Subject: Contradições, sinteses, dialética e luta de classes |
Author:
José Braz
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Date Posted: 11:09:47 08/08/02 Thu
In reply to:
Fernando Redondo
's message, "Do Capitalismo para o Digitalismo" on 18:34:58 08/05/02 Mon
Confesso que não consigo concordar com a formulação com que terminam:
«Estes dois tipos de medidas deviam complementar-se, ou seja, a automatização deveria libertar trabalhadores do trabalho repetitivo para poderem dedicar-se a tarefas com elevada incorporação de conhecimento.»
Antes de mais, comecemos, não pelo utópico e voluntarista “deviam”, mas pelo que acontece:
1) A automatização aumenta a mais valia produzida (o valor do trabalho mantém-se, mas a quantidade produzida por esse trabalho aumenta)
2) A automatização gera desemprego.
E encontramos aqui uma antiquíssima contradição do capitalismo.
O que me parece novidade é a intensificação de uma outra contradição antes quase insipiente:(e quem falou nela foi o Fernando Redondo ... diga-se de passagem).
1) Para “venderem” os seus produtos as empresas necessitam de compradores (o exemplo do Ford a vender carros aos empregados é disto exemplo paradigmático e creio que à época inovador)
2) Quanto mais baixo pagarem a “força de trabalho” e quanto menos “mão de obra” usarem ... menos compradores têm.
Isto é, actualmente, e no quadro do Capitalismo, esta é mais uma contradição das que só são superáveis através de uma crise. Não vejo solução para ela no quadro do actual sistema de produção.
Quando dizem:
«O que acontece, na medida em que estamos ainda na transição do Capitalismo para o Digitalismo, é que o processo em vez de harmonioso é ainda conflitual e explica a maior parte das perplexidades da nossa época.»
À luz do que disse acima, confesso que não consigo imaginar nenhuma saída harmoniosa para essa contradição no quadro de um sistema baseado na apropriação individual do trabalho social. Consigo, isso sim, imaginar uma sintese dialética, mas considerando o antagonismo da contradição em causa, essa sintese terá sempre um caracter violento.
Quando dizem:
«Toda a turbulência social, económica e laboral deriva da crescente dificuldade que as empresas nascidas no Capitalismo encontram em ganhar dinheiro pela exploração pura e simples dos assalariados nos moldes tradicionais.»
Prefiro (tres)"ler":
«Toda a turbulência social, económica e laboral deriva da» intensificação da luta de classes entre os detentores dos meios de produção e os que são obrigados a vender no mercado a sua força de trabalho ...
um grande abraço e obrigado pelo texto
José Braz
PS: mas que o texto é um excelente ponto de partida, lá isso é. Só acho que vocês pecam por querer "inovar" onde talvez não haja necessidade e "tentarem deitar fora" dois conceitos que, quanto a mim, dão excelentes resultados na análise (e transformação?) da realidade social:
1) O Materialismo dialético
2) A Luta de Classes
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