Subject: Novo Rumo Comunista (Público) |
Author:
Iskra
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Date Posted: 10:21:41 09/08/02 Sun
Um Novo Rumo Comunista
Domingo, 8 de Setembro de 2002
Quando Lenine regressa à Rússia em 1917 salta-lhe aos olhos uma Revolução cujo dinamismo está impregnado de espontaneidade. Indiferente a muitas definições e programas. Lenine defende simplesmente: o pão e a paz para todos, a terra para os camponeses, o controlo das empresas para os operários e a emancipação para as nacionalidades.
O desenvolvimento da Revolução é o fruto e a soma de muitas vontades espontâneas, por vezes antagónicas. Lenine governou seis anos, mas o seu legado prolongou-se por dezenas. A questão que não se pode iludir é que com o fim da URSS foi mostrado ao Mundo que a prática burocrática repressiva não resolveu os problemas do povo e os principais obreiros foram os dirigentes imaculados do cume da pirâmide soviética.
Há dezenas de anos nasceu uma grande causa - a da Revolução socialista em que o proletariado dirigido por um partido de vanguarda e em seu nome tomou o poder de Estado para tentar socializar os meios de produção. O fracasso da causa foi enorme. Registe-se que todos os dados que poderiam tomar verosímil tal transformação alteraram-se com o tempo - o modo de produzir, as estruturas de classe, as tecnologias, as lógicas políticas, as realidades sociais, as motivações pessoais, etc. A bem dizer, esta ideia comunista findou o seu caminho.
Hoje, o conceito de classe operária, socialismo, revolução, partido de vanguarda tem significados diferentes: a causa comunista mantém-se na sua acepção mais essencial, mas tudo difere nas suas determinações concretas. No PCP, opera-se a clivagem entre os que pensam o comunismo arcaico, conservador, que recusa admitir o fim do passado sem perspectivas de futuro, e um comunismo em renovação atribuindo-lhe a tarefa de exploração teórica e prática da nova oportunidade histórica de ultrapassar o capitalismo de hoje, desenhando uma invenção de nova cultura política, de nova organização interna comunista. A nova formulação política comunista deve consubstanciar um relato de teimosia continuada para oferecer um combate objectivo de causas para tomar algo mais grandioso e necessário, subjectivamente e objectivamente, da necessidade de acabar com uma selvática sociedade de classes. Construindo uma sociedade comunista, de liberdade política, sem negar o conceito comunitário, autonómico, fazendo valer o legado marxista, do completo e livre desenvolvimento de todos os indivíduos. Criar uma sociedade que seja capaz de superar o capitalismo, exigindo mais do que a socialização dos meios de produção, pondo fim ao acto em si mesmo da exploração do Homem pelo Homem. O PCP deve ser a grande casa de todos os comunistas.
José Manuel Faria, Vizela
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