Subject: A esquerda morreu |
Author:
luis blanch
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Date Posted: 10:46:21 08/30/02 Fri
In reply to:
Paulo de Almeida Sande
's message, "A Esquerda Morreu (DN)" on 01:54:53 08/30/02 Fri
Claro que está em curso uma campanha para liquidar a esquerda.Pergunto: qual esquerda? e pergunto isso porque muitos de nós sabemos qual é a esquerda a que esses senhores se referem;não é por certo a esquerda do snr Mário Soares que os preocupa..e se não é essa esquerda ,pois ainda bem ,porque então é porque existe uma esquerda,a esquerda,que quer,não com providências nem com bancos contra a fome levar por deante acções e propostas que constuirão verdadeiras alternativas ao status quo capitalista e a caminho do neoliberalismo,pese as conspirações e as atoardas que se desenvolvem contra quantos mantêm,dentro ou fora de um quadro organizativo um posicionamento de firmeza e não abdicação ,salvaguardando o que é essencial e unitário na sua actividade quotidiana:Porquê pretenderem cavalgar as dissenções internas do PCP se,como afirmam,o definhamento é inexorável?Houve-se falar num processo de liquidação com mudança de ramo(A quem é que serve esta carapuça?)O socialismo como muitos de nós o entendemos ainda mete medo porque existe..."YO non acredito en brujas pero que ellas existen,existen..."
>
>A silly season portuguesa foi preenchida por um debate
>polifónico sobre a esquerda.
>
>Conclusão evidente: ela morreu.
>
>Já não existe. Foi a enterrar.
>
>Será possível ressuscitá-la? Possível é, como nos
>milagres. Mas é difícil.
>
>Paradoxalmente, depende da sua capacidade para se pôr
>efectivamente em causa.
>
>Uma história do além? Não, uma história de pecados e
>erros grosseiros.
>
>Os pecados da esquerda
>
>
>
>1. O primeiro, talvez o pecado capital de toda a
>esquerda, foi ter cedido à tentação da "revolução".
>Como Mário Soares explica, "ser de esquerda, no começo
>do século XX, era acreditar na possibilidade de
>transformar o mundo para melhor (...) através da
>revolução". Era e, em muitos casos, continua a ser.
>
>2. É certo que o socialismo, na sua versão
>democrática, não preconiza a via revolucionária. Mas
>foi sempre seduzido pelo historicismo marxista - a
>inevitável transformação da sociedade capitalista numa
>sociedade nova. Nesse mundo novo sem exploração
>acabarão os antagonismos e a esquerda triunfará.
>
>3. Se o preço a pagar for uma revolução - que seja. Os
>socialistas estarão do lado bom da História. A verdade
>é que o socialismo nunca resistiu à sedução das ideias
>e processos comunistas: e o debate histórico entre
>ambos não impediu que nos momentos de mudança
>estivessem quase sempre lado a lado (até ser tarde de
>mais).
>
>4. Daqui resulta uma grande confusão entre comunismo e
>socialismo.
>
>5. O comunismo é uma corrente de pensamento com raízes
>históricas milenares e uma natureza ética clara: a
>propriedade privada como mal absoluto; o perigo moral
>da acumulação individual de riqueza; o igualitarismo,
>a garantir a protecção dos fracos.
>
>6. O socialismo democrático, ao contrário, é um
>produto intelectual do iluminismo. Surge em resposta
>às condições concretas decorrentes das revoluções
>políticas e industriais dos últimos séculos. Aceita o
>jogo democrático como o elevador que leva ao poder.
>Teoriza a difícil conciliação entre coordenação
>económica e igualitarismo, em democracia.
>
>7. Comunismo e socialismo democrático são
>inconciliáveis - mas a esquerda continua a não dar por
>isso.
>
>Diferentes, mas iguais
>
>
>
>Agora que se calou a esquerda das utopias e dos
>"amanhãs que cantam", a esquerda democrática chora
>essa orfandade: nas declarações dos seus mentores
>assoma a nostalgia das grandes frases e das certezas
>revolucionárias.
>
>Assim, Louçã a afirmar que "a liberdade dos capitais é
>o poder dos ricos e a exploração dos pobres" ou Ruben
>de Carvalho lamentando a ausência de modelos
>socialistas que possibilitem a acção.
>
>O socialismo democrático, sejamos francos, sofre de um
>tremendo complexo de esquerda.
>
>Ressurreição
>
>
>
>A esquerda deve renunciar de vez à busca da salvação
>numa outra forma de sociedade, da qual estariam
>excluídos, num todo, a direita, o capitalismo, o
>neoliberalismo e "esta" globalização (como se houvesse
>outra). Só assim pode trazer à acção pública os seus
>recursos morais, no respeito do Estado de direito, que
>exclui o determinismo histórico.
>
>Para se ressuscitar, a esquerda tem de abandonar a
>quinquilharia revolucionária. Se não o conseguir,
>paciência, haverá sempre alguma coisa chamada
>"esquerda".
>
>Nas palavras magoadas de Alfredo Barroso: os canhotos
>também têm direito à vida. Aprovado!
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