VoyForums
[ Show ]
Support VoyForums
[ Shrink ]
VoyForums Announcement: Programming and providing support for this service has been a labor of love since 1997. We are one of the few services online who values our users' privacy, and have never sold your information. We have even fought hard to defend your privacy in legal cases; however, we've done it with almost no financial support -- paying out of pocket to continue providing the service. Due to the issues imposed on us by advertisers, we also stopped hosting most ads on the forums many years ago. We hope you appreciate our efforts.

Show your support by donating any amount. (Note: We are still technically a for-profit company, so your contribution is not tax-deductible.) PayPal Acct: Feedback:

Donate to VoyForums (PayPal):

Login ] [ Contact Forum Admin ] [ Main index ] [ Post a new message ] [ Search | Check update time | Archives: 1234[5]6789 ]
Subject: Re:Angelo Novo e Efabulações


Author:
Luis Blanch
[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]
Date Posted: 11:24:17 05/28/04 Fri
In reply to: Ângelo Novo 's message, "Re: Castells na Gulbenkian" on 23:19:24 05/20/04 Thu

Há conceitos em Marx ,porque derivados dos próprios ensinamentos da história da luta de classes que nos ajudam a interpretar situações actuais ,situações que , pese as profundas alterações tecnológicas, fazem emergir novos actores históricos mas permitem-nos retirar conclusões não muito desfasadas de épocas anteriores.

Como dizes , Ângelo a teoria não serve para nos dizer o que vai acontecer, mas identifica as forças em presença e como elas se combinam e se entrechocam.
Há claramente uma situação revolucionária em potencia nos chamados países do Terceiro Mundo pela prevalencia de factores objectivos de exploração ,de formas económicas pré-capitalistas coexistindo com sectores industriais de mão de obra intensiva e de sobreexploração, zonas que potenciam um enorme caudal de radicalização política.

O Mundo não é um só. Tu referes ,e bem , o novo proletariado dos países onde crescentemente prevalece a tecnologgia informacional ,e onde o desemprego tecnológico e a actividade profissional desregulamentada e precária , inevitávelmente vão obrigar a um reequacionamento do papel dos sindicatos e dos factores de mobilização revolucionária.


Longe deste realinhamento que atinge as prórias relações de produção , e onde os conceitos de consciencia de classe ,vanguarda revolucionária ,exército industrial de reserva, estão na ordem do dia, é ,de facto , nos países em desenvolvimento que se poderão abrir pespectivas de luta revolucionário ,independentemente do caminho que tomarem e das experiencias próximas que assumirem ou rejeitarem...


>>1 - a Fundação Gulbenkian publicou 4 volumes de
>>Castels incluindo a "Sociedade em REde" que estou a
>>ler. Fica para aí por 50 euros tudo. É uma edição com
>>a política de preços da Fundação. Sem o ler é difícil
>>estar a discutir e classificar. Repito que as seus
>>argumentos sobre a 11ª tese de Fuerbach me deixaram
>>entusiasmado...
>
>
>Não, obrigado. Estou suficientemente informado sobre
>Castells para saber que não me interessa. Nem me
>interessa obviamente estar aqui a discuti-lo. Eu
>simplesmente citei-o como um dos teóricos da
>"sociedade da informação" e um dos expoentes
>contemporâneos da hiper-valorização do contributo dos
>"conteúdos" ideais para a formação da "wealth of
>nations". Essa posição, como procurei demonstrar, tem
>uma muito longa história de serviço das classes
>dominantes.
>
>
>>2 - sobre trabalho produtivo e não produtivo só vale
>>pena discutir com os conceitos concretos. O que há que
>>sustentar é que a classificação dos serviços é difícil
>>como o sustenta o Castells e outros colocam-no hoje no
>>trabalho produtivo´.
>
>
>Os conceitos estão lá, em 'O Capital'.
>
>Como estudo específico, recomendo Arnaud Berthoud
>'Travail productif et prodictivité du travail chez
>Marx', Maspero, 1974.
>
>Eu não tenho por letra sagrada tudo o que escreveu
>Marx, sobre este ou qualquer outro assunto. Mas tenho
>como princípio só substituir ou rectificar um conceito
>marxista quando me convenço que isso é necessário para
>melhor prosseguir, no presente, os mesmos objectivos
>que foram os dele. Ou seja, para aperfeiçoar e dar uma
>maior acutilância ao instrumento crítico libertador
>das classes laboriosas.
>
>O que eu não embarco é numa atitude intelectualmente
>laxista e ecléctica, substituindo o rigor dos
>conceitos por efabulações impressionistas. Nem
>sacrifico a teoria a considerações de oportunismo
>político. Não vou por-me agora a lisonjear os Mac boys
>and girls considerando-os trabalhadores produtivos só
>para fazer novos amigos a todo o custo. Eu próprio
>como jurista sou claramente um trabalhador improdutivo
>e não vejo tragédia nenhuma nisso.
>
>
>>3 - sobre dizer-se que é o avolumar do exército de
>>reserva do proletariado que disparará o processo
>>revolucionário, acho muito redutor que é essa,
>>essencialmente, a contradição que subjaz ao disparo.
>>No caso doo25 de Abril, por exemplo, não oofoi. A
>>situação da classe operária portuguesa era de pleno
>>emprego e até os trabalhadores gozavam de uma situação
>>de falta de mão de obra, de tal forma que os
>>capitalistas tinham constantemente de ceder às
>>reivindicações dos trabalhadore - a Revolução
>>Portuguesa: o passado e o futuro, de ACunhal. Por
>>isso, nós continuamos sem condições para prever os
>>marcadores ou elos que estarão maduros no momento do
>>disparo....
>
>
>A teoria não serve para nos dizer o que vai acontecer,
>como, quando e onde.
>Não, a teoria, muito mais modestamente, pretende
>apenas identificar as forças em presença, como se
>combinam, quais os pontos em que se pode ocasionar uma
>ruptura, se pressionados.
>Com base nisso fazem-se programas e organizações
>políticas, convocam-se os agentes transformadores.
>Depois parte-se para a acção, sempre conscientes de
>que a malha do real é demasiado fina, complexa e
>"caótica" para ser abarcada por qualquer teoria.
>
>
>Sustentar por exemplo que há situações
>>potencialmente revolucionárias no 3º mundo com
>>certeza. Afirmar-se que essas situações têm um
>>potencial directamente socialista é outra. O século XX
>>parece deixar como marca a ideia de que o socialismo
>>exige a precedê-lo um capitalismo evoluído, na linha
>>aliás do que os mencheviques diziam. Só que o que está
>>em ausa não é dissuadir os revolucionários de apanhar
>>as contradições e saltar para as costas do
>>tigre..Devem faz~e-lo como Lenine. Mas têm de
>>compreender que no 3º mundo a economia que eclodirá
>>terá em muitos aspectos que passar etapas
>>proto-socialistas ou capitalistas para depois se
>>conseguir entrar numa transição..Pelo contrário,
>>objectivamente, pela sua enorme socialização e pela
>>crescente consciência de quem se apropria da
>>mais-valia, é no mundo desenvolvido que uma transição
>>para o socialismo é mais imediatamente possível.
>
>
>Desde há uns anos para cá que considero, em toda a
>minha reflexão política, que o mundo é um só. O que
>amadurece (ou não) para a revolução não é este país ou
>aquele, a Norte ou a Sul. É o mundo no seu conjunto.
>Mesmo aquilo que eu chamo "novo proletariado" não é um
>fenómeno de 3º mundo. É uma realidade comum a todos os
>países, embora tenha configurações diferentes em cada
>um deles, naturalmente.
>
>A revolução que aí vem é mundial, ou não será nada.

[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]


Post a message:
This forum requires an account to post.
[ Create Account ]
[ Login ]
[ Contact Forum Admin ]


Forum timezone: GMT+0
VF Version: 3.00b, ConfDB:
Before posting please read our privacy policy.
VoyForums(tm) is a Free Service from Voyager Info-Systems.
Copyright © 1998-2019 Voyager Info-Systems. All Rights Reserved.