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Subject: Jorge Nascimento Fernandes explica.


Author:
Rui Nogueira
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Date Posted: 17:03:18 07/30/02 Tue
In reply to: Jorge Nascimento Fernandes 's message, "O estilnismo e o PCP" on 16:32:22 07/30/02 Tue

Aqui está a explicação para muitas questõse que se colocam muitos militantes do PCP quanto aos camaradas que compõem os organismos executivos da direcção do partido.
Lúcida e inteligente, esta explicação deverá fazer-nos repensar.
Muito obrigado, Jorge N. Fernandes pela tua capacidade de análise e pela tua inteligência, porventura tão rara neste fórum.
Um abraço
Rui Nogueira

>O estalinismo e o PCP
>
>Há tempos, a propósito de uns pedidos de informação
>que o José Braz me fez sobre a NEP, remeti-o para um
>texto de Paul Sweezy, que fazia a recensão do livro
>de Charles Bettelheim, “A Luta de Classes na URSS”,
>livro esse, que no fundo defendia o mesmo ponto de
>vista sobre a exploração dos camponeses que o expresso
>pelo Mikhail Gorbatchov. Quanto ao assassino da
>maioria dos membros do Comité Central eleito no XVII
>Congresso do PCUS, em 1934, o chamado "Congresso dos
>Vencedores", está mais do que documentado em montes de
>livros, mesmo editados em português. Portanto, ninguém
>pode invocar ignorância.
>O problema do estalinismo no nosso Partido é bem mais
>complexo. Em primeiro lugar, porque o nosso Partido
>depois da luta vitoriosa, com os anarquistas, nos anos
>20 e 30, e depois da reorganização empreendida pelos
>regressados do Tarrafal, a que se juntou Cunhal, era,
>sem dúvida nenhuma, um produto da III Internacional,
>com todas as características e tiques que os camaradas
>que frequentaram as suas Escolas de Quadros iam
>adquirindo. Cunhal é também um produto dessa época, e
>uma geração de comunistas da clandestinidade e depois,
>já na democracia, foram frequentemente frequentar
>cursos na ex-URSS, que apesar da desestalinização
>liam, sem dúvida nenhuma, pela mesma cartilha.
>A capacidade de resistência, o trabalho conspirativo
>do nosso Partido durante o fascismo são o resultado da
>exigência leninista de um partido de revolucionários
>profissionais, mas agravada e, muitas vezes
>desvirtuada, pela posterior intervenção da organização
>estalinista que vingou nos partidos da III
>Internacional. O culto exagerado do centralismo em
>detrimento da democracia, a eliminação das vozes
>discordantes e a ausência de crítica, que era
>transformada na aniquilação moral do adversário ou no
>seu amesquinhamento pela autocrítica, a justificação
>excessiva do trabalho colectivo, desvalorizando os
>contributos individuais, são algumas das
>características mais negativas dessas práticas
>estalinistas.
>Muitas destas características que, numa situação
>excepcional, que era a da clandestinidade, se poderiam
>justificar, foram posteriormente ficando e foram
>consideradas virtudes no Partido actuando no Portugal
>democrático. A direcção do PCP é formada no fundo por
>camaradas que se formaram na clandestinidade ou são
>herdeiros das suas regras, a compreensão dos novos
>tempos é qualquer coisa que lhes escapa.
>Tem se acusado a Direcção do Partido ser dominada
>excessivamente pelos funcionários, que, incapazes de
>se adaptarem a uma nova vida, perpetuam o seu poder
>eternamente. Isto podendo ser verdade, encontra, no
>entanto, a sua justificação fundamental, em primeiro
>lugar, na prática da clandestinidade e, mas mais
>longinquamente, nas características organizacionais
>dos partidos criados durante a III Internacional.
>Estas são algumas contribuições possíveis para a
>explicar a situação de uma Direcção que chegou ao
>século XXI com um autismo acentuado em relação a tudo
>o que é novidade.

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