias, mãos prudentes, mãos de uma inatacável virtude. Sobretudo, se esse banco era o Millennium-BCP, o maior de Portugal, fundado e dirigido por uma espécie de Madre Teresa das finanças, perto da beatificação, o muito venerado Jardim Gonçalves. Mas, de repente, o Millennium-BCP entrou numa agitação inexplicável. Jardim Gonçalves saiu solenemente para a reforma e parece que se arrependeu e quis voltar. O sucessor resistiu. Accionistas peroraram e não se coibiram de insinuar. Assembleia geral atrás de assembleia geral aumentou a confusão. Personagens pouco cardinalícias, como Joe Berardo, ocuparam o centro da cena. E o depositário, entretanto, tremia.
Houve uma OPA, que falhou, e a seguir uma tentativa de fusão, que tornou a falhar, e a seguir uma nova direcção, que logo do princípio tinha um ar efémero. Cada vez se percebia menos da história, quando caiu o tecto. Uma denúncia de ilegalidade e descaminho de 200 milhões chamou ao nosso banco (ao meu e a ao seu), que guarda o nosso dinheiro (o meu e o seu), a Procuradoria-Geral da República e o Departamento de Investigação e Acção Penal. E o caso não ficou por aqui, perdido nesse perpétuo nevoeiro que por aqui sempre afoga devaneios do género. Na pessoa do dr. Vítor Constâncio, veio agora a intervenção majestática do Banco de Portugal e, na pessoa de Carlos Tavares, da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), e até a Securities and Exchange Comission, uma autoridade americana, já se meteu zelosamente no assunto. O nosso banco (o meu e o seu), com quem contávamos como se conta com as pirâmides do Egipto, anda claramente aos tombos.
Anteontem, segundo uma fonte fidedigna, Vítor Constâncio ofereceu um conselho aos membros da actual administração: que não se candidatassem à próxima. Nem eles, nem qualquer das luminárias que geriu a coisa entre 1999 e 2007. Dizem, segundo a mesma fonte, que para evitar alguma situação de embaraço. É triste que uma instituição privada (e uma instituição privada desta importância) chegue onde chegou em tão pouco tempo. Não se engana quem desespera do capitalismo português. Corre, de resto, que o presidente da Caixa Geral de Depósitos irá daqui em diante mandar no Millennium-BCP. Simbólico.

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