Subject: Para um debate sério sobre o Partido |
Author:
Rui Nogueira
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Date Posted: 20:43:44 07/17/02 Wed
Este texto, atribuído a José António (que depois este veio negar) parece-me um excelente ponto de partida para um aprofundar de ideias sobre a forma-partido (como diz o Braz).
Aliás o José Braz tem manifestado posições muito parecidas com esta, pello que ambos devem andar a ler os mesmos autores.
De qualquer modo não posso senão concordar e apoiar esta prposta do J. António(?).
Os que não estão porventura de acordo que venham a debate mas, por favor, com argumentação séria e sólida. Pode ser que assim me consigam convencer!
"Tenho reflectido muito ultimamente sobre o que deverá ser a organização de um partido de comunistas neste limiar do século XXI.
Os teus textos têm ajudado - penso que tens sabido traduzir e adaptar as ideias de Lucien Sève - e julgo que chegou o momento de propor dentro do PCP um profundo debate sobre esta questão.
Podemos partir do princípio seguinte: a actual forma orgânica já não responde aos desafios que o capitalismo monopolista nos coloca.
A informação tem de circular, tem de ser acessível a todos os camarads, independentemente do seu sector profissional ou da sua localização geográfica.
A estrutura vertical e fortemente hierarquizada é um anacronismo e só serve para manter no poder os que ainda defendem um certo monolitismo ideológico e filosófico.
As "células" - assim denominadas por comodidade de expressão - devem ser organizadas por objectivos e o mais heterogéneas possível. Essa heterogenidade deve servir para unir os camaradas com as mais variadas profissões os mais diversos conhecimentos culturais, técnológicos e, porque não, as mais diferentes origens de classe.
Isto significa um não rotundo a células exclusivamente compostas por operários, ou por quadros, ou por intelectuais, como até hoje se fez, com os resultados que se sabem.
As organizações do partido devem ser abertas a simpatizantes em moldes a facilitar novas adesões. Esta abertura deverá ser incentivada para demonstrar a democracia interna do PCP e combater a falsa ideia que os comunistas são uma seita ou uma associação iniciática como a maçonaria ou a opus dei.
As escolas do partido devem ser aberts, sem os ritos caducos da clandestinidade, nelas se devendo debater e discutir com a maior abertura a filosofia, a economia e as ciências humanas para uma melhor preparação intelectual dos militantes.
Todos os organismos deverão ser eleitos da base ao topo sem pejos nem temores pelo aparecimento de mais do que uma lista candidata, pois há que respeitar as diferenças porque a diferença é humana.
Os órgãos dirigentes do partido serão mais uma coordenação do que uma direcção; devem ser constituidos pelos camaradas que mais se destaquem pela sua preparação e pela sua combatividade. Os comunistas devem manter-se ligados ao mundo do trabalho e nunca se isolarem. Ser comunista deverá ser motivo de orgulho, nunca de temor ou de receio.
As experiências fracassadas do socialismo dos países de leste deverão ser analisadas e servir de exemplo daquilo que se não deve fazer.
O estalinismo,o sectarismo e a arrogância devem ser combatidos permanentemente.
Os camaradas eleitos para cargos de coordenação ou de direcção devem sempre prestar contas do que fazem e assumir integralmente as suas responsabilidades e não deverá ser permitido o exercício desses cargos por mais de determinado período.
A actual democracia orgânica - o tal centralismo democrático - deve ser banido como metodologia organizativa porque desde logo castradora da criatividade. O colectivo deve sobrepor-se ao individual mas sem matar pela raiz os contributos e as propostas. A maioria nem sempre é mais esclarecida.
São estes alguns dos topoi para um PCP renovado, onde todos temos lugar.
VIVA O PCP"
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