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Subject: O guru de Chávez


Author:
ABKNET
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Date Posted: 6/09/07 14:18:31

O cientista político alemão Heinz Dieterich começou sua vida política correndo da polícia nas ruas de Frankfurt.
Nos idos de 68, ao lado do hoje ministro alemão Joschka Fischer e no mesmo time de ninguém menos que o franco-alemão e ex-agitador-mor Daniel Cohn-Bendit, Dieterich erguia barricadas, desafiava a polícia e tirava o sono das ordeiras autoridades germânicas.
Enquanto seus companheiros "adaptaram-se" ao etablishement e tornaram-se dedicados políticos e até ministros de estado, Dieterich preferiu evoluir com seus estudos e seguir o caminho acadêmico, ao mesmo tempo que partia para o continente que então mais despertava as atenções do mundo: América Latina.

Discípulo de Adorno, Habermas e da vanguarda intelectual que sacudiu a Europa naqueles idos, Dieterich formou-se em Ciências Políticas seguindo depois para o México, em um programa de intercâmbio acadêmico. Ficou, aprofundou-se em seus estudos e tornou-se professor da Universidade Autônoma do México, ao mesmo tempo que, para não perder o lado prático, liderava iniciativas de apoio e solidariedade à Nicarágua, Cuba e Chile.


Hoje Heinz Dieterich é um dos mais respeitados teóricos da nova esquerda e o papa da "quarta via", o caminho político defendido por ele e principal foco de discussões da, após a queda do muro, ainda perdida intelectualidade mundial.
O cientista com queda para o lado prático, que tem sido alvo de calorosos debates da intelectualidade européia, possui pelo menos um seguidor que tem tirado o sono de alguns governantes do hemisfério norte: O venezuelano Hugo Chávez.


O vanguardismo político da América Latina está renascendo


Foi na prisão, em 1992, que Chávez teve o primeiro contato com Dieterich, ao ler seu livro sobre Simon Bolivar e Manuela Saenz. Pessoalmente os dois somente vieram a conhecer-se em 1998, após a vitória eleitoral de Chávez. A partir daí passou a se processar uma metamorfose ideológica no político venezuelano, até então mais um caudilho cheio de bravatas, que não incomodava além de seus próprios opositores locais. A amizade entre os dois tornou-se uma união ideológica que vai além dos encontros pessoais. Dieterich é o principal responsável pela simpatia que Chávez possui na Europa, principalmente na França e Alemanha. Uma simpatia cada vez mais necessária diante da crescente animosidade do governo de Bush.


Heinz Dieterich, que é o mais traduzido autor em Cuba e tem seus artigos publicados em muitos países do ocidente, considera que o caminho de uma política própria e independente de potências como os EUA seja o principal canal para que a América Latina consiga o desenvolvimento tanto econômico quanto político. Os povos latinoamericanos possuem, em sua tradição e história, a impetuosidade política que sempre preocupou o imperialismo e sempre foi sufocada à bala pelas potências dominantes.
Trata-se de uma guerra na surdina, que sempre foi vencida no plano político com tiros, golpes (miltares e correlatos), embargos e boicotes pelas forças dos interesses da dominação colonialista.
A América Latina somente unida e desprendida dos demais blocos, fechada em si na quarta via, fazendo-se respeitar e defendendo seus interesses monoliticamente, conseguirá prosperar socialmente.
Os princípios da libertação não mudaram através dos séculos, como não mudaram os problemas em si. O vanguardismo latinoamericano nasce em ciclos periódicos desde os tempos dos navios negreiros, da mesma forma que suas derrotas.

Bush non pasará e a revolução continua

É também atribuído a Dieterich o rompimento de Chávez, em 1999, com o neofascista argentino Noberto Ceresole, espécie de assessor especial do venezuelano, defensor de princípios de extrema-direita. Ceserole foi expulso sumariamente do país.


Ainda muito por trás do palco, por seu voluntário recatamento e concentrado em seus estudos, o cientista político alemão com coração latino passa a maior parte de seu tempo na capital mexicana em seu pequeno apartamento no campus da universidade.
Ele foi um dos primeiros que percebeu os passos do governo norte-americano na invasão do Iraque e, talvez por ter fidedígnas fontes de informação em estratégicos governos europeus, vem há muito alertando Chávez, seja pessoalmente, seja em seus artigos, sobre a tendência do governo Bush de interferir internamente na Venezuela. "A única forma de defender-se do militarismo ianque ou seus fantoches locais é, idem, militarmente", defende Dieterich. Ele prega o armamento popular para o caso de uma "guerra assimétrica" contra os EUA, como os exemplos do Iraque e Vietnã. Pelo menos nisso ele tem razão.

Talvez ele possua informações privilegiadas, talvez tenha em sua análise componentes de um cientista político formado sob a ótica do detalhismo alemão ou, como não-latino, perceba movimentos que fogem à percepção de quem está na roda. Para todos os efeitos, Dieterich não se deixa levar apenas pela teoria. A exemplo de seus ex-companheiros de lutas nas ruas de Frankfurt, ele não abandona a efetividade da militância. A diferença, segundo ele próprio, é que alguns, como o ministro do exterior alemão Fischer, mudaram de lado.
A revolução continua e ele não prescinde da forma mais moderna e prática de defendê-la: O site www.rebelion.org é o seu bastião para propagar sua coalizão pela América Latina: Non Pasarón, diz com seus botões. - Bush que se segure.

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Reflexão sobre o Socialismo no século 21António Bica 6/09/07 14:19:47


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