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Subject: Pacheco Pereira quer à viva força remeter o PCP para um museu! (Público)


Author:
José Dias Coelho
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Date Posted: 06:59:29 08/01/02 Thu

Pacheco Pereira quer à viva força remeter o PCP para um museu!

Paulo Fidalgo

No seu artigo de 25 de Julho ao Público, Pacheco Pereira fala com surpreendente desvelo da anterior geração de camaradas que tudo dedicaram à causa, com grande “coerência moral”, conduta que, segundo o neo-admirador de comunistas, a todos os portugueses deveria, pelo menos com o distanciamento do tempo, merecer respeito e admiração!

Porquê esta surpreendente manifestação pública de homenagem aos heróis de outrora, por alguém que sempre se assumiu como encarniçado anticomunista?

Penso que a homenagem à coerência moral é neste caso um tique de “patrimonialização” ou seja de legendar algo que se considera património apresentável num qualquer museu da história política do século XX.

De facto, de acordo com a posição burguesa convencional, homenagens à moral comunista só se dissociadas do respectivo programa, ao serviço do qual, afinal, essa tal moral foi (e é) precisamente originada, usada e temperada. É, no fundo, uma versão um tanto elaborada do vulgar comentário de burgueses cosmopolitas acerca dos comunistas: são bons rapazes só é pena essa coisa de serem comunistas!

É por outro lado um habitual recurso do marketing burguês que não enjeita a recuperação de heróis revolucionários logo que estes – geralmente depois de assassinados pelos carrascos a soldo da burguesia - deixam de constituir uma ameaça à ordem capitalista. Permite tal distanciamento apresentá-los “depois do longo efeito do tempo” como defensores de um excêntrico ideal, utópico, mas generoso. Esse fenómeno é por exemplo recurrente a propósito de heróis comunistas como Che Guevara.

Ninguém imagina Pacheco Pereira a dizer tais coisas, por exemplo, no auge do processo revolucionário, acerca de Álvaro Cunhal ou de tantos outros militantes? Seria impensável dar então o flanco a tão perigosos agitadores subversivos.

Contudo, a mais pertinente das perguntas a colocar é saber porque é que Pacheco Pereira escolhe este momento para prestar ladainhas à tal geração que se reforma?

Pode ser obviamente o tal reflexo de patrimonialização, inespecífico e intemporal! Mas dada a crise que grassa no PCP, esta homenagem concerteza tem finalidade mais selectiva.

Trata-se, a meu ver, de eleger a geração que se reforma para de certa maneira descredibilizar os comunistas no activo e que, pela inquietação e procura de novas respostas de que dão mostras, recusam afinal entrar para um museu. Museu esse onde, historiadores como Pacheco Pereira, estariam entretidos a fazer as suas análises acerca de quem, entre os comunistas, é mercedor do rótulo de coerência moral, quais valquírias que escolhem os heróis, de entre os mortos na batalha, para levá-los para o Whalala - neste caso, talvez, um qualquer museu da resistência ao fascismo!

Esta percepção de que há quem possa ser homenageado – fazendo pressupor que outros há sem igual merecimento - faz de facto eriçar a pele a muitos comunistas porque sentem aqui uma repugnante intromissão de Pacheco Pereira em causa alheia.

Não quero com isto dizer que os comunistas visados em tão indigesta homenagem sejam necessariamente recuperáveis para a burguesia. Quero contudo denunciar esta artimanha, na linha aliás de outros ardilosos apoios de Pacheco Pereira aos actuais dirigentes do PCP e contra os chamados renovadores comunistas.

Diga-se aliás que essas incursões revelam sempre o seu infatigável propósito de que o PCP se mantenha imóvel, digno de uma joia de museu, e de alvejar, implicita ou explicitamente, os que procuram torná-lo no motor do processo de mudança em Portugal, papel que aliás sempre foi o seu.

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