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observador curioso
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Date Posted: 15/05/05 19:51:23
In reply to:
velho
's message, "Ler" on 15/05/05 15:35:04
A de 1789? A revolução americana anterior a essa? A revolução francesa de 1848? A comuna de Paris? A revolução portuguesa de 1910?
>Se conhecerem obras sober a revolução,
>Guerras I e II
>digam!
>Obrigada.
>
>
>>
>>No dia em que se festejava o 60º aniversário da
>>derrota do nazifascismo, foi logo de manhãzinha, pouco
>>depois das oito da manhã, que vi na RTP um
>>documentário de origem francesa que seria o de melhor
>>qualidade entre quantos, aliás não muitos, naquele dia
>>nos lembraram a Segunda Guerra Mundial e o seu termo
>>na Europa. Era uma repetição, mas quando os programas
>>o merecem não há nada a objectar a que sejam
>>repetidos. Intitulava-se «Quatro Mulheres na Guerra”,
>>fazia a história sumária do conflito a partir das
>>experiências de cada uma delas e resultava, embora
>>involuntariamente, particularmente revelador do modo
>>como desde há muito nos está a ser contada a Segunda
>>Guerra Mundial: das quatro mulheres de que nos falava
>>o documentário, uma era francesa, outra era inglesa,
>>outra era norte-americana, outra era alemã. Quer
>>dizer: «Quatro Mulheres na Guerra» omitia por completo
>>que também uma mulher soviética, entre milhões delas,
>>teria um percurso pessoal que contribuiria
>>decisivamente para completar uma reconstituição, mesmo
>>forçosamente elíptica, do que foi na Europa a Segunda
>>Guerra Mundial. Como que em compensação, havia a
>>estória de uma mulher alemã. Não tenho a menoríssima
>>dúvida de que também milhares de mulheres alemãs
>>viveram e muitas vezes morreram em clima de tragédia,
>>e não estou a pensar apenas nas lutadoras democráticas
>>que foram das primeiras a entrar nos famigerados
>>campos de concentração e são agora esquecidas porque
>>não eram judias. Mas a inclusão de uma alem ã em
>>aparente substituição de uma soviética sugere uma
>>espécie de inversão de alianças que só parecerá
>>absurda a quem não se tenha dado conta não apenas do
>>que aconteceu nas décadas posteriores a 45 mas também
>>na década que antecedeu a guerra e que tem sido muito
>>mal contada. E a questão é afinal simples: a aliança
>>das democracias do Ocidente com a União Soviética no
>>combate ao Eixo nazifascista foi uma espécie de
>>«partida do destino» pregada aos dirigentes
>>ocidentais, que haviam desejado coisa bem diferente.
>>Quando Winston Churchill falou, já em pleno
>>após-guerra, da «guerra inútil» referindo-se ao
>>conflito de 39-45, sabia do que falava e porque falava
>>assim; e um punhado de factos ocorridos antes de 39 e
>>já durante a guerra confirmam até à evidência que a
>>guerra desejada por ele e por outros como ele era bem
>>outra.
>>
>>Quando os factos explicam
>>
>>Também no passado dia 8, mas mais lá para a tarde, a
>>televisão deu-nos a ouvir o incomparável Bush a dizer
>>coisas que confirmam a existência de um espírito de
>>cruzada anti-soviética já existente em Maio de 45:
>>disse ele que foi um erro norte-americano que as
>>tropas USA tivessem «permitido» que o avanço do
>>Exército Vermelho chegasse até Berlim (como se lhes
>>fosse possível impedi-lo, mas essa é outra questão).
>>Mas é um facto histórico, que aliás a TV por várias
>>vezes deixou conhecer, que nos meses finais da guerra
>>a Alemanha fez abundantes transferências de tropas da
>>frente ocidental para a frente Leste a fim de tornais
>>mais fácil o avanço anglo-americano enquanto procurava
>>retardar o avanço soviético. Mais: é também factual e
>>documentado que por essa altura Hitler tentou ainda
>>uma paz separada com a Grã-Bretanha para que a
>>Alemanha ficasse com as mãos livres para destruir a
>>URSS. E, no primeiro semestre de 39, a obstinada
>>recusa do Ocidente, formalmente confirmada pelo
>>testemunho do então embaixador norte-americano em
>>Moscovo, em entender-se com a URSS, como esta
>>desejava, para que em conjunto enfrentasse a já
>>evidente ameaça nazifascista. Foi na sequência dessa
>>repetida recusa, e entendendo o que ela representava
>>de estímulo para que Hitler se aplicasse na destruição
>>do «bolchevismo russo», que a URSS se viu compelida a
>>assinar em óbvia legítima defesa o pacto de não
>>agressão germano-soviético que depois deu origem a
>>distorções do seu sentido, as calúnias, a campanhas
>>ignóbeis de propagadanda que ainda hoje duram, porque
>>o anticomunismo sem escrúpulos nunca dá mostras de
>>cansaço.
>>Tudo isto e muito mais podia ter sido dito na TV
>>quando deste 60 aniversário; tudo isto e muito mais
>>foi omitido. Mas não foi decerto por acaso que as
>>maiores comemorações da data decorreram em Moscovo,
>>apesar da participação soviética para a vitória ter
>>sido enormemente silenciada. Por mim, reconfortou-me
>>um pouco ver as imagens que o Euronews, que contudo
>>não é propriamente um canal neutro, deu ao desfile na
>>Praça Vermelha numa reportagem relativamente longa. Lá
>>estavam, além dos dirigentes ocidentais a aplaudirem
>>diplomaticamente, os velhos combatentes e alguns não
>>tão velhos, muitas bandeiras vermelhas que a actual
>>Rússia gosta pouco de mostrar e, invisível mas
>>pressentível, a mensagem de que, ao contrário do que
>>supõem os que se sentem senhores do mundo, o futuro
>>não foi inteiramente assassinado, é o mais importante
>>sobrevivente da Segunda Guerra Mundial e de quanto se
>>lhe seguiu, e continua a acenar-nos. Embora não tão
>>perto quanto um dia sonhámos.
>>
>>in www.avante.pt
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