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Subject: 400,00 euros


Author:
Reis Pinto
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Date Posted: 5/01/08 11:10:41

Casal e bebé de 18 meses dormem ao relento


Reis Pinto

"Ontem, só o bebé comeu. Andámos o dia todo a correr para a Segurança Social, pois não podemos viver mais tempo na rua. Ligo para o 144 [linha de Emergência Social] que me encaminha para a Segurança Social e lá dizem-me que vão resolver o assunto. Mas não podemos continuar assim. Passamos o Natal na rua". As palavras saem, com tristeza, da boca de António Cruz Silva. A seu lado, a companheira, Patrícia Silva Gomes, segue-lhe o olhar desolado, enquanto segura, no colo, Gonçalo, 18 meses, filho de ambos.

O casal viveu durante algum tempo em casa dos pais de Patrícia Silva, no Bairro do Lagarteiro, Camapnhã, Porto, mas teve de sair quando nasceu o bebé. "Estivemos um tempo em casa de um cunhado, em Fânzeres (Gondomar), mas não dava para ficar. Depois, andamos por aí. Dormíamos em casa desocupadas, de onde éramos expulsos pela Polícia, em entradas de prédios ou em dependências bancárias. Mas ficávamos de fora, para as pessoas não pensarem que as queríamos assaltar", sublinhou António Cruz Silva.

Só na Rua de Pinto Bessa, dormiram em quatro casas, que depois foram entaipadas ou fechadas a cadeado . Exceptuando a da foto, que começou a ser reabilitada. Anteontem e ontem, os três dormiram em casa dos pais de Patrícia, onde guardam os cobertores que os protegem do frio.

"Estamos desempregados e vamos a todas as entrevistas marcadas pelo Centro de Emprego. Estou inscrito em todas as empresas de trabalho temporário que conheço e ninguém nos chama. Vivemos do Rendimento Social de Inserção e do abono do Gonçalo, o que dá pouco mais de 400 euros. Passámos fome para que nada falte ao Gonçalo", referiu António.

O casal tem uma entrevista marcada para a próxima terça-feira com uma técnica do Instituto de Segurança Social. "Ontem [anteontem] liguei cinco vezes para o 144. Eles sabem que estamos a dormir na rua, mas só nos atendem na terça-feira", relata, indignado.

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