Author:
Guilherme Statter
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Date Posted: 22:41:41 06/06/04 Sun
In reply to:
Fernando Antunes
's message, "Re: Os truques dos propagandistas do Bloco" on 22:15:47 06/06/04 Sun
>Descupe a "nabice" técnica do post anterior. Cá vai
>como deve ser e hoje fico por aqui pois tenho a
>família à espera. Boa noite
Não me apercebi de nenhuma nabice...
Entretanto, continua sem responder à pergunta "muy sencilla" que lhe coloquei.
Mas como o assunto até merece ser clarificado, aqui vai o que penso do seu "post" anterior:
É que em rigor, em rigor, a resposta não sou eu que a dou... É a lógica das coisas...
E como há outros eventuais leitores que por aqui passam, aqui ficam os esclarecimentos solicitados pelo Fernando Antunes:
Diz o nosso arguente:
>Pois é Guilherme. Está-se a esquecer que de facto a
>União Europeia até já fez à margem das Nações Unidas
>as guerras que quis fazer. Estou-lhe a falar das
>guerras na Jugoslávia, desencadeadas em primeiro lugar
>pelos interesses alemães e que os restantes países da
>União Europeia seguiram com mais ou menos entusiasmo,
>mas que de facto “facilitaram” a justificação para o
>crime do Iraque. Além de terem aberto o precedente.
Ora bem, não sabia que já tinhamos uma "União Federativa Europeia" na altura do reconhecimento da Eslovénia por parte da Alemanha...
A pergunta (de ficção histórica, claro) que então se põe é: E se nessa altura (um grande SE, claro), já tivessemos um Presidente ou PM eleito por sufrágio universal e voto directo dos cidadãos da UE e um "secretário de estado" ou MNE da dita cuja UfE, será que esta teria decretado guerra à Jugoslávia?... A que propósito?... Sugiro a reflexão sobre os interesses objectivos em jogo.
Diz mais o Fernando Antunes:
>E lembro-lhe que então, 13 dos 15 países da União
>Europeia tinham governos sociais-democratas.
Esclareço, (enfim procuro esclarecer...): Mas que é que tem o coiso a ver com as calças? Por mim não me lembro de ter defendido, desculpado ou justificado os governos "sociais-demiocratas"... Mas mais uma vez, o importante é estudar os interesse objectivos em jogo. Quem teria a ganhar (ao nível da tal hipotética União Federativa Europeia...) com a guerra nos Balcãs?... que rotas de petróleo, droga, outras mercadorias... passam por ali e não podem passar por outro lado?... Que populações estão a fazer o quê?...
Tudo isto são hipóteses, claro. Pela singela razão que ainda não tínhamos (nem temos) nenhuma União FEDERATIVA Europeia... Mas quem iniciou a investigação em ficção histórica não fui eu. Estou só a ver se entendo onde é que os ficcionistas acabariam por chegar. De raciocínio em raciocínio.
Diz depois o Fernando Antunes:
>E lembro-me que a argumentação que o Governo do
>Guterres então usou para “justificar” a ida para a
>guerra foi semelhante à que o Durão agora usou,
>nomeadamente a necessidade de ajudar os “aliados” e as
>tretas da democracia. E ambas as guerras foram feitas
>à margem das Nações Unidas, isto é na completa
>ilegalidade internacional por países que nunca de
>algum modo foram uma ameaça para nós ou para qualquer
>povo da Europa.
Está tudo muito bem observado. Mas em que é que "isto" vem reforçar a hipotese da ficção histórica ("se tivessemos uma União Federal")?... Se tivéssemos uma "União federativa Europeia", o Guterres e outros srs., como ele não tinham que justificar coisa nenhuma. Quem tinha que justificar o envio de tropas europeias ("federais") para "atacar a Jugoslávia" (a que propósito, é que eu gostaria de saber... Será porque são todos uns malandros?... Os que fazem as guerras?... Ou já não haverá razões objectivas, tais como negócios, dinheiro, lucros, mercados...), mas quem tinha que justificar essa hipotética invasão ordenada pela hipotética União federativa Eruopeia, era o tal ficticio ou hipotético MNE ou o PM dessa (ainda) ficticia União Federal Europeia... Não era o PM de Portugal ou da Itália... (Mas numa hipotética Federação Europeia ainda haverá lugar para "primeiros ministros"?...)
