Show your support by donating any amount. (Note: We are still technically a for-profit company, so your
contribution is not tax-deductible.)
PayPal Acct:
Feedback:
Donate to VoyForums (PayPal):
[ Login ] [ Contact Forum Admin ] [ Main index ] [ Post a new message ] [ Search | Check update time | Archives: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, [8], 9 ] |
Subject: Aqui há gato | |
Author: António Vilarigues (Público, 10.01.2008) |
[
Next Thread |
Previous Thread |
Next Message |
Previous Message
]
Date Posted: 10/01/08 8:45:52 A parte dos salários no rendimento nacional, que atingiu os 59 por cento em 1975, era de 40 por cento em 2004 Os leitores que me desculpem a redundância mas, ou muito me engano, ou andam a enganar-nos. Como diz a sabedoria popular, "aqui há gato". Desde a introdução da nova moeda, o fenómeno alastrou a vários países da chamada "zona euro". Assiste-se, nomeadamente em França, Itália e outros, a um divórcio crescente entre os números oficiais e o real nível de rendimentos da maioria da população. Sobre este facto se têm pronunciado cada vez mais economistas, e não só, insuspeitos de simpatia pelo marxismo-leninismo, ou mesmo pelo movimento sindical. Também em Portugal há uma contradição insanável entre a taxa oficial de inflação e a real subida do custo de vida sentida por todos nós. A culpa, obviamente, não é dos funcionários do INE. Mas sim dos critérios que estão subjacentes à composição do chamado "cabaz de compras" (despesas). Cabaz a partir do qual se calcula a referida taxa. Este cabaz tem ainda como referência o inquérito aos orçamentos familiares realizado em 2000 (antes da entrada de Portugal na zona euro). E do qual não faz parte (???), por exemplo, o valor dos chamados empréstimos à habitação. É verdade que um novo inquérito às despesas familiares foi realizado em 2005. Mas os seus resultados ainda não são conhecidos, tendo a sua divulgação vindo a ser adiada mês após mês. O que não deixa de ser muito estranho. Será que a central de informações do Governo classificou este documento como de "muito secreto"? Só pode. Mistério dos mistérios: nada faz subir a taxa de inflação. Nos empréstimos à habitação, que abrangem mais de 1.600.000 famílias (cerca de metade das famílias portuguesas), as taxas de juro subiram, em 2007, perto dos 25 por cento. Para 2008, as perspectivas não são muito melhores. Na saúde, as despesas agravaram-se em média 7,5 por cento (três vezes mais do que a inflação registada). Só as despesas dos portugueses com os serviços hospitalares cresceram no mesmo ano 53,8 por cento. Nos transportes, o aumento para 2008 é 3,9 por cento, com a reserva de que haverá nova actualização. O acréscimo do preço do pão poderá chegar aos 30 por cento. Os restantes produtos alimentares rondarão os cinco a 10 por cento. A subida no preço da electricidade será de 2,9 por cento. Os aumentos no gás andarão entre os 4,3 e os 5,2 por cento. Os novos preços nas portagens já estão em vigor com um acréscimo de 2,6 por cento. A intenção do Governo é aumentar, na saúde, as taxas moderadoras em quatro por cento. Nos combustíveis, o agravamento é certo, mas o seu valor é um enorme ponto de interrogação com repercussões em quase todos os produtos de consumo. E, no entanto, a taxa de inflação prevista para 2008 é de 2,1 por cento. Sem comentários... É sabido que é no conjunto dos trabalhadores e reformados que de uma forma mais violenta se faz sentir o brutal aumento do custo de vida. A realidade evidente é que a taxa de inflação é, em Portugal e na União Europeia, sobretudo um importante instrumento e um garrote para fazer conter a evolução dos salários e das pensões. É um meio para agravar ainda mais a injusta repartição do rendimento nacional. Recorde-se que a parte dos salários no rendimento nacional, que atingiu os 59 por cento em 1975, era de 40 por cento em 2004. A verdade nua e crua é que a taxa de inflação é uma ferramenta fundamental da política de efectivo favorecimento dos lucros e da acumulação capitalista em detrimento de uma justa valorização dos salários e pensões. Política que tem sido impiedosamente praticada pelos sucessivos governos, com particular destaque para o de José Sócrates. [ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ] |