VoyForums

17/05/24 14:29:18Login ] [ Contact Forum Admin ] [ Main index ] [ Post a new message ] [ Search | Check update time | Archives: 123456[7]8 ]
Subject: Convicção. Ruben de Carvalho diz que a CDU está na corrida para ganhar


Author:
Ruben de Carvalho
[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]
Date Posted: 16/05/05 13:49:16

entrevista

Vitória da esquerda não está garantida em Lisboa

O candidato da CDU à presidência da câmara municipal da capital conta nesta entrevista pormenores da ruptura das negociações com o PS e fala do papel do BE

Filipe Santos Costa e Luísa Botinas, DN, 16/05/05


Convicção. Ruben de Carvalho diz que a CDU está na corrida para ganhar e censura o PS pela "falta de vontade política" com vista à coligação

O melhor para Lisboa é que haja várias candidaturas de esquerda?

É evidente que não. Do ponto de vista da derrota da direita haver várias candidaturas não é favorável e como entendo que derrotar a direita é indispensável para Lisboa, a situação actual não garante a priori que esse objectivo seja atingido.

Mas foi o PCP que tomou a iniciativa de romper com as negociações?

Contesto frontalmente essa leitura. Aquilo que o PCP constata é que não há da parte do PS nenhum interesse em fazer a coligação. Se estou interessado em fazer um acordo com alguém não vou colocar condições sabendo, à partida, que não vai aceitar.

Que condições eram essas?

Acha que é aceitável que se ponha como condição-base de negociação inquestionável os resultados das últimas legislativas ou o PS ter a maioria na câmara ou na assembleia municipal e em todas as freguesias da capital?

Devia haver paridade entre os dois partidos?

Tinha que haver uma discussão na base de critérios políticos, como de resto aconteceu ao longo de três coligações. Se os resultados eleitorais, fossem eles quais fossem, tivessem constituído o critério único, básico e intransponível de constituição da coligação, então ela nunca teria existido. Ou pelo menos o dr. Jorge Sampaio nunca teria sido presidente da câmara. Quando se constituiu a primeira coligação, o PCP era a força maioritária em Lisboa. E no entanto, no interesse da sua constituição, o PCP aceitou que o cabeça-de-lista não fosse o da força mais votada.

Acha que o PS nunca esteve interessado em que houvesse coligação?

Eu não sou do PS. Não será linear, mas, haveria sectores dentro do PS que não estariam interessados. Isso não é segredo para ninguém.

Não há resultados dos dois partidos isolados em Lisboa, desde 1985. Acha que o ponto de partida deveria ser os resultados de há 20 anos, ou o das legislativas mais recentes, em que há uma diferença enorme e onde o PCP é ultrapassado pelo BE?

Uma coligação não é um fenómeno aritmético, é político. Aquilo que é indispensável para se fazer uma coligação não são algarismos, é vontade política.

O papel do BE não é também um factor de perturbação?

O BE não chegou a constituir um elemento para discutir. O PS pôs como condição que o BE fosse parte integrante da coligação. Nós manifestámos as nossas reservas e a opinião de que o princípio das negociações teria que ser entre o PS e o PCP. Mas o problema acabou à nascença.

Quando manifestam reservas ao BE fazem-no porquê? É um partido de esquerda e que tem uma força eleitoral significativa.

Temos tido discordâncias ao longo do tempo, do ponto de vista de orientação política e de posições que o BE tem tomado. O exemplo da IVG é um deles em que as posturas são pouco sensatas e equilibradas. A insistência do BE no referendo não é sequer coerente para quem defende a posição que o BE defende, que é a de resolver o problema. A nossa posição é inequívoca. O Parlamento, no respeito pelos preceitos constitucionais, tem condições para resolver este problema.

Mas o PS também tem contradições...

As contradições do PS não são novidade para ninguém. Ninguém ignora que o PS tem ao nível do grupo parlamentar e da sua própria constituição social e política sectores católicos para quem isto constitui problema. Mas esse não é o caso do BE. O caso do BE é um erro político.

É uma inconsequência política que está a ir buscar algum eleitorado do PCP. Há quem diga que o problema do PCP com o BE é esse.

Não. Não creio que o BE vá buscar eleitorado ao PCP. Que vá buscar em zonas de influência do PCP, posso aceitar. Mas isso não é eleitorado do PCP. Concelhos de implantação tradicional do PCP, zonas operárias transformadas em dormitórios, com jovens casais, têm sofrido mutações sociais e económicas. Estes fenómenos desarticulam as comunidades. Se a realidade mudou, é plausível que não haja uma continuidade político e eleitoral.

Justifica o sucesso do BE por questões circunstanciais.

Associo o êxito do BE a dois fenómenos. Em primeiro lugar, o BE agrega um conjunto de activistas e eleitorado que vem da extrema esquerda, um eleitorado que antes do aparecimento do BE engrossou a abstenção. E, em segundo, o BE teve uma grande capacidade de atracção sobre o eleitorado de esquerda do PS. O que coincide com o crescimento do BE é a viragem à direita da política do PS.

Acha que ainda é possível um entendimento que permita uma coligação?

Não.

É candidato à presidência da câmara ou a vereador?

Os resultados das eleições só se conhecem depois das eleições. E a CDU está cá para ganhar.

Acha que pode ser presidente da CML?

É uma pergunta de ordem aritmética ou pessoal? Se é pessoal acho que sim. Se for de ordem aritmética, acho que também é possível. Tudo depende. Pode haver surpresas.

Não é indiferente que ganhe o prof. Carrilho ou o prof. Carmona?

Não, apesar de tudo... E digo apesar de tudo porque mesmo estando na oposição durante estes anos, o PS tem largas responsabilidades numa política que é indispensável corrigir. Uma das exigências na base do início das negociações para a coligação à qual o PS sempre se furtou era de corrigir os desmandos da política destes quatro anos. Se, estando na oposição, o PS viabiliza disparates, é credível que, estando no poder, os ponha em prática.

Faz temer uma maioria absoluta do PS?

Não. Penso que está posto de parte.

E numa vitória com maioria relativa do PS, o PCP poderia viabilizar um entendimento pós-eleitoral?

Se o PS mantiver as orientações de ordem política que impediram a coligação, então a nossa posição mantém-se. Não se conte que quando houver eleições a nossa posição se altere acerca do que pensamos sobre o Parque Mayer. É assim hoje e será amanhã. A do PS é que já foi várias. Agora a do prof. Carrilho é a de que o parque devia ser um jardim. Mas não resolve coisa nenhuma. O problema não é saber se no Parque Mayer deve haver edifícios ou um jardim. Desde o início que há o problema de respeito pela legalidade do funcionamento autárquico, a única garantia que existe da adopção de boas soluções. E essa tem sido a posição da CDU desde o início. É indispensável um plano de pormenor para o Parque Mayer.

E quanto ao entendimento pós-eleitoral?

Não sei qual será a realidade daqui a seis meses. As variações são muitas. Os equilíbrios internos dos partidos também. Nunca deixamos de ter disponibilidade para conversar.

Assume o compromisso de se manter os quatro anos como vereador?

A decisão de ser cabeça-de-lista da CDU em Lisboa não foi minha. A minha decisão foi aceitar a tarefa que o meu partido me deu. Portanto essa decisão é do meu partido. Em princípio sim.

[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]

Replies:
Subject Author Date
Avaliar a real situação da câmara é prioritárioRuben de Carvalho16/05/05 13:53:30
O engano do Ruben.visitante atento.16/05/05 15:06:26


Post a message:
This forum requires an account to post.
[ Create Account ]
[ Login ]
[ Contact Forum Admin ]


Forum timezone: GMT+0
VF Version: 3.00b, ConfDB:
Before posting please read our privacy policy.
VoyForums(tm) is a Free Service from Voyager Info-Systems.
Copyright © 1998-2019 Voyager Info-Systems. All Rights Reserved.