E prossegue o Fernando Antunes:
>E lembro-lhe que de facto em questão de direitos dos
>trabalhadores e em questão dos direitos sociais temos
>andado para trás. E que piores são as perspectivas na
>agenda. Mas como justificam os nossos governos todo
>este andar para trás – são as regras da União
>dizem-nos.
A confusão entre a realidade que temos (e contra a qual é muito justo que se lute) e a ficção (que se elabora e se erege em inimigo), continua...
Claro que o Fernando Antunes TEM toda a RAZÃO quando diz que os direitos dos trabalhadores estão em regressão. Entretanto, a questão que eu aqui vou pondo é
"MAS QUE RAIO É QUE ISSO TEM A VER COM UM PROJECTO FEDERALISTA"???...
Lá porque um senhor qualquer (da direcção do PCP ou na Redacção do "Avante"), distraído ou ignorante, utilizou uma vez a expressão "perigosa deriva federalista", isso agora faz lei de ciência social???... Por alma de quem?
Por fim o Fernando Antunes coloca um questão perfeitamente pertinente:
>E ainda não temos um governo federal na União. Mas é
>sempre o argumento dos “aliados” que usam para calar
>as críticas. E assim já é complicado lutar. Não acha
>que se tornaria muito mais difícil a resistência
>quando a ordem vem não de São Bento mas de Bruxelas?
>Não acha que os governos nacionais teriam muito mais
>facilidade em justificar as tropelias quando a ordem
>vem do Governo da União?
Vamos então por partes
1 - "Se não acho que se tornaria muito mais difícil a resistência"...?
Hesitei aqui entre escrever SIM ou NÃO. Isto porque a resposta é mesmo DUPLA (não dúbia ou ambígua...) . Ora vejamos:
1.A = NÃO: Acho até que, como as coisas estão, é perfeitamente inútil fazer desfiles e marchas até São Bento. SE ESTAS FOREM DESCOORDENADAS DE LUTAS E COMBATES SIMILARES E EM SIMULTANEO um pouco por todas as cidades da Europa.
1.B = SIM: Isso de facto dá MUITO mais trabalho.
Pode parecer, mas NÃO é sarcasmo da minha parte.
De facto é muito mais fácil fazer o folclore do protesto e resistência à "deslocalização da Bombardier" aqui em Lisboa ou na Amadora (mas que é que a Câmara da Amadora tem a ver com isto?...), do que organizar uma resistência coordenada a nível ("federal") europeu de modo a obrigar as multinacionais a terem em linha de conta os direitos de TODOS os trabalhadores europeus...
No meio disto tudo suspeito é que o Fernando Antunes (e, pelos vistos, muitos militantes do PCP) aceitou de barato que “isto” que temos em Bruxelas é uma espécie de federalismo em embrião. Será por isso que diz, o Fernando Antunes, que se agora é assim, quando tivéssemos “federalismo” ainda era pior...
Quanto ao reparo final do Fernando Antunes:
>Li o seu texto anterior. Sabe o que lhe digo? Vou pela
>sabedoria chinesa!
Confesso que não percebi... Isso da "sabedoria chinesa" é coisa para os Antropologos e eu cá só sou Sociologo.
Cordiais saudações
Guilherme Statte
P.S. - Não sei porquê (se calhar há mesmo aqui algum sarcasmo...) enquanto estava a escrever esta (longa e chata...) resposta, lembrou-me o livro do Cervantes, o Dom Quixote, os moinhos de vento, o Sancho Pança... E o anacronismo de determinadas formas de luta.
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