VoyForums
[ Show ]
Support VoyForums
[ Shrink ]
VoyForums Announcement: Programming and providing support for this service has been a labor of love since 1997. We are one of the few services online who values our users' privacy, and have never sold your information. We have even fought hard to defend your privacy in legal cases; however, we've done it with almost no financial support -- paying out of pocket to continue providing the service. Due to the issues imposed on us by advertisers, we also stopped hosting most ads on the forums many years ago. We hope you appreciate our efforts.

Show your support by donating any amount. (Note: We are still technically a for-profit company, so your contribution is not tax-deductible.) PayPal Acct: Feedback:

Donate to VoyForums (PayPal):

Login ] [ Contact Forum Admin ] [ Main index ] [ Post a new message ] [ Search | Check update time | Archives: 1234567[8] ]
Subject: O dólar do tamanho de um selo postal


Author:
Mike Whitney
[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]
Date Posted: 29/11/07 11:29:48


O encolhimento do dólar. Ultimamente parece que toda a gente quer dar um pontapé no dólar. Na semana passada, foi a super-modelo brasileira que exigiu euros para as suas voltinhas na passarela, ao invés de US dólares. Na semana anterior, Jay-Z, aquele empresário de hip-hop, divulgou um vídeo denegrindo o dólar e louvando o euro como o melhor sujeito na 'floresta'.

Bater na nota verde tornou-se moda. Também já é o passatempo favorito de políticos. Em Novembro, da reunião da OPEP em Riyadh, o presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, pediu aos ministros das Finanças reunidos para "estudarem a factibilidade de vender petróleo em uma outra divisa". Ahmadinejad rebaixou o dólar a "um pedaço de papel sem valor".

O fogoso presidente venezuelano, Hugo Chavez, seguiu Ahmadinejad ao prever que o enterro do dólar significaria o "fim do Império".

Chavez pode ter alguma razão. O dólar é o calcanhar de Aquiles da América; se o dólar afunda, assim acontecerá com o império. Isto significa que o contribuinte terá de pagar a conta das sangrentas intervenções de Bush no Iraque e no Afeganistão, e não os chineses. Isto também significa que os EUA terão de exportar alguma coisa de maior valor do que bombas Daisy Cutter e prisões. Isto poderia ser uma encomenda excessiva agora que Bush despachou as fábricas, esvaziou a base industrial e exportou três milhões de empregos na manufactura. Teremos de lixar a ferrugem da maquinaria e obtê-la de volta a fim de fazermos negócios como acontecia antes do fracasso do Livre Comércio.

Bancos centrais em todo o mundo estão a tentar imaginar como descartar as suas reservas de dólares sem disparar um estouro para as saídas. Ninguém quer ver isso. Mas, tão pouco, ninguém quer ser enganado com os baús cheios do confeti verde do Tio Sam. Assim, coloca-se a questão: Qual é o melhor caminho para alguém se livrar de US$5,6 milhões de milhões (total dos dólares americanos mantidos além mar) antes de o navio afundar?

O Kuwait, Venezuela, Irão, Rússia, e Noruega já optaram por ignorar os efeitos desestabilizadores da "conversão" do dólares e estão em diversas etapas de liquidação. Outros países os seguirão. Os EAU, o Bahrain, Qatar, Oman e Arábia Saudita estão a considerar uma comutação da ligação ao dólar para um cabaz de divisas de modo a que possam precaver-se contra a inflação que assola as suas economias. É apenas uma questão de tempo antes de o Sistema Petrodólar – que liga o dólar a vendas de petróleo e cria de facto uma "divisa internacional" – ser completamente dissolvido, precipitando o colapso final de Bretton Woods.

A conversa acerca do iminente desastre da divisa da América já não está relegada à esfera da Internet. Jornalistas dos media principais juntaram-se ao coro e estão a levantar as suas próprias bandeiras vermelhas. O editor de economia do Telegraph britânico, Liam Halligan, fez esta sombria observação no seu recente artigo "Bet Your Bottom Dollar Tensions Will Follow":

"A importância do 'desinvestimento no dólar' não pode ser exagerada. No mínimo isto significa que a nota verde ainda tem muito a cair – mergulhando os EUA na recessão. Mas isto coloca uma questão maior e mais alarmante: Como reagirá Washington ao fim da hemegonia americana?"

O dólar foi barbarizado pelas políticas monetárias do Federal Reserve. As políticas do Fed foram concebidas a fim de coincidir com a Cruzada do Médio Oriente de Bush. Elas eram supostas trabalhar como duas rodas no mesmo eixo. A administração acreditava que, em 2007, os militares precisariam apenas cerca de 30 mil tropas para manter a segurança no Iraque. Aquilo daria às legiões de Bush a oportunidade de virar-se para leste e avançarem para o próximo Estado-alvo, o Irão. Se as coisas corressem de acordo com o plano – e ninguém pensou que a máquina de guerra de alta tecnologia dos EUA pudesse ser travada – os EUA controlariam dois terços do petróleo mundial. Isto permitiria à América continuar a emitir cheques carecas em papel verde durante o próximo século.

