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| Subject: SEXO EM DEMOCRACIA (3) | |
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Author: João Miranda (DN, 11.08.2007) |
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Date Posted: 12/08/07 9:57:08 In reply to: Rosa Redondo 's message, "Apoio à natalidade!!!!!" on 22/07/07 20:09:00 Gregory Clark, professor de Economia americano, estudou a fecundidade dos ingleses entre 1250 e 1800. Chegou à conclusão de que os ricos deixavam mais descendentes do que os pobres. Os dados analisados por Gregory Clark mostram ainda que os filhos dos ricos tinham uma taxa de alfabetização mais elevada. Gregory Clark está convencido de que a selecção dos ricos levou a uma alteração das características da população inglesa, que por sua vez levou à Revolução Industrial. O facto de os ricos terem mais filhos terá levado à selecção de pessoas com as características que permitem o enriquecimento ou a manutenção da riqueza numa sociedade agrária: a literacia, a não violência, os hábitos de trabalho e a preferência por poupar e investir. De acordo com Clark, em 1800, a sociedade inglesa era constituída pelos descendentes dos mais bem sucedidos nos séculos anteriores, os quais herdaram as características necessárias para atingir o sucesso. A Revolução Industrial terá resultado, portanto, da predominância dessas características em todos os sectores sociais. Clark defende que a História de Inglaterra desde a Idade Média à Revolução Industrial é dirigida pelos mecanismos impessoais da selecção biológica ou da selecção cultural. As características das pessoas economicamente bem sucedidas foram passadas aos seus filhos através da educação ou através dos genes. Por exemplo, se a tendência para actos violentos depender das características genéticas e não da aprendizagem, e se nas sociedades agrárias as pessoas violentas forem mal sucedidas, então os seus genes não passarão para as gerações futuras e as gerações futuras serão menos violentas. O mecanismo de evolução cultural é o mais plausível no caso da alfabetização. Em 1250, os ricos tinham níveis de alfabetização mais elevados que os pobres. É provável que as pessoas alfabetizadas façam questão que os seus filhos aprendam a ler e a escrever. Tendo em conta que os ricos tinham mais filhos que os pobres, ao fim de algumas gerações a capacidade de ler e escrever acabou por se espalhar pela maior parte da população. O trabalho de Clark demonstra a importância dos processos de selecção biológica e cultural. Estes processos não dependem de nenhum indivíduo em particular nem são controláveis pelo Estado. Simplesmente acontecem porque pessoas com determinadas características são mais bem sucedidas que as outras. Os que defendem que o Estado deve estimular a natalidade devem pensar duas vezes no que estão a propor. As políticas natalistas, por interferirem nos processos impessoais de selecção podem ter consequências imprevisíveis a longo prazo. Quem não souber quais são essas consequências não deve sequer pensar em propor tais políticas. [ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ] |