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Subject: Portugal com maior fosso entre ricos e pobres


Author:
Filomena Naves
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Date Posted: 9/09/05 11:51:53
In reply to: John Catalinotto 's message, "A lição de Nova Orleães" on 8/09/05 21:28:09


Portugal com maior fosso entre ricos e pobres
O País voltou a cair no índice de desenvolvimento da ONU e está em 27.o

Filomena Naves *, DN, 08/09/05

Na Zâmbia é hoje menos provável atingir os 30 anos do que era em Inglaterra em 1840

Portugal voltou a descer este ano mais um lugar no ranking do Relatório do Desenvolvimento Hu-mano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), ocupando agora o 27.º lugar, atrás da Eslovénia, com a qual trocou de posição em relação ao relatório de 2004. A análise final dos indicadores mostra também que a sociedade portuguesa é a mais desigual, no contexto da União Europeia (UE), com o fosso mais cavado entre ricos e pobres.

Em Portugal, os 10% mais ricos consomem 29,8% da riqueza do País. Os 10% mais pobres apenas 2%. Em Espanha, esses números são 25,2 % e 2,8%. Na generalidade dos países da UE, a proporção da riqueza nacional que cabe aos desfavorecidos é sempre maior do que em Portugal. Em países ricos, por exemplo, na Finlândia ou Suécia, a fatia que cabe aos 10% mais pobres ronda os 4% do consumo total desse país.

Segundo estes números, a sociedade portuguesa tem um desequilíbrio entre ricos e pobres semelhante ao dos Estados Unidos. Os 10% mais ricos consomem uma riqueza 15 vezes superior à dos 10% mais pobres. A média dos rácios europeus ronda 6 ou 7. Em Espanha, o valor é de 9. Os Estados Unidos, com uma sociedade bastante desigual, têm um valor parecido com o português, 15,9. Entre as 50 nações mais desenvolvidas do mundo, os valores mais dramáticos ocorrem em países sul-americanos, como Argentina ou Chile, onde um rico vale por 40 pobres.

Queda. A tendência descendente de Portugal neste índice da ONU já vem do ano passado. No relatório de 2004 (os indicadores referem-se sempre a dois anos antes) o País caiu três lugares relativamente a 2003, ano em que tinha ficado em 23.º lugar (o melhor de sempre).

Esta listagem de 177 países, designada por Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede a performance dos Estados relativamente à esperança de vida, escolaridade e rendimentos, e que é a súmula destes documentos produzidos anualmente pela ONU, dá o primeiro lugar à Noruega pelo terceiro ano consecutivo. No fim da lista figura o Níger, que trocou de posição com a Serra Leoa. À semelhança do que já acontecera em 2004,o recuo português ficou sobretudo a dever-se à melhor performance dos outros. Neste caso, da Eslovénia. A Grécia já no ano passado tinha passado à frente de Portugal, que continua a ser o pior classificado dos Quinze e se vê agora ultrapassado também por um dos novos dez Estados membros da UE.

Esta era, de resto, a tendência anunciada desde 2003, dado o abrandamento que já afectava a economia portuguesa em 2001, com o aumento de desemprego - que desde então não parou, aliás, de crescer. A julgar pelas dificuldades que no ano passado se acentuaram neste campo, é de esperar que a tendência de queda se mantenha para o ano, até porque alguns dos países que se seguem a Portugal no IHD 2005, como a República da Coreia e Chipre, parecem ter neste momento economias mais dinâmicas. Por outro lado, alguns dos novos membros da UE, que beneficiam de ajudas comunitárias (que vão crescer muito no próximo quadro comunitário) e estão em rápido desenvolvimento, têm também boas perspectivas de melhorar e ultrapassar Portugal em poucos anos.

Pobreza. Divulgado ontem, a uma semana de mais uma cimeira da ONU em Nova Iorque, que reunirá os chefes de Estado e de governo dos países das Nações Unidas, e onde estarão em foco questões como a ajuda aos países pobres e o comércio internacional, o relatório lança o alerta os objectivos do milénio, traçados em 2000 com o objectivo de reduzir drasticamente a pobreza no mundo até 2015, não estão a ser cumpridos.

Os custos desta derrapagem, se ela não for urgentemente corrigida, saldar-se-ão em milhões de mortes, que de outra maneira seriam evitáveis, sublinha o documento.

Classificando de "deprimentes" os resultados globais do desenvolvimento e constatando que "as desigualdades, já profundas, estão a alargar-se" o relatório mostra, mesmo assim, que "a pobreza diminuiu e os indicadores sociais melhoraram". Mas os números continuam a ser avassaladores.

A cada hora que passa, mais de 1200 crianças morrem longe de olhares mediáticos. Por mês, e durante todos os meses do ano, isto é o equivalente a três tsunamis como o que atingiu o Sudeste asiático em Dezembro. Mas este tsunami tem um nome chama-se pobreza. Os números não ficam por aqui. Hoje, 2,5 mil milhões de pessoas vivem só com dois dólares diários, mais de mil milhões não têm acesso a água potável e 2,6 mil milhões não possuem saneamento básico.

Há melhoras a registar no mundo desde 1990, notam os relatores. Nos últimos 15 anos, 130 milhões de pessoas foram resgatadas da pobreza extrema, dois milhões de crianças são anualmente salvas de morte precoce e outros 30 milhões passaram a ir à escola.

E há outros indicadores positivos. Em pouco mais de uma década a esperança média de vida aumentou na maioria dos continentes. De acordo com o documento, a esperança média de vida ao nascer aumentou dois anos nos países em desenvolvimento, situando-se agora nos 65 anos contra os 55,6 de há três décadas. Mas estes progressos não cegam os relatores. A realidade mostra, por exemplo, que um quinto da humanidade vive em países onde muitos não pensam duas vezes antes de dar dois dólares por um café, enquanto outro quinto vive em países em que muitos têm menos de um dólar por dia e as crianças morrem por falta de uma rede mosquiteira.

Na Zâmbia é mais difícil chegar aos 30 anos do que era na Inglaterra em 1840 e, juntando as 500 pessoas mais ricas do mundo obtém- -se um rendimento superior ao conseguido por 416 milhões de pessoas mais pobres.

Mudar radicalmente este estado de coisas passará, segundo o relatório, por aumentar e melhorar a ajuda internacional e pela alteração radical das regras do comércio global, que tem empobrecido os países em desenvolvimento e marginalizado África.

O ano da encruzilhada, reclama o PNUD, tem que ser exactamente este, 2005.

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Subject Author Date
O sórdido enxameRuben de Carvalho11/09/05 10:58:43


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