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Subject: CAMPANHA DE BRANQUEAMENTO


Author:
António Vilarigues
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Date Posted: 27/04/07 18:56:50

1. Há jornalistas, comentadores e analistas que redescobriram que o PCP se procurou opor ao desenvolvimento capitalista em Portugal durante a ditadura fascista. Há quase 40 anos fizeram-no pela extrema-esquerda. Hoje fazem-no a partir de posições ditas neoliberais.

A acreditar neles o PCP teria mesmo deixado de ser marxista! “A burguesia não pode existir sem revolucionar constantemente os instrumentos de produção e por consequência as relações de produção.”, diziam Marx e Engels no “Manifesto Comunista”. E em “O Capital” Marx acrescentava que para o capitalista “o aumento crescente do seu capital torna-se indispensável para a conservação desse mesmo capital”.

Os comunistas portugueses estudaram e analisaram duma forma profunda o processo de desenvolvimento do capitalismo em Portugal sob o regime de Salazar e Caetano. E concluíram que ele apresentava traços próprios e originais. Quer no contexto do capitalismo mundial, quer à luz do marxismo-leninismo.

Quais eram, resumidamente, esses traços? Em primeiro lugar, o facto de o capital financeiro se ter tornado omnipotente na economia portuguesa. E isto sem que, entretanto, se tivesse verificado um verdadeiro processo de industrialização. E sem que se tivesse vencido o atraso geral que colocava então Portugal no último lugar da escala europeia.

Tal só foi possível porque a política do governo fascista facilitou, pela imposição coerciva e pelo auxílio directo do Estado, o processo de formação, acumulação, centralização e concentração de capitais. E fê-lo a um ritmo mais acelerado que aquele quem teria sido ditado pelo simples curso das leis económicas num sistema de livre concorrência.

Daqui, e dada também a intervenção, como factores de atraso económico, do imperialismo estrangeiro e do colonialismo português, o constatar-se que o desenvolvimento das relações capitalistas de produção sob a ditadura fascista foi mais rápido que o desenvolvimento das forças produtivas.

Tudo isto está plasmado no Programa do PCP de 1965. E em numerosos documentos e estudos. Nomeadamente de Álvaro Cunhal. Só que, ontem como hoje, alguns críticos e teorizadores mostram-se incapazes de compreender estas características específicas do desenvolvimento do capitalismo nos 48 anos de fascismo.

2. Há também quem não resista à tentação de comparar os executantes da política fascista que oprimiu a nossa Pátria com aqueles que lhe resistiram. Em particular os comunistas. É um paralelo inqualificável. Equipara-se o resistente ao opressor. O torturador à sua vítima. O carcereiro ao preso. O homicida ao assassinado.

Que analogia pode ser feita entre (por ordem cronológica de 1931 a 1974) Armando Ramos, Aurélio Dias, Américo Gomes, Manuel Vieira Tomé, Júlio Pinto, Ferreira de Abreu, Manuel Pestana Garcez, José Lopes, Manuel Salgueiro Valente, Augusto Almeida Martins, António Mano Fernandes, Rui Ricardo da Silva, Francisco Esteves, Américo Lourenço Nunes, Francisco dos Reis Gomes, Francisco Ferreira Marques, Germano Vidigal, Joaquim Correia, José Patuleia, António Lopes de Almeida, Militão Bessa Ribeiro, José Moreira, Venceslau Ferreira, Gervásio da Costa, Joaquim Lemos Oliveira, Manuel da Silva Júnior, Raul Alves, Manuel Agostinho Góis, Luís António Firmino, Herculano Augusto, Daniel Teixeira, todos mortos à pancada ou em consequência das torturas durante os “interrogatórios” e os agentes da PIDE que os assassinaram?

Que comparação entre Branco, Alfredo Ruas, Carlos Ferreira Soares, Rosa Morgado e os seus filhos, António, Júlio e Constantina, Alfredo Dinis, Alfredo Dias Lima, Catarina Eufémia, José Centeio, José Adelino dos Santos, Cândido Martins Capilé, José Dias Coelho, António Graciano Adângio, Francisco Madeira, Estêvão Giro, Agostinho Fineza, Francisco Brito, David Almeida Reis, General Humberto Delgado e a sua secretária Arajaryr Campos, José Ribeiro Santos, Fernando Carvalho Gesteira, José James Barneto, Fernando Barreiros dos Reis e José Guilherme Rego Arruda todos assassinados a tiro (os quatro últimos no próprio dia 25 de Abril de 1974) e os homicidas que puxaram pelo gatilho?

Que paralelo entre Augusto Costa, Rafael Tobias Pinto da Silva, Francisco Domingues Quintas, Francisco Manuel Pereira, Pedro Matos Filipe, de Almada, Cândido Alves Barja, Abílio Augusto Belchior, Arnaldo Simões Januário, Alfredo Caldeira, Fernando Alcobia, Jaime Fonseca de Sousa, Albino Coelho, Mário Castelhano, Jacinto Faria Vilaça, Casimiro Ferreira, Albino de Carvalho, António Guedes Oliveira e Silva, Ernesto José Ribeiro, José Lopes Dinis, Henrique Domingues Fernandes, Bento António Gonçalves, secretário-geral do P. C. P., Damásio Martins Pereira, António de Jesus Branco, Paulo José Dias, Joaquim Montes, José Manuel Alves dos Reis, Francisco do Nascimento Gomes, Edmundo Gonçalves, Manuel Augusto da Costa, Artur de Oliveira, Joaquim Marreiros, mortos no Campo de Concentração do Tarrafal, vítimas das febres e dos maus-tratos e os seus carcereiros?

E muitos e muitos outros (ver detalhes http://salazarices.blogs.sapo.pt/).

Operários, camponeses, estudantes, intelectuais, militares. De várias orientações políticas e ideológicas. Membros do PCP na sua maioria (é justo e correcto dizê-lo). Que deram a sua vida para que houvesse liberdade e democracia em Portugal.

E não citamos os muitos milhares de presos políticos, alguns com mais de 20 anos de prisão. Os clandestinos e exilados. As dezenas de milhar de desertores e refractários durante a guerra colonial. Os mais de 10 mil mortos e 25 mil deficientes vítimas da aventura africana de Salazar e Caetano. Haja Memória!

Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação



2007-04-15
António Vilarigues

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Subject Author Date
Re: CAMPANHA DE BRANQUEAMENTO$$28/04/07 12:34:50


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