Tradi��o e Modernidade -- LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPOR�NEA

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Date Posted: 10:39:01 06/21/07 Thu
Author: Sandra Luiza
Subject: Tradi��o e Modernidade

"A Cartomante" e "A Dama do Lota��o"

A trama do conto "A Cartomante" de Machado de Assis, gira em torno dos quatro principais personagens: Vilela, Camilo, Rita e a Cartomante, todavia, existem outros personagens que n�o participam diretamente da trama, por�m, suas participa��es s�o determinantes no enredo da hist�ria, como a m�e de Camilo.
O enredo se desenvolve na casa do casal Vilela e Rita e tamb�m, na casa de encontro dos amantes.
A hist�ria narrada em terceira pessoa, marca a presen�a onisciente do autor que descreve os fatos. Fazendo uso de uma voz onisciente para dinamizar o relato da hist�ria acentuando os momentos dram�ticos do texto e conflitos internos dos personagens.
O conto apresenta como caracter�sticas tradicionais uma linguagem culta, localiza��o precisa do ambiente, a busca da verossimilhan�a, objetividade das descri��es e an�lise dos personagens.
O conto "A Dama do Lota��o" de Nelson Rodrigues � uma trama que se desenvolve em um ambiente urbano, tendo como principais personagens: Carlinhos o marido tra�do, Solange a esposa infiel, Assun��o o amigo de inf�ncia dos dois e o pai de Carlinhos.
O espa�o onde tudo acontece � o lota��o e a casa do casal, onde surge a primeira suspeita do marido.
Nelson Rodrigues como um autor contempor�neo tem uma narrativa pr�pria, criador de uma prosa singular e inconfund�vel com temas universais que revela as faces mais obscura do ser humano.
Nelson criou hist�rias curtas sempre com come�o, meio e fim, mas que mantinha o final supreendente pr�prio do conto. � justamente essa caracter�stica que valeu a Nelson Rodrigues a fama de deva�o.
A escrita do autor � genial, n�o apenas porque choca o leitor, mas porque consegue tal resultado falando de coisas absolutamente simples, capazes de desestabilizar, nas mesmas propor��es, gente das mais diferentes classes.
As obras acima citadas falam do mesmo tema "o adult�rio" todavia a obra de Machado de Assis tem uma linguagem culta com frases curtas e bem constru�das, vocabul�rio muito rico e seus tipos s�o inesquec�veis e verdadeiros. Enquanto que a obra de Nelson Rodrigues apresenta uma linguagem popular, com g�rias e palavr�es.
As duas obras descrevem fam�lias de classe m�dia. As tramas se desenvolvem em fun��o da infidelidade feminina e do forte desejo das protagonistas por homens que n�o eram seus maridos.
Como o adult�rio era e ainda � uma quest�o social e n�o somente �ntima, havia o medo de que a infidelidade feminina manchasse a imagem dos maridos e das fam�lias.
Tanto um autor como o outro, mostram a mulher como a culpada de tudo, como Rita comparada � imagem de uma serpente: toda perf�dia, toda veneno, envolvendo a fraqueza de Camilo "Camilo quis sinceramente fugir, mas j� n�o p�de".
Os autores mostram a outra face das mulheres de fam�lia que para o marido e a sociedade eram belas, fr�geis e tinham a virtude e a honestidade como alguns de seus principais atributos, inspirando a maior confian�a, como no caso da dama do lota��o que at� o sogro poderia p�r a m�o no fogo pela nora. Enganavam, no entanto, o marido e os demais membros da fam�lia, elas n�o eram o que pareciam ser.
Em ambos os contos um tri�ngulo amoroso entre amigos de inf�ncia e muito �ntimos da casa dos casais. Por�m, a dama do lota��o desejava todos os tipos de homens.
Os dois contos jogam com o conceito de "mulheres de fam�lia" e sua pressuposta seriedade, insinuando que todas as mulheres seriam vulner�veis e poderiam sentir desejo por outros homens.
Os dois autores desvalorizam as mulheres e colocam os maridos tra�dos em posi��o de v�tima.
Em Machado de Assis, o humor tem fun��o cr�tica e torna-se muitas vezes pessimista, amargo e cruel. Ora provocando o riso, ora o misto de riso e piedade, conduzindo o leitor a uma reflex�o sobre a condi��o humana. E Nelson Rodrigues � pol�mico, dono de um humor amargo e ferino, mostrando o lado sujo das pessoas, muitas vezes em detrimento ao lado mais agrad�vel, por isso era chamado por ele mesmo de anjo pornogr�fico.

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