Mas então, claro, o plano chocou-se com um obstáculo. A resistência iraquiana cresceu com tremenda rapidez, os EUA ficaram atolados numa guerra "invencível", e o outrora poderoso dólar murchou de valor. Agora estamos num ponto de viragem e os nossos líderes estão num estado de negação. Bush ainda está a brincar de Teddy Roosevelt, ao passo que Paulson e Bernanke estão simplesmente em estado de choque. Eles provavelmente sabem que o jogo está acabado. Como o dólar continua a murchar, a frustração começa a subir na Europa. Liam Halligan resume-a assim:

"A Europa já tem o quanto baste no que se refere à 'displicência benevolente' da América em relação à política do dólar. Como grande área económica, com taxa de câmbio flutuante, a eurozona sofre mais. Ao longo dos últimos sete anos, a divisa única ascendeu uns chocantes 82 por cento em relação à nota verde. Isso martelou as exportações da eurozona – provocando sérias disputas comerciais entre a UE e os EUA, os dois maiores blocos comerciais do mundo. Não é de admirar que o presidente francês Nicolas Sarkozy descreva o dólar em queda da América como "um precursor da guerra económica". ( UK Telegraph, "Bet Your Bottom Dollar tensions Will Follow")

Sarkozy está a liderar o movimento pela "intervenção", a palavra-chave para escorar a nota verde através de controles cambiais e compras de milhares de milhões de dólares. Mas é um negócio arriscado, especialmente quando os capitais líquidos que entram – os quais são as compras mensais de títulos e bilhetes do Tesouro dos EUA – têm sido negativos nos últimos dois meses. Isto significa que os EUA não estão a atrair bastante investimento estrangeiro para financiar o seu défice comercial. Assim, o dólar terá de cair para compensar.

Assim, quanto dinheiro Sarkozy está disposto a avançar para impedir o dólar de desmoronar-se ainda mais — US$100 mil milhões, US$500 mil milhões, US$1000 mil milhões? E onde está a base?

O facto é que a nota verde deu um tombo escada abaixo e quando se reerguer poderá estar par a par com o peso. Quem sabe? Será que é tempo de todos nós aprendermos espanhol?

Mais de dois terços de todos os haveres de divisas estrangeiras soberanas são denominados em dólar. Quando aqueles dólares forem convertidos outra vez em divisas estrangeiras e começarem a reciclar dentro dos EUA, estaremos em profunda perturbação. A inflação levantará voo. Certamente o Fed deve ter sabido que este dia chegaria quando começou a bombear milhões de milhões de dólares nas hipotecas subprime e nos complexos instrumentos de dívida que não serviam para qualquer finalidade senão engordar os fundos de banqueiros predadores e administradores de hedge-funds. O Fed também sabia que a riqueza da nação não estava a ser "eficientemente distribuída" por melhorias capitais em fábricas, tecnologia ou indústria. Ah, não. Isso teria assegurado que a América permaneceria competitiva no mercado global do novo século. Ao invés disso, o dinheiro foi despejado às pazadas no sumidouro abissal das casas de estuque com telhados em juros compostos e tóxicos incumprimentos de crédito.

O mercado de acções perdeu ontem outros 237 pontos, o terceiro deslizamento de mais de 200 numa semana. Agora todos os três índices estão a baixar mais de 10% desde a sua altura récord de 9 de Outubro. Isto significa que o Fed terá de cortar taxas outra vez aquando da sua reunião de 11 de Dezembro a fim de fornecer a cocaína da baixa de taxa de juros em mais quantidade à classe dos investidores. Os correctores vêm uma probabilidade de 82% de que Bernanke virá a cortar a taxa do Fundo Fed em outro quarto de ponto, para 4,25%. Tudo isto provavelmente fará com que o dólar seja colocado em queda livre e enviará os preços dos alimentos, do petróleo e do ouro para a lua. Não liquidará os pagamentos atrasados das hipotecas e não removerá o milhares de milhões de dólares de dívidas dos balanços dos bancos. É inútil. Os EUA caminham para uma "aterragem drástica" e ao arrastamento do resto do mundo atrás de si.

Lawrence Summers, professor de Ciências Económicas de Harvard, apresentou ontem esta sóbria advertência no artigo "Wake up to the dangers of a deepening crisis" publicado no Financial Times:

"Três meses atrás era razoável esperar que a crise do crédito subprime seria um evento financeiramente significante mas não algo que ameaçasse o padrão global do crescimento económico. Isto ainda é um resultado possível mas já não é mais a probabilidade preponderante. Mesmo se mudanças necessárias na política forem implementadas, as probabilidades agora favorecem uma recessão americana que reduziria significativamente o crescimento no âmbito global. Sem respostas políticas mais fortes do que as que têm sido observadas até à data há, além disso, o risco de que impactos adversos venham a ser sentidos durante o resto da década e mais além. Varias correntes de dados indicam a medida em que a situação é mais séria do que estava claro uns poucos meses atrás".

Summers não é o rapaz mais inteligente do quarteirão. Se fosse não teria dito que os homens são mais inteligentes do que as mulheres e ainda seria presidente de Harvard. Mas é um economista capaz e pode farejar o desastre quando a correria da fuga já está na esquina.
27/Novembro/2007
[*] fergiewhitney@msn.com

O original encontra-se em http://www.counterpunch.org/whitney11272007.html

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

[ Next Thread | Previous Thread | Next Message | Previous Message ]


Post a message:
This forum requires an account to post.
[ Create Account ]
[ Login ]
[ Contact Forum Admin ]


Forum timezone: GMT+0
VF Version: 3.00b, ConfDB:
Before posting please read our privacy policy.
VoyForums(tm) is a Free Service from Voyager Info-Systems.
Copyright © 1998-2019 Voyager Info-Systems. All Rights Reserved.