Subject: Pois é mas o fascismo acabou em 25 de Abril, Olé ... |
Author:
astérix
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Date Posted: 18/05/05 0:08:54
In reply to:
António Fagundes
's message, "O dilema dos PCs" on 17/05/05 23:05:28
>O problema da concorrência é complexo, lá isso é, mas
>mais complexo, ainda, é o problema das posições
>assumidas pelo PCP. E, neste campo, o pc mais
>parece-se mais com uma organização sindical reformista
>e feita com o patronato da economia nacional do que
>com um partido político revolucionário e comunista.
>Não é de agora a defesa do tecido produtivo nacional,
>da economia nacional, por parte do PCP. Se não é de
>sempre (porque se a sua política durante o fascismo
>foi predominantemente orientada para a luta pelas
>liberdades, não pôde fugir ao apoio de muitas greves
>espontâneas contra a fome e os salários de miséria),
>é, pelo menos, desde o 25 de Abril. Desde então, com
>um pretexto ou com outro (convém lembrar que muitas
>reivindicações dos trabalhadores eram travadas com o
>epíteto de que faziam o jogo da reacção), o PCP sempre
>se opôs à luta dos trabalhadores por melhores
>salários, e essa sua orientação política acentuou-se
>com a alteração da composição da sua base de apoio e
>de militância (que passou a integrar quadros e
>pequenos e médios empresários oriundos das camadas
>mais bem pagas do operariado e que nunca cortaram com
>a militância ou o apoio ao partido de que foram
>membros ou simpatizantes).
>Até não há muito tempo, as palavras de ordem (e o
>pouco trabalho de mobilização) da CGTP (totalmente
>controlada pelo PCP) orientavam-se mais para o
>trabalho com direitos do que para a reivindicação
>salarial, e a própria recusa na subscrição dos pactos
>de concertação social serviam plenamente essa
>estratégia deliberada, nomeadamente, porque não
>subscrevendo não acarretava com o ónus da colaboração,
>permitindo-lhe manter um discurso reivindicativo de
>fachada, mas em nada contribuía para a sua não
>concretização nos termos em que era subscrita pelos
>sindicatos do frete. Até hoje, o PCP (para não falar
>na CGTP) não falou do impacto que a importação de
>mão-de-obra imigrante teve e tem na degradação do
>salário e no enfraquecimento da capacidade
>reivindicativa dos trabalhadores portugueses, e nada
>fez para se opor à mais descarada liberalização do
>mercado de trabalho. E aponto apenas estes dois
>factores (a mobilização e a defesa do mercado de
>trabalho), que com a situação de crise ou de expansão
>da economia são dos mais relevantes para determinar o
>êxito da luta pela valorização do salário no produto,
>ao contrário do que o PCP quer fazer crer às massas
>(que a valorização do salário se faz pela acção do
>Estado do capital ou pelo retorno compensatório da
>condescendência para com os capitalistas nacionais).
>Por muito badaladas que sejam agora as retóricas do
>PCP acerca dos salários baixos, elas em nada alteram a
>situação, porque não passam disso mesmo e porque os
>trabalhadores portugueses estão de cócoras, sem
>qualquer capacidade reivindicativa. Uma vez mais,
>portanto, quando verte lágrimas de crocodilo pelos
>salários baixos, o PCP não defende os interesses dos
>trabalhadores portugueses. E uma vez mais, também,
>quando aparece a defender a economia nacional,
>nomeadamente, o sector mais parasitário dos salários
>baixos, através de paliativos restritivos à
>concorrência asiática ou através de subsídios que
>apenas permitirão prolongar esse parasitismo, o PCP
>não serve os interesses dos trabalhadores portugueses.
>A quem serve, então, o PCP? Eventualmente (para não
>ser mais contundente), a sua clientela de quadros
>técnicos, de micro, pequenos e médios empresários (os
>mais afectados por qualquer elevação do salário, os
>quem mais foge aos impostos, os quem mais se comporta
>como capitalistas parasitários); certamente, os seus
>próprios quadros, através da defesa da sua própria
>existência de partido defensor dos pobres e dos
>desvalidos da sorte, que só poderá manter-se com
>alguma expressão política relevante se na sociedade
>persistirem os salários baixos, o desemprego e as
>representações tradicionais acerca do fado de quem
>trabalha: a miséria.
>Na situação de desaparecimento do chamado campo
>socialista, quando a revolução se apresenta cada vez
>mais longínqua porque desapareceu o baluarte que
>permitia manter acesa alguma réstia da chama da
>esperança pela ajuda externa (com apoios de toda a
>ordem, sem desprezar qualquer possibilidade de
>intervenção militar), aos PCs apenas resta dois
>caminhos: assumir uma postura radical e
>internacionalista, regressando ao mais genuíno
>radicalismo marxista, apoiando e incentivando as
>reivindicações dos trabalhadores e a própria
>globalização, contribuindo para o acelerar do
>esgotamento do capitalismo; remeter-se a um reformismo
>de fachada, que mantenha ou agrave o status quo,
>adoptando a lamúria como táctica e a defesa da
>economia nacional (a defesa dos capitalistas
>nacionais, em último caso os capitalistas lusos que
>não se podem internacionalizar, isto é, os micro,
>pequenos e médios empresários ou a fracção mais
>retrógrada do capitalismo) como estratégia.
>Este o grave dilema dos PCs. Pelo que nos mostram, os
>que sobrevivem, como o PCP, já escolheram o seu campo.
>
>António Fagundes
Ou é parvo ou quer fazer dos outros parvos o fagundes vá lamber sabão homem tenha juizo que já tem idade para isso!
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