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Inês David Bastos, DN, 14/06/04
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Date Posted: 00:21:31 06/23/04 Wed
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A voz dos leitores, DN, 21 de Junho de 2004
's message, "“Expressões depreciativas”" on 22:09:25 06/22/04 Tue
Inês David Bastos, DN, 14/06/04
BE estreia-se nas lides de Estrasburgo
Miguel Portas eleito eurodeputado, com um piscar de olho ao PS para legislativas
À segunda foi de vez. Depois da derrota nas eleições europeias de 1999, Miguel Portas foi ontem eleito para o Parlamento Europeu, marcando a estreia do BE nos corredores de Estrasburgo. Foi - a par da esmagadora vitória do PS face à coligação de direita - a grande surpresa da noite eleitoral.
O ambiente no quartel-general do BE, em Lisboa, era ontem de festa, cantava-se vitória, gritavam-se palavras de ordem. Francisco Louçã e Miguel Portas não escondiam a felicidade. “É um grande dia para nós. Este foi o maior resultado de sempre do Bloco de Esquerda”, proclamou o agora eurodeputado.
O BE, frisaram Louçã e Portas, conseguiu mesmo ultrapassar os cerca de 50 mil votos obtidos nas últimas legislativas (até ao momento o seu melhor resultado), reunindo nestas eleições europeias mais de 165 mil votos. Nas últimas eleições para o PE, o Bloco obteve 1,79 por cento dos votos, passando agora para 4,9 por cento. Apesar de contar ainda com poucos anos de vida, o BE tem vindo a crescer eleição a eleição, assentando-lhe como uma luva o ditado popular: “De grão a grão, enche a galinha o papo”.
Durante a campanha eleitoral, Miguel Portas manifestou-se sempre convicto da sua eleição. Mas ontem, no quartel-general, a tónica dominante era a contenção, pelo menos até às 21 horas, ou seja, até à certeza de um resultado. Às 20 horas, a primeira projecção pontava já para a eleição de Miguel Portas e os poucos apoiantes que se encontravam no quartel-general juntaram-se a Louçã, a Diana Andringa e Fernando Rosas para o primeiro festejo. Embora ainda contido. Miguel Portas, esse, mantinha-se fechado numa sala, no piso superior.
À porta, os repórteres fotográficos esperavam estoicamente que o cabeça-de-lista decidisse sair da toca, nem que fosse para ir à casa-de-banho.
Foi já depois das nove da noite que Francisco Louçã falou aos jornalistas, para, enfim, cantar vitória e, meia hora depois, surgiu Miguel Portas, acompanhado pelos dois filhos, visivelmente feliz, eufórico mesmo.
Ladeado por alguns dos elementos da lista, como Diana Andringa e Pedro Soares, Miguel Portas fez o discurso da vitória e garantiu que na Europa o Bloco “não será eurocéptico ou euroconformado, mas sim europeísta de esquerda”. E abriu-se o champanhe.
Moção de censura. Francisco Louçã e Miguel Portas não perderam tempo a tirar uma leitura política da vitória histórica do PS face “à direita unida”. “A coligação conduziu a direita a um fracasso eleitoral e o Governo foi punido pelas suas políticas”, disse Louçã. Também Portas concluiu que os portugueses apresentaram nestas eleições europeias “uma extraordinária moção de censura ao pior Governo que temos tido”.
Francisco Louçã apontou Durão Barroso como “o grande derrotado” e exortou o primeiro-ministro a “assumir a sua derrota categórica”. Satisfeito, o deputado frisou que o Governo “está agora em minoria no País” e, logo de seguida, o primeiro eurodeputado eleito pelo BE sustentou que existem a partir destas eleições mais condições para reforçar o combate ao Executivo. “Há condições agora para criar um quadro politicamente insustentável para algumas políticas deste Governo”, disse Miguel Portas.
Miguel Portas e Francisco Louçã aplaudiram “moção de censura dos portugueses ao Governo” PSD/CDS.
Esquerda unida. Miguel Portas e Francisco Louçã fugiram às questões dos jornalistas sobre a eventualidade de uma coligação com o PS para as legislativas, mas esse dado esteve implicitamente presente nas suas declarações.
O fraco resultado da coligação PSD/CDS foi o trampolim esperado pelo BE para começar a piscar o olho aos socialistas. “O Bloco de Esquerda vai combater política e determinadamente este Governo para o colocar em minoria, para o vencer, para o afastar e para o substituir por uma alternativa que seja credível do ponto de vista europeu e do ponto de vista das soluções para o País”, garantiu Louçã.
E Portas também advertiu que “é a partir das oposições que se constróem as alternativas”.
Questionado directamente pelos jornalistas sobre a possibilidade de uma coligação pré ou pós eleitoral com os socialistas para as legislativas de 2006, Francisco Louçã disse apenas: “Daqui a dois anos veremos”.
A festa bloquista
Violante Saramago foi a grande ausente
A noite foi em crescendo. A festa fez-se quando chegou à vitória, mas sem grandes alaridos, para respeitar a memória de Sousa Franco. No início da noite, poucos apoiantes se encontravam no quartel-general do BE, montado num prédio da Graça. Com uma varanda que oferecia alguma vista do rio. Francisco Louçã e Diana Andringa já lá andavam de um lado para o outro.
Violante Saramago, a número dois da lista do Bloco, nem lá pôs os pés. Os apoiantes iam chegando, mas nunca foram muitos. Comia-se caldo verde, salada russa e bebia-se muita cerveja. Veio a vitória. Com ela, chegou o champanhe e, imagine-se, da tal varanda chegava também aos presentes um cheiro intenso a “charros”.
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