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Date Posted: 10:15:42 03/24/02 Sun
Author: Dil
Subject: Miss Estados Unidos 2002: racismo e politicamente correto nos concursos de beleza

A vitória do belo em Trumpland


Tal como aconteceu nas recentes eleições das Misses Venezuela, Porto Rico e México, a vitória da Shauntay Hinton como Miss Estados Unidos 2002 vem despertando reações de descontentamento que vão além das clássicas polêmicas sobre resultados de concursos de beleza.
A quinta negra a vencer o Miss EUA em 12 anos, Shauntay Hilton freqüentou listas de favoritas, mas sua vitória surpreendeu muita gente.
Já há quem afirme que ela não tem chances nem como semifinalista no Miss Universo. Analisando historicamente, a representante dos EUA, como sabemos, é sempre uma presença freqüente no Miss Universo. De 1952 a 2001 apenas 3 vezes (1957, 1976, 1999) os EUA não chegaram às semifinais.

Na internet, as discordâncias em relação aos resultados do Miss EUA, confundem-se com reações racistas não apenas à vitória de Shauntay mas também a um top 5 com 4 misses negras. Isto faz parte da maneira pela qual a sociedade americana gerencia suas diferenças. Conflitos e conquistas das "minorias" que felizmente vêm quebrando a hegemonia de um único padrão de beleza, sem dúvida racista. Uma outra forma de racismo seria privilegiar, em nome do "politicamente correto", esta ou aquela candidata em função de ser negra, por exemplo.
O desafio talvez seja administrar o "politicamente correto", garantindo espaços a outras formas de beleza que não apenas a Barbie loira mas, ao mesmo tempo, assegurar que a vencedora - independente de questões raciais - seja realmente bela.


A julgar pelas fotos, o Miss EUA este ano tinha mulheres em condições de chegarem na frente em qualquer um dos grandes concursos internacionais. Neste sentido, não creio que Shauntay Hinton tenha sido a melhor opção. Talvez no Miss Universo (e após ver a fita do Miss EUA) esta impressão seja redefinida e ela convença mais do que o fez até aqui.


Creio que o Miss EUA visa especialmente o mercado nacional, tal como ocorre com certos concursos europeus. Seu objetivo não é necessariamente produzir uma nova Miss Universo, mas garantir sua posição num mercado onde compete - sempre em segundo lugar - com o Miss América. E, já há bastante tempo, o Miss América deixou claro, com aprovação do público, que não basta ser bela e ter "stage presence" para ser "rainha" em terras de Tio Sam. É preciso ter educação, desenvoltura, talento, vocação e profissionalismo. Parece que, apesar das diferenças entre ambos concursos, este padrão vem influenciando cada vez mais Miss EUA.
Se realmente a prioridade absoluta do Miss EUA fosse eleger a Miss Universo, provavelmente a vencedora seria outra candidata. Isto não significa, porém, que Miss EUA não vá vencer o Miss Universo. Tudo pode acontecer em Trumpland...


Como já se mencionou muitas vezes, estes concursos fazem parte de uma indústria que mobiliza milhões de dólares. Para muitos, Trumpland busca suas metas a partir de 3 concursos (Miss EUA, Miss EUA Teen e Miss Universo) que só aparentemente seriam independentes. Do ponto de vista "business" formariam parte de uma mesma estratégia cuja maior símbolo seria a recente safra de vencedoras de 2001: uma Miss Universo "latina", uma Miss EUA loiríssima e uma Miss EUA Teen negra...
Se esta lógica faz sentido, qual seria a estratégia de Trumpland para 2002?

Parabéns a Shauntay Hilton, Miss EUA 2002


Um abraço a todos

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