Author:
Jorge Nascimento Fernandes
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Date Posted: 00:11:48 08/18/02 Sun
In reply to:
Fernando Redondo
's message, "Não confundir alhos com bugalhos" on 21:41:14 08/17/02 Sat
A Especificidade da Política
Caro Fernando, ainda não é desta que te respondo desenvolvidamente à tua proposta sobre o modo de produção que denominaste digitalismo. É um tema que precisa de alguma reflexão e ainda não li, com a mesma atenção com que o fiz em relação às discussões travadas entre o PF e GV, os diversos pontos de vista em torno do teu texto. É que a discussão daqueles dois intervenientes sobre o assunto mais geral das classes sociais no capitalismo da fase do digitalismo, que me parece ser um conceito mais viável do que o teu modo de produção novo, chamou-me mais a atenção.
Mas passemos ao que nos interessa, não pensas com certeza que aquilo que eu me estava a referir era deixarmos de discutir "os grandes ciclos", como tu referiste, para passarmos a tratar da política caseira. Aquilo a que eu me referia era à necessidade de novas formulações relativamente ao instrumento político indispensável à transformação social, ou seja, será necessário um partido político como o PCP para essa transformação? Como poderemos ganhar as massas? De que modo intervém os assalariados e qual o conceito de classe operária, um conceito amplo ou restrito? Como poderá ela desempenhar um papel hegemónico na sociedade? Será possível coexistir ilhas socialistas no sei do capitalismo? Que alianças sociais empreender, que forças sociais podemos mobilizar?
Tudo isto tem depois a sua aplicação concreta à realidade portuguesa. É possível estabelecer alianças com o Partido Socialista? Poder-se-á criar um bloco histórico em Portugal que empreenda a mudança? Qual a estrutura das classes em Portugal que nos possam permitir estabelecer alianças sociais? Será a classe operária, e depende do modo como a definirmos, uma classe de vanguarda em Portugal?
São alguns destes temas que poderão ser discutidos. É por isso que eu falo de uma certa especificidade do político em relação ao económico, não podemos explicar toda a acção política unicamente como o resultado do desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção. Por isso o meu apelo a que estes temas fossem igualmente discutidos, tendo sempre em vista a sua aplicação à realidade portuguesa.
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