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Única, 21 de Maio de 2005
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Date Posted: 23/05/05 22:49:33
Margarida Tengarrinha, Professora, 76 anos
Única, 21 de Maio de 2005, texto de Valdemar Cruz
A morte de José Dias Coelho foi o momento mais difícil da minha vida. Deve ter sido denunciado. A PIDE deu-lhe dois tiros no peito, à queima-roupa, a 19 de Dezembro de 1961. Nesse dia ele não apareceu em casa. A 26 eu tinha um encontro no sítio habitual, junto aos Jerónimos, no Bairro Social de Belém. Quando o camarada chegou, eu, que julgava que o Zé estava preso, levava um saquinho com roupa, a pasta de dentes, a escova, uns presentes de Natal. Entreguei o saco e o camarada disse-me que não valia a pena porque o Zé tinha morrido. Foi dura a maneira como o Francisco Martins Rodrigues me disse aquilo. Se calhar ele não sabia como havia de o dizer. Estava atrapalhado. Ele na altura estava na redacção do Avante e era o meu contacto. Agora digo o nome. Nunca o tinha dito. Isto foi uma coisa horrível. Desci, cheguei à praça dos táxis que ainda existe hoje frente aos Jerónimos, entrei com o saquinho na mão e quando o motorista me perguntou para onde queria ir, não me lembrava de nada. Tive uma amnésia. Pedi-lhe desculpa, saí e fui andando, andando, até ao rio. (…)
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