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Visitante ocasional
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Date Posted: 19/07/05 21:15:15
In reply to:
paulo fidalgo
's message, "a crítica do comunismo..." on 18/07/05 16:32:31
Oh, Fidalgo! Oh, Fidalgo!
Não se irrite, homem! Não se irrite! Estas coisas levam o seu tempo a desmoer, que é como quem diz, a ganhar capacidade mental para compreender, e mais tempo a adquirir disponibilidade emocional para aceitar. Mas no intervalo, que pode ser longo, é de todo desnecessário levantar processos de intenções! Porque, assim, correm o risco de procurar novas justificações e de não vir a aprender nada.
Conheço o Visitante vai para mais de trinta e cinco anos, fui seu camarada durante uns bons pares de anos e prezo-me de ser seu amigo também há mais de trinta anos. Depois do que se passou, conhecendo a sua típica teimosia, sei que não voltará aqui tão cedo, nem para responder a insultos nem para rebater insinuações como as que você faz.
Embora não tenha qualquer procuração para responder-lhe, assumo a ousadia de o fazer, porque você junta à sua tradicional incapacidade o péssimo vício de julgar os outros por presumíveis maléficas intenções.
Qualquer pessoa de bom senso está-se nas tintas para que vocês (comunistas renovadores ou ortodoxos) sejam ingénuos e deixem de querer ter um plano ou não sejam ingénuos e não deixem de querer ter um plano. Ingenuidade é coisa de que não padecem, mas não é isso que tira o sono a alguém. Atribuir ao Visitante crítico do comunismo a intenção ou o desejo de que vocês passem a ser ingénuos e deixem de ter um plano é tamanha infantilidade que raia o ridículo.
Não sei se você saiu do PCP ou se pertence ao grupo dos auto-suspensos, o da porta entreaberta, não vá o diabo tecê-las. Mas que você não perdeu os (maus) vícios, lá isso não perdeu. Porque isso de ver o Diabo em pessoa em qualquer crítico do comunismo e gritar aqui del-rei faz parte do arsenal das armas de arremesso dos recitadores do catecismo, que não sabem argumentar nem para defender a sua dama. O Redondo, vá lá, ainda acha o Visitante um D. Quixote, investindo contra moinhos de vento, e fica-se por aí. Agora você… que desgraça!
O Visitante esforçou-se a argumentar para demonstrar que a utopia comunista e o proletariado como sucessor da burguesia não passam de profecias idealistas em que se crê por mercê da fé; que a revolução comunista proletária não corresponde a qualquer necessidade histórica para resolver qualquer contradição existente na sociedade actual; que o comunismo que existiu não correspondeu a qualquer progresso social; etc., etc. Se você acha que a argumentação do Visitante está no domínio da fé, é seu dever demonstrá-lo, porque apenas afirmá-lo é de uma total desonestidade intelectual e fica mal a quem se julga ou tem pretensões de vir a ser um intelectual.
Um crítico do comunismo, um anti-comunista, não pode pretender melhorar o Mundo e ser um progressista? Era o que faltava! Esse é outro dos preconceitos dos comunistas, que julgando-se detentores da verdade pré estabelecida se arrogam a exclusividade do genuíno progressismo. Para os comunistas, progressistas são eles ou quem lhes apara os golpes; tudo o resto leva com o anátema do conservadorismo e não passa duma reles cambada de reaccionários. Acontece que o progressismo dos comunistas, fora o eventual desejo de alguns ingénuos bem intencionados, é um progressismo piedoso, mas muito pouco real e efectivo, como se viu em toda a trágica história do comunismo que existiu.
A sua tirada de que o Mundo pode ser melhorado através de um plano, se não fosse risível confirmaria que você permanece preso aos velhos sonhos e instrumentos do catecismo. Quando afirma que a “ revolução portuguesa com o seu rumo à vitória tinha um plano”, eventualmente quereria dizer que o PCP tinha um plano para a revolução portuguesa, o plano do Cunhal expresso em “O rumo à vitória”. Mas aquilo que vocês, os comunistas, chamam a revolução portuguesa, o golpe de estado militar de 25 de Abril, teve alguma coisa a ver com o plano do Cunhal? Só poderemos estar brincando.
Não foi uma contingência fortuita o aparecimento de um movimento reivindicativo de capitães do quadro; não foi o clima social reivindicativo e grevista nem a guerra colonial, juntamente com a formação e a actividade política do brilhante e injustamente esquecido Melo Antunes, assim como o empenhamento de muitos outros, que transformou esse movimento corporativo em movimento insurreccional; não foi a espontaneidade das massas populares, a partir do próprio dia, que deu um cunho mais progressista à nova situação; não, não foi nada disso: foi o plano do Cunhal, onde tudo isto estava previsto! Estaremos a ver bem este filme? E o mesmo se aplica à revolução russa.
Qual é o receio de que a contingência faça parte da história. A de que a vida contrarie as ideias pré concebidas, fuja ao plano previamente traçado e escape ao controlo que se deseja ter sobre ela? Acontece que a vida, incluindo a vida social, é mesmo assim, tem doses de contingência, a tal coisa não prevista a que se chama acaso e é afinal produto da intersecção de múltiplas séries causais.
Apesar das repetidas contrições e do vosso tão glosado slogan leninista “aprender, aprender sempre”, está visto que têm muito pouca disposição para aprender, principalmente quando aprender implica contra argumentar e aceitar os argumentos contrários quando não há como refutá-los. Contentam-se com os velhos chavões e são incapazes de largar os maus vícios! É fácil, é barato, só não dá é milhões!
Faça um esforço, leia e tente compreender. Informe-se dos textos dos seus clássicos e tente rebater. Ou será que não tem quaisquer hábitos de debate nem pretende vir a tê-los? É melhor um fórum de conversa fiada do que um fórum de discussão?
Entretanto, tenha calma, não lance escusados e estapafúrdios processos de (más) intenções.
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