Subject: Com os olhos bem fechados |
Author:
Luis Blanch
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Date Posted: 17:02:38 01/12/04 Mon
In reply to:
Ângelo Novo
's message, "Re: Novos Rumos do" Comunismo" ?" on 19:07:25 12/26/03 Fri
Eu não quero fazer chover no molhado , mas o amigo Nôvo está bem mais perto da madre Teresa de Calcutá do que de Marx e, claro está ,de Lénin.
Isso não o desmerece ,se me permite dizê-lo , o que não deve ou não deveria é afirmar certas tomadas de posição teóricas que nada têm a vêr com o marxismo.
Esse seu apêgo aos pobrezinhos é comovedor ,mas terá que entender que no nosso universo mental eles não têm um lugar privilegiado , porque entendemos que a emancipação social passa pelo seu necessário desaparecimento , desaparecimento que decorre duma tomada de consciencia revolucionária ligada ao trabalho do homem, à sua actividade na esfera da produção social e que é , portanto , um produto do desenvolvimento social e ~que não existe à margem da sociedade , nem nas margens da sociedade que o amigo tanto gosta.
É por issso que é importante , ao menos históricamente ,saber Lénin e aprender com ele, mesmo em contextos económicos e sociais um pouco desfasados.
Não são "os desgraçadinhos" que podem incorporar em si a experiência histórica, os conhecimentos e os métodos de pensar elaborados pela história anterior, a consciência que permita assimilar em si a realidade, e estabelecer novos fins e objectivos, criar projectos de instrumentos futuros e orientar toda a actividade prática do homem .
>
>Acho que já li o suficiente seu para começar a formar
>uma forte convicção de que discutir consigo não vai
>ser muito produtivo. Quando me vêm com essa do "b a ba
>do marxismo-leninismo" eu já vou a virar a esquina
>porque a vida é curta e há tantas coisas a fazer que
>não se pode perder tempo a percorrer círculos fechados.
>
>Mas vamos lá a ver se nos entendemos numa coisa. Se
>você não gosta dos "pobrezinhos" não é comunista de
>certeza absoluta. Pode gostar e também não ser. Pode
>ser o Pinto da Costa ou a Madre Teresa de Calcutá. Mas
>se não gostar, então é porque não é de certeza
>absoluta. Isto não é cristianizar nada. É ter a
>lucidez de admitir que sem uma opção ética e um
>sentido afectivo de pertença PRÉVIOS não há nenhuma
>ciência social, sobretudo nenhuma ciência
>revolucionária e transformadora.
>
>Isto é o b a ba do bom senso epistemológico. Se você
>não entende isto vai ter muita dificuldade em entender
>coisas essenciais.
>
>Ora, uma ciência transformadora e revolucionária é um
>rumo. Um rumo para o comunismo, neste caso. O plural é
>um plural de modéstia, digamos. Eu também tenho barbas
>(o Tom Thomas não) mas nunca ousaria alinhar de perfil
>a seguir aos monstros sagrados, sob a estrela e o
>fundo vermelho. Até desaparecia pelo chão adentro.
>
>Você acha que a ciência já está toda compilada e
>encadernada para sempre. Houve foi uns errozitos de
>execução e... pumba. A coisa descambou. Depois, é
>claro, havia o problema da insuficiência do
>desenvolvimento das forças produtivas... Chato, pá!
>Mas agora que a coisa nessa frente está a chegar ao
>ponto rebuçado, vamos tentar a mesma receita e desta
>vez tem de dar certo. Lamento dizer-lho mas a vida tem
>mais e mais cruéis desilusões em reserva para si.
>
>Deixe-me dar-lhe um conselho. Esqueça os "Novos Rumos
>do Comunismo" (você notoriamente não passou do título,
>de qualquer modo); esforce-se por esquecer o
>"marxismo-leninismo". Vá ler Marx, vá ler Engels, vá
>ler Lenine e ande por aí por esse vasto mundo fora de
>olhos bem abertos. Vai ver que lhe faz bem.
>
>Ângelo Novo
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