Author:
Jorge Nascimento Fernandes
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Date Posted: 01:17:54 08/05/02 Mon
In reply to:
Fernando Redondo
's message, "Depois de Marx é proibido pensar ?" on 08:48:10 08/04/02 Sun
Caro Fernando
Eu tenho aparecido muitas vezes aqui neste fórum como o guardião do templo. Aquele que acha que o que foi dito por Marx se deve conservar para todo o sempre, ou seja, o ortodoxo. Puro engano, pelo menos não é essa a minha pretensão.
Simplesmente, sinto muitas vezes que se voltam a utilizar argumentos que já Marx combatia. Retomam-se polémicas que já fizeram a sua época e por isso parece-me que temos que estar um pouco à frente.
Este tema do que poderá ser um país socialista parece-me que é um daqueles que vem do fundo da história do socialismo. Não quer dizer que essa descrição não pudesse ser feita. Hoje, com a experiência da URRS, até era possível fazer a descrição do que poderia ser a sociedade socialista.O texto de Rui Nogueira resulta um pouco dessa experiência, ou seja recusa-se tudo aquilo que nos pareceu errado no campo da defesa dos direitos do homem e do estado de direito e junta-se-lhe uma pitada de controlo dos meios de produção.
O que eu quis chamar a atenção foi para a dificuldade de se definir o que seria a sociedade socialista e que todas as grandes descrições programáticas, do tipo das que são referidas nos livros que sito, foram abertamente criticadas por Marx e com razão. Penso que não tem hoje muito sentido fazer-se uma descrição muito rigorosa do que queremos como sociedade socialista, apesar de como membros de um partido político termos a obrigação de apresentar um programa que descreva os objectivos que queremos atingir. Chamei igualmente a atenção para as dificuldades iniciais dos bolcheviques que, quando tomaram o poder, tiveram que recorrer a uma experiência já existente, pois não encontravam nos clássicos marxistas qualquer resposta para a construção da sociedade socialista que pretendiam empreender.
Longe de mim pois qualquer objecção a novas formulações teóricas que advenham da aplicação do marxismo aos tempos actuais. O problema é que têm que ser mesmo novas e não a reposição de velhas questões, com roupagens modernas.
Um abraço fraternal
Jorge
PS. Ainda não tive tempo para ler o longo texto do Paulo Fidalgo: "Ainda Questões da transição: Estaline e a questão do poder em Jorge Nascimento Fernandes". Espero fazê-lo em breve e ver se tem algum coisa que mereça o meu comentário.
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