Subject: Re: Renovação sem reflexão ? |
Author:
Luis Blanch
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Date Posted: 12:13:45 03/19/04 Fri
In reply to:
Fernando e Rosa Redondo
's message, "Renovação sem reflexão ?" on 11:05:32 03/19/04 Fri
>Amigos : Esta interrogação e o subsequente desenvolvimento dos problemas suscitados é da maior pertinência e , evidentemente ,já foi objecto de análises em outras paragens , de propostas e contra-propostas , de desistências e refundações .
Com esta pequena achega a uma resposta ulterior que a vossa (aparente) perplexidade merece, não posso deixar de sublinhar que o exame que se impunha às causas da implosão de grande parte das experiências socialistas , não só não foram feitas com transparência como surgem com explicações enviezadas e meias verdades que não contribuem para reordenar novas estratégicas e recompôr novas respostas económicas ,sociais e politica.
O que é que poderá levar alguém a abandonar um partido como o PCP , a abandoná-lo hoje, a desvalorizar o seu capital de confiança quando , de facto, existem alternativas na esquerda sem sombra de disfarces ? Alguém deixa de confiar numa organização como o PCP só porque há uma direcção politica com a qual se não concorda ?
Não , o abandono e a reconstrução normalmente não resultam quando não há uma clara e firma rejeição dos principios ideológicos ; foi assim em Espanha - Santiago Carrillo desertou do partido ,fundou outro mais "liberal" que ,naturalmente ,não resistiu um ano.
Julio Anguita ,perante a contestação no seio do PCE,o seu enfraquecimento e perda de peso eleitoral,participa na criação da Isquierda Unida cujos sucessos deixam muito a desejar e onde pontifica " a velha guarda " do PCE que não consegue captar o voto e a adesão da juventude. Em Itália ,"mutatis mutandis" a situação é parecida ,embora menos dramática ,mesmo tendo em consideração a herança do maior partido comunista da Europa Ocidental nos anos 60 ; os fiéis militantes pularam para o PC de I de Longo e para a Refundação de Bertinotti.Ambos não passam dos 10 por cento de apoio eleitoral ...
>Ninguém parece interrogar-se sobre as causas da
>progressiva “perda de velocidade” do Movimento de
>Renovação Comunista o que é paradoxal já que o
>movimento nasceu para fazer aquilo que o PCP não
>parecia capaz de realizar: analisar e responder à
>quebra de influência das ideias comunistas.
>
>Somos daqueles que acreditaram que, finalmente,
>surgira um espaço sério de debate de ideias que iria
>permitir uma discussão profunda dos novos caminhos a
>percorrer.
>
>Passados dois anos os factos mostram que tal não
>aconteceu.
>
>A preparação do Manifesto da Renovação Comunista não
>proporcionou o debate alargado que seria
>imprescindível e o texto aprovado acabou por ser um
>texto muito genérico resultante do trabalho “de
>gabinete” de um conjunto limitado de responsáveis.
>
>Uma vez aprovado o Manifesto toda a discussão teórica
>foi posta entre parêntesis e a RC passou a tomar
>posição pública em questões de “política corrente”
>como se fosse um partido convencional.
>
>Será que era isto o que os cidadãos, os militantes de
>esquerda e os militantes do PCP esperavam da RC ?
>Será que os cidadãos, os militantes de esquerda e os
>militantes do PCP estavam ansiosos por conhecer a
>opinião da RC sobre a IVG, o FSM ou a nova
>“constituição” da UE ?
>
>Não cremos que fosse esse o contributo esperado.
>Aquilo que despertou enorme interesse em 2002 foi a
>esperança de que a Renovação Comunista conseguisse,
>finalmente, reequacionar o papel dos comunistas e da
>esquerda e demonstrar que é possível relançar o
>entusiasmo popular na construção de uma nova sociedade.
>
>Finalmente, numa reunião recente de membros da RC, em
>Lisboa, foi decidido começar a preparar o trabalho de
>reflexão teórica que tem faltado.
>Nesse contexto pensamos que é possível estabelecer
>quatro áreas de estudo partindo do próprio texto do
>Manifesto aonde é possível encontrar a sua formulação.
>
>
>1. Manifesto RC – Capítulo 2., Pag. 4
>
>A implosão do “socialismo real” no leste e a perda de
>poder de atracção do projecto comunista, em Portugal
>como por todo o mundo, impõem um exame em profundidade
>dos caminhos percorridos durante o século XX e um
>questionamento sem limitações que aspire a chegar à
>raiz dos problemas que fizeram retroceder o
>empreendimento comunista.
>
>
>2. Manifesto RC – Capítulo 3., Pag. 7
>
>Compreender a nova fase do capitalismo em que nos
>encontramos e as mutações que se observam na sociedade
>do nosso tempo, intervir através das suas contradições.
>
>
>3. Manifesto RC – Capítulo 9., Pag. 19
>
>A renovação comunista aponta por isso a necessidade
>urgente da análise das características sociais,
>económicas e culturais do Portugal do início do século
>XXI e da avaliação prospectiva da sua evolução.
>
>
>4. Manifesto RC – Capítulo 8., Pag. 17
>
>Este propósito implica um aprofundado debate e uma
>exigente elaboração sobre o conteúdo do projecto
>político e ideológico do comunismo contemporâneo e
>sobre a sua própria cultura.